terça-feira, 25 de fevereiro de 2025

Feche algumas portas. Não por orgulho ou arrogância, mas porque elas não te levam a lugar algum.

 

     Léo estava largado no banco do parque, fones de ouvido no máximo, mas sem ouvir nada de verdade. O olhar perdido no horizonte entregava que a cabeça dele estava longe dali. Mari, sua amiga, sentou-se ao lado dele e cutucou seu braço.

     — Ei, Léo, você já reparou como a gente insiste em ficar batendo em portas que não abrem?
     — Como assim, Mari? Tá falando de quê?
     — Tipo, aquelas coisas que a gente teima em segurar, sabe? Um sonho que não rola, um rolé que não dá certo, uma amizade que só pesa.

     — Hmm, acho que sim. Mas não é meio triste largar isso tudo?
     — No começo, sim. Eu mesma já chorei por portas que fechei. Mas olha, Léo, tem uma diferença entre desistir e escolher seguir em frente.
     — Tá, mas e se eu fechar a porta errada? E se eu me arrepender?
     — Essa é a questão! Às vezes, a gente fica com medo de largar o que já conhece, mesmo que seja um beco sem saída.
     — Você já passou por isso, né? Conta aí.
     — Claro! Teve um tempo que eu insistia num curso que eu odiava. Achava que era “o certo”, sabe?
     — E o que você fez?
     — Fechei a porta. Tranquei, joguei a chave fora e fui atrás de algo que fazia meu olho brilhar.
     — Caramba, Mari, isso exige coragem!
     — Nem te conto! Mas sabe o que aprendi? Fechar portas não é sobre orgulho, tipo “ah, eu não preciso disso”.
     — Então é sobre o quê?
     — É sobre entender que algumas coisas simplesmente não te levam pra onde você quer chegar.
     — Tipo um GPS que recalcula a rota?
     — Exatamente! Às vezes, a gente tá tão focado numa rua que nem vê que existe um caminho mais legal logo ali.
     — Mas e se eu não souber qual porta fechar?
     — Começa pelo que te deixa pesado, Léo. O que te suga a energia?
     — Humm… Acho que tem uma amizade que tá mais pra âncora do que pra asa, sabe?
     — Então, já pensou em dar um passo pra trás? Não precisa brigar, só deixar ir.
     — Parece fácil falando assim.
     — Não é fácil, não. Mas é libertador. Eu já deixei de lado uns projetos que pareciam incríveis, mas só me travavam.
     — E como você decidiu?
     — Perguntei pra mim mesma: “Isso me leva pra algum lugar que eu quero estar?” Se a resposta for não, tchau.
     — Mari, você é tipo um ninja das decisões!
     — Haha, quem dera! Eu só cansei de carregar portas quebradas nas costas.
     — Sabe, eu fico pensando… E se eu fechar uma porta e depois descobrir que era a certa?
     — Léo, portas importantes voltam. As que valem a pena sempre acham um jeito de bater de novo.
     — Sério? Você acredita nisso?
     — Acredito. Mas enquanto elas não voltam, a gente tem que abrir espaço pra coisas novas.
     — Tipo o quê?
     — Tipo um hobby que você sempre quis tentar, ou uma viagem que vive adiando.
     — Tá, mas e se eu me sentir perdido sem essas portas?
     — Normal. Eu já me senti assim. Mas o perdido de hoje pode ser o livre de amanhã.
     — Você fala como se fosse poesia, Mari.
     — Haha, é só o jeito que eu vejo as coisas. Fechar portas é meio que podar uma planta, sabe?
     — Pra ela crescer mais forte?
     — Isso! Corta o que não presta e deixa o resto florescer.
     — Então, eu devo fechar quantas portas?
     — Quantas você aguentar, Léo. Mas vai com calma, uma de cada vez.
     — E se eu travar no meio do caminho?
     — Me chama! A gente senta, toma um café e decide juntos qual porta trancar depois.
     — Combinado. Mas, Mari, você já abriu alguma porta nova depois disso tudo?
     — Já, sim. E olha, o vento que entra por elas é bem mais leve.
     — Acho que vou começar hoje. Qual porta você acha que eu devo fechar primeiro?
     — Só você sabe, Léo. Mas se precisar de um empurrãozinho, eu te ajudo a empurrar.
     — Valeu, Mari. Acho que já sei por onde começar.
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     Sabe, esse papo entre o Léo e a Mari é mais do que uma conversa entre amigos – é um convite pra você olhar pras suas próprias portas. Todos nós temos aquelas coisas que seguramos com força, mesmo quando elas não nos levam a lugar nenhum. Pode ser um medo, uma dúvida ou até uma rotina que já perdeu o sentido. Fechar essas portas não é sobre ser durão ou arrogante; é sobre se dar a chance de respirar fundo e caminhar pra frente.
      A ideia aqui é simples: nem tudo que tá na nossa vida merece ficar. Às vezes, a gente insiste num caminho só porque ele tá ali, familiar, mesmo que seja uma estrada sem fim. Mas quando você fecha uma porta que não funciona, abre espaço pra descobrir o que realmente importa – um sonho novo, uma amizade que te ergue ou até um “eu” que você ainda não conhece direito.
     Então, pega leve consigo mesmo, tá? Não precisa trancar tudo de uma vez. Começa aos poucos, como o Léo, e deixa a Mari te lembrar: as portas certas voltam, mas as erradas? Essas a gente deixa ir pra poder voar mais alto. Que tal dar esse primeiro passo hoje?

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