quarta-feira, 9 de abril de 2025

Aprenda a lidar com a ansiedade de começar algo novo

 
            — Cara, eu tô travada. Travada mesmo.

— Travada como?

— Como quem tá prestes a pular de paraquedas e descobre que o instrutor é o próprio medo.

— Você tá com medo de quê, exatamente? — perguntei.

— De tudo. De começar. De dar errado. De parecer ridícula. De começar e me arrepender. De não saber continuar. Sei lá… parece que tem uma guerra dentro da minha cabeça.

— Eu aprendi, na marra, que o medo de começar algo novo nunca vai sumir por completo. Ele só aprende a se sentar no banco de trás quando a gente assume o volante.

— Tá, mas como você faz isso? Como você lida com a ansiedade que parece te engolir viva?

— Primeira coisa: eu parei de esperar me sentir "pronto". Sabe por quê? Porque pronto é uma ilusão. É tipo esperar o ônibus que já passou, achando que ele vai dar ré só pra te pegar.

— Mas eu fico imaginando tudo que pode dar errado…

— Normal. Todo mundo faz isso. Mas quer saber o que eu faço? Eu também imagino tudo que pode dar certo. E me agarro nisso como quem segura um guarda-chuva num temporal.

— Mas e se, mesmo assim, der errado?

— Aí a gente aprende. Se for pra cair, que seja pra frente. Se for pra errar, que seja tentando ser melhor. Você não vai sair ilesa, mas vai sair mais forte. E, talvez, até com uma boa história pra contar.

— É que… parece que todo mundo já sabe o que fazer, menos eu.

— Essa é a maior mentira da internet. Todo mundo tá improvisando. Ninguém tem o roteiro completo. A diferença é que alguns já começaram a atuar.

— Você não sente ansiedade nenhuma?

— Claro que sinto. A diferença é que eu aprendi a ouvir a ansiedade como um alarme, não como um juiz. Ela grita: “Atenção, algo novo vem aí!”. E eu respondo: “Ótimo, era isso que eu queria.”

— Eu queria ter essa coragem.

— Mas você já tem. Só tá distraída com o barulho da dúvida. Coragem não é o contrário do medo; é a escolha de continuar mesmo tremendo.

— Eu sempre achei que coragem era pular no escuro.

— Às vezes é. Mas, na maioria das vezes, é só dar o primeiro passo, mesmo sem saber o próximo. Coragem é assinar o contrato com o futuro sem ler todas as cláusulas.

— Então é normal esse frio na barriga?

— Super normal. Frio na barriga é o corpo dizendo: “Ei, isso é importante pra você!”. E isso, minha amiga, é lindo. O que seria da vida sem esses momentos em que tudo treme por dentro?

— E se ninguém acreditar em mim?

— Então seja a primeira a acreditar. Seja seu próprio aplauso até os outros aprenderem a aplaudir também. Não dá pra esperar validação de plateia que nunca subiu no palco.

— E se eu errar feio, ou escorregar e cair no palco diante da plateia, e todos rirem de mim?

— Bem-vindo ao clube. O erro é um professor durão, mas ele ensina direitinho. E, olha, nada pior que errar tentando agradar os outros. Se é pra errar, que seja sendo você. E tem mais: se você quer reger a sua vida como um grande maestro, precisa virar as costas para a plateia.

— Cara, você devia escrever um livro.

— Talvez eu escreva. Mas, por enquanto, só tô tentando te dizer o que eu gostaria de ter ouvido quando tava no seu lugar.

— Então quer dizer que dá pra aprender a lidar com a ansiedade?

— Dá sim. Não é fórmula mágica. É prática. É ouvir seu corpo, entender seus sinais, não se julgar por estar com medo e dar o passo mesmo assim.

— Você não tem medo de fracassar?

— Eu tenho é medo de nunca tentar. De olhar pra trás e pensar: “E se eu tivesse tido coragem?”. O fracasso me ensina. A omissão me persegue.

— Você faz parecer simples.

— E é. Simples, mas não fácil. Começar algo novo é como pular em uma piscina gelada. Os primeiros segundos são um choque. Mas depois, você se adapta. E, às vezes, até se diverte. Vá com medo, mas vá. O medo diminui quando a gente se move. E a ansiedade não é sinal de fraqueza — é sinal de que você se importa.

— Então, bora. Vou começar. Não sei como, nem sei se vai dar certo… mas vou.

— É isso. Comece do seu jeito. Errando, acertando, tentando. A única coisa imperdoável é nunca ter começado.

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Começar algo novo sempre vai dar um friozinho no estômago. Isso é natural, é humano. O problema não é sentir ansiedade — o problema é deixá-la te congelar. Porque, se você parar para pensar, todo grande passo da sua vida começou assim: com um pouco de medo e uma grande vontade.

Não espere se sentir 100% preparado. Isso não existe fora dos filmes. A vida real é feita de tentativas, tropeços e recomeços — e está tudo bem. O importante é não estacionar só porque o caminho parece nebuloso. Às vezes, a gente só enxerga a estrada quando começa a andar.

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