—
Eu juro que tentei, mas, na hora, me travou tudo. Minha boca secou, a mão
começou a suar, parecia que eu ia desmaiar. E aí… não fui.
—
Foi medo, né?
—
Medo? Medo é pouco. Eu me senti um rato entrando no meio de uma reunião de
leões.
— Já me senti assim também. Várias vezes. A diferença é que, hoje, eu aprendi a usar o medo como um empurrão, não como um freio.
—
Como assim? Não entendi. Medo não é o que faz a gente travar?
—
Geralmente, sim. Mas só quando você deixa. O medo é tipo aquele amigo meio
inconveniente que vive tentando te proteger de tudo — até do que não é
perigoso.
—
Tá. Mas e aí, como é que eu transformo esse “amigo” inconveniente em coragem?
—
Você conversa com ele.
—
Oi?
—
É isso mesmo. Conversa. Quando o medo chega, você não tenta expulsá-lo à força.
Você senta com ele, pergunta o que ele quer te dizer. E aí você decide se o que
ele tá dizendo faz sentido… ou é só neurose.
—
Ah, mas, na hora, parece real demais. Não tem esse papo de “talvez”. É como se
o mundo fosse acabar se eu der um passo.
—
Exatamente. Por isso, é aí que começa a coragem.
—
Tá, agora você tá filosofando…
—
Pensa comigo: coragem não é a ausência de medo. Coragem é fazer o que precisa
ser feito, mesmo com o medo sentado no banco da frente.
—
Tipo dirigir com o medo no passageiro?
—
Isso. Mas você está no volante.
—
E se o medo começar a gritar?
—
Coloca uma música que você gosta no som e segue o caminho. De vez em quando,
até dança com ele. O segredo não é lutar contra o medo… é entender do que ele tá
tentando te proteger — e mostrar que você já cresceu.
—
Mas e se eu não tiver crescido ainda?
—
Você não precisa estar pronto. Precisa estar disposto. Coragem nasce do
movimento, não da certeza.
—
Difícil…
—
É. Mas olha: toda vez que você faz algo que te dá medo, você empurra um
pouquinho a cerca do que te limita.
—
E isso vai me deixar corajoso?
—
Não no primeiro dia. Mas, aos poucos. A coragem é filha do hábito. Começa com
passos pequenos: pedir desculpa, dizer não, falar em público, dizer o que
sente.
—
Falar o que sente… essa aí me pega.
—
Claro que pega. A maioria das pessoas tem mais medo de dizer “eu gosto de você”
do que de pular de paraquedas.
—
Pior que é verdade.
—
Porque o medo está ligado à possibilidade de perda, de dor, de rejeição. Mas e
se você começar a enxergar essas situações como oportunidades de se conhecer
melhor?
—
Mas coragem não protege da dor, né?
—
Não. Coragem não é escudo. É o peito aberto mesmo. É olhar para o risco e
dizer: “Talvez eu me machuque. Mas talvez eu aprenda. E talvez seja incrível.”
—
E quando não é?
—
Quando não é, ainda assim valeu. Porque você foi. Você encarou. Você viveu.
—
Tá. Mas e se der muito errado?
—
Aí você junta os pedaços, aprende com eles e tenta de novo. Errar com coragem é
muito mais bonito do que acertar com covardia.
—
Você fala como se fosse fácil.
—
Não é. Mas é possível. E, de verdade, é isso que muda a vida da gente.
—
Às vezes, eu sinto que a vida me empurra para ficar quieto, na minha.
—
A vida é esperta. Ela testa para ver quem tem coragem de falar mais alto que o
medo.
—
Então, coragem é isso? Falar mais alto?
—
Às vezes, é falar. Outras vezes, é só continuar andando. Mesmo tremendo. Mesmo
com dúvida.
—
Tipo… tropeçando com estilo?
—
Exatamente! Tropeçando com estilo, com fé e, de preferência, sem cair de cara
no chão.
—
E se cair?
—
Levanta com dignidade. Ou, pelo menos, com um bom meme pronto pra postar
depois.
—
Você faz parecer divertido.
—
Coragem também tem senso de humor. É ela que segura sua mão quando tudo tá
bagunçado. E sussurra: “Vai assim mesmo. Depois a gente vê.”
—
Eu queria ser assim…
—
Você já é. Só não percebeu ainda. Coragem não é superpoder. É treino. E você
treina toda vez que não foge.
—
Mesmo com vontade de sair correndo?
—
Principalmente nessas horas.
—
Tá… acho que entendi. Então, da próxima vez que o medo vier, eu não preciso
brigar com ele?
—
Não. Só precisa respirar fundo, dar um sorriso irônico e dizer: “Oi, medo. Você
de novo?” Depois disso, coloca ele no banco do carona e dirige. Mesmo com a
perna tremendo.
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Talvez
você tenha lido esse papo todo aí em cima e pensado: “Legal, mas comigo é
diferente.” Tudo bem. Todo mundo acha que com a gente é mais complicado. Mas a
real é que o medo é o mesmo — muda o cenário, o tamanho, o nome… mas é o mesmo.
E a coragem também é a mesma. É só uma decisão.
Comece
pequeno. Não precisa fazer nada grandioso hoje. Só o suficiente para mostrar
que é você quem está no comando. Pode ser levantar da cama mais cedo, mandar
aquela mensagem, dizer o que sente ou até pedir ajuda. É nesses gestos simples
que a coragem vai se moldando, se fortalecendo, ganhando espaço.
E
lembra disso aqui: “O medo não é seu inimigo — ele só não sabe que você já
cresceu.” Se você guardar isso no bolso, junto com a vontade de viver de
verdade, vai começar a sentir algo novo. Um impulso. Uma força. Aquela voz
baixinha dizendo: “Vai. Tô com você.”
E
aí, meu amigo, minha amiga… aí o mundo que se prepare. Porque você está
chegando com medo mesmo — e com coragem também.
Se
esse texto fez você pensar, rir ou respirar fundo… compartilhe. Alguém aí fora
está precisando exatamente dessa conversa agora.
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