O
Sol, naquela tarde de domingo, estava mais quente do que o habitual. Beto foi
até a casa de Bia, aceitando o convite da amiga para nadar na piscina e
colocarem o papo em dia.
—
Cara, tô perdidão! — disse Beto, sentando-se na espreguiçadeira ao lado de sua
melhor amiga.
—
Que foi dessa vez? — perguntou ela, largando o celular de lado.
—
É que... sei lá. Tô naquela fase, sabe? Querendo descobrir meu caminho,
entender para onde ir. Parece que todo mundo já sabe o que quer da vida, menos
eu.
—
Ah, para com isso! Todo mundo se sente assim em algum momento. Eu mesma estava
nessa há uns meses.
— Sério? Mas você sempre pareceu ter tudo sob controle!
Bia
soltou uma risada.
—
Sob controle? Eu fingia muito bem, isso sim! Sabe quando eu comecei a encontrar
algumas respostas?
—
Quando?
—
No dia em que parei de procurar nos lugares óbvios.
Beto
franziu a testa.
—
Como assim?
—
A gente fica procurando respostas em sites, em palestras caras, em livros de
autoajuda... Mas às vezes a resposta está ali, bem na nossa cara.
—
Tipo onde?
—
Lembra daquele dia que você me ajudou com o projeto de fotografia?
—
Lembro... aquele que você estava super estressada?
—
Isso! E você, sem querer, me deu a melhor dica de composição que eu já recebi.
Você nem entendia nada de fotografia, mas seu olhar de fora fez toda a
diferença.
Beto
sorriu, começando a entender.
—
É como minha avó sempre diz: "às vezes a gente procura os óculos feito
doido, e eles estão é na nossa cabeça!"
—
Exatamente! — Bia se animou. — As respostas nem sempre vêm em momentos
grandiosos ou em conselhos mirabolantes.
—
Então você está dizendo que eu deveria...
—
Prestar mais atenção nos pequenos momentos. Nos pequenos detalhes. Nas
conversas do dia a dia. Nas coisas que te fazem sorrir sem perceber.
—
Tipo quando eu fico horas ajudando meu irmão mais novo com o dever de casa?
—
E como você se sente nesses momentos?
Beto
pensou por um instante.
—
Bem... realizado, na verdade. Ele sempre diz que eu explico melhor que os
professores.
—
Tá vendo? Às vezes a gente procura tanto nossa vocação, sendo que ela está ali,
nos pequenos gestos do dia a dia.
—
Caramba, Bia! Nunca tinha pensado por esse lado.
—
A vida é meio que isso, né? A gente fica procurando fogos de artifício, quando
na verdade são as pequenas luzes que iluminam nosso caminho.
—
Nossa, profunda você hoje, hein?
—
Para de zoar! Tô falando sério.
Beto
se ajeitou na cadeira, agora mais pensativo.
—
Sabe que isso faz muito sentido? Outro dia mesmo, a Júlia disse que eu deveria
ser professor, porque sempre ajudo a galera da sala com as matérias difíceis.
—
E o que você sentiu quando ela falou isso?
—
Na hora nem dei bola, mas... sei lá, fiquei feliz. Tipo, muito feliz mesmo.
Bia
sorriu, dando um tapinha no ombro do amigo.
—
Às vezes as respostas estão nos sorrisos das pessoas que a gente ajuda, nas
palavras de agradecimento, naquele momento em que alguém diz "nossa, como
você explicou bem!"
—
É... acho que preciso começar a prestar mais atenção nesses detalhes.
Beto
levantou-se e mergulhou na piscina, sendo seguido por Bia.
Assim
como Beto, muitos de nós passamos por momentos de dúvida e inquietação,
especialmente quando somos jovens. Procuramos respostas em lugares grandiosos,
esperando revelações monumentais, quando na verdade elas estão nos pequenos
momentos do nosso dia a dia.
As
pistas sobre nosso caminho estão nas atividades que nos fazem perder a noção do
tempo, nos agradecimentos sinceros que recebemos, nas situações em que
naturalmente nos destacamos sem nem perceber. São esses pequenos sinais que,
unidos, formam a bússola que aponta para nossa direção.
Então,
antes de sair por aí procurando respostas em lugares distantes, que tal
observar com mais atenção o que está bem próximo de você? Às vezes, aquele
hobby que você ama, aquele assunto sobre o qual todos pedem sua opinião, ou
aquela atividade que você faz sem esforço algum, são exatamente as respostas
que você procura.
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