Era fim de tarde, e
Rafaela e Lucas estavam sentados no terraço do prédio onde moravam, observando
a cidade ganhar vida com as luzes que começavam a piscar aqui e ali. O vento
leve bagunçava os cabelos dos dois enquanto jogavam conversa fora, como sempre
faziam depois de um dia cheio. Rafaela, pensativa, olhava para o horizonte, e
foi aí que soltou a pergunta que deixou Lucas intrigado:
—
Lucas, se você pudesse pedir qualquer coisa agora e tivesse certeza de que
ouviria um “sim”, o que pediria?
Lucas,
sem pensar muito, respondeu:
—
Fácil. Um milhão de reais.
Ela
deu uma risada curta e provocou:
—
Nossa, tão criativo... Por que todo mundo sempre escolhe dinheiro?
— Porque dinheiro resolve tudo, ué. E você? O que pediria? — devolveu ele.
Rafaela
fez uma pausa, pensativa, e disse:
—
Eu pediria coragem.
Lucas
arqueou as sobrancelhas, curioso:
—
Coragem? Pra quê?
—
Pra fazer tudo o que eu sempre quis, mas nunca tive coragem de tentar. Sabe
aquelas ideias que a gente guarda no fundo da gaveta porque acha que vai dar
errado? — explicou ela.
Ele
refletiu por um instante e depois comentou:
—
Tá, mas se você já sabe que a resposta seria “sim”, pra que pedir coragem?
—
Porque, Lucas, o “sim” sozinho não resolve a bagunça que tá aqui dentro. Às
vezes, a gente até tem a oportunidade, mas trava por insegurança.
Lucas
ficou em silêncio por um tempo e então arriscou:
— Pensando por esse lado, talvez eu pedisse confiança, sabe? Aquela sensação de que você pode conquistar
qualquer coisa.
Rafaela
sorriu, como quem já esperava por essa resposta:
—
Exatamente. Mas olha que engraçado: coragem, confiança, tudo isso já tá dentro
da gente. A gente só fica esperando permissão pra usar.
Ele
franziu a testa, pensativo:
—
Tá me dizendo que eu sou covarde?
—
Claro que não! — respondeu Rafaela, rindo. — Só tô dizendo que a gente sempre
pede o óbvio, tipo dinheiro ou sucesso. Mas, no fundo, o que importa é ter o
que precisa pra lidar com isso tudo.
Lucas
parecia começar a entender. Ele murmurou:
—
Então, se eu pedir coragem ou confiança, é tipo um lembrete de que eu posso
fazer as coisas acontecerem?
Rafaela
concordou com a cabeça:
—
Isso mesmo. Não é o universo que precisa dizer “sim” pra você, Lucas. É você
mesmo.
Ele
se encostou na cadeira, olhando para o teto. Depois, perguntou:
—
E você? O que faria se tivesse toda a coragem do mundo?
—
Fácil. Viajaria sozinha, começaria aquele projeto que eu sempre falo e,
principalmente, pararia de me importar tanto com o que os outros pensam.
Lucas
suspirou, impressionado:
—
Você fala como se fosse simples.
—
E é, Lucas. Só que a gente complica. O que falta, na maioria das vezes, não é
um “sim” mágico. É a gente parar de se sabotar.
Ele
se inclinou para frente, como se tivesse acabado de descobrir algo importante:
—
Então... Se eu pudesse pedir qualquer coisa, acho que pediria pra acreditar
mais em mim.
Rafaela
sorriu com ternura:
—
Esse é o melhor pedido que você poderia fazer. E sabe o que é mais incrível?
Você não precisa esperar por um “sim” do universo pra começar.
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Essa
conversa entre Rafaela e Lucas vai muito além de uma simples reflexão. Ela nos
desafia a encarar uma verdade desconfortável: muitas vezes, não é o mundo que
nos diz "não", somos nós mesmos que duvidamos do nosso potencial. É
fácil apontar para o que falta lá fora, mas difícil aceitar que, às vezes, o
que falta está aqui dentro.
O
que o diálogo representa é a importância de olhar para nossas inseguranças e
reconhecer que o primeiro passo para qualquer conquista é acreditar em nós
mesmos. Coragem, confiança, determinação... Essas são as ferramentas que nos
ajudam a abrir as portas da vida. E sabe o mais curioso? Já nascemos com elas.
Só que, por medo de errar ou de não sermos suficientes, acabamos deixando essas
ferramentas enferrujarem.
Então,
antes de esperar um “sim” mágico do universo, que tal você começar dizendo
"sim" para suas ideias, para suas vontades e para o que faz seu
coração vibrar? A resposta que tanto buscamos lá fora muitas vezes está dentro
de nós, esperando que a gente tome a decisão de agir. O mundo está cheio de
oportunidades, mas elas só fazem sentido quando estamos prontos para
abraçá-las.
E você, qual seria seu pedido?
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