João, 18 anos, estava no
sofá da sala, tamborilando os dedos contra o braço da poltrona, claramente
irritado. Quando Marina, 20 anos, entrou na sala com sua xícara de chá
fumegante, notou o incômodo do irmão e resolveu puxar conversa.
—
O que aconteceu, João? — perguntou, sentando-se ao lado dele.
Ele
suspirou e soltou de uma vez:
—
Como você consegue não se irritar com as besteiras que as pessoas falam?
Marina
sorriu de leve, colocou a xícara na mesa.
— Não é que eu não me irrito. Eu só aprendi a escolher no que vale a pena gastar energia. Mas o que foi dessa vez?
João
desabafou sobre um colega da faculdade que havia feito comentários
desnecessários e arrogantes. Enquanto ele falava, Marina ouvia com calma, sem
interrompê-lo. Quando ele terminou, ela perguntou:
—
Mas por que você dá tanta importância para o que ele diz?
João
hesitou por um momento antes de responder.
—
Acho que foi o tom de arrogância. Me deixou com raiva.
Marina
inclinou a cabeça, refletindo.
—
João, às vezes, o problema não está no que as pessoas dizem, mas em como
deixamos isso nos afetar. Lembra o que o pai sempre dizia? “Não podemos calar a
boca dos ignorantes, mas podemos não dar a menor importância ao que eles
dizem.”
João
riu baixo, lembrando da frase.
—
Verdade. Ele vivia dizendo isso. Mas é difícil ignorar essa gente sem noção.
Ela
concordou com um aceno.
—
Difícil é, mas não impossível. Toda vez que alguém falar algo que te incomoda,
pergunte-se: “Isso realmente importa?” Porque, sinceramente, a maioria das
coisas que nos irritam não tem peso real. Só tem o peso que a gente dá a eles.
—
Mas às vezes parece que não reagir é como concordar com o que eles estão
falando — rebateu João, com uma expressão de preocupação.
Marina
sorriu compreensiva.
—
Entendo isso. Mas pense assim: reagir a tudo também pode ser visto como falta
de controle emocional. A escolha de ignorar é ativa, não passiva. Você decide o
que merece sua energia. Às vezes, o silêncio é a resposta mais poderosa. E, se
for necessário, você pode se posicionar de maneira firme, sem ser agressivo.
João
ponderou.
—
Tem razão. Mas como eu coloco isso em prática quando fico tão nervoso?
Marina
se ajeitou no sofá.
—
Olha, uma coisa que me ajudou foi pensar em exemplos práticos. Por exemplo,
quando alguém diz algo irritante, em vez de responder imediatamente, eu dou um
tempo. Respiro fundo e analiso: “O que essa pessoa disse vai mudar minha vida?
Vai impactar meu dia?” Geralmente, a resposta é não.
Ela
continuou.
—
Outra coisa é praticar a empatia. Às vezes, quem faz comentários maldosos está
apenas projetando as próprias inseguranças. Quando percebo isso, fico mais
tranquila, porque vejo que o problema não é comigo.
João
franziu a testa, interessado.
—
Então, ignorar não é o mesmo que ser fraco?
—
De jeito nenhum — garantiu Marina. — Ignorar é escolher suas batalhas. É
guardar suas energias para aquilo que realmente importa. Pense nos grandes
líderes ou pessoas que você admira. Eles não perdem tempo com provocações. Eles
estão focados nos objetivos deles.
—
Faz sentido. Mas e se a pessoa insistir? Afinal, normalmente é isso que essa
gente chata e sem noção faz.— questionou João, cruzando os braços.
Marina
deu de ombros.
—
Aí você precisa estabelecer limites. Pode dizer algo como: “Prefiro não
continuar essa conversa” ou “Respeito sua opinião, mas discordo.” Ser educado e
firme desarma a maioria das pessoas. E, se isso não funcionar, você
simplesmente se afasta.
Ele
sorriu, como se finalmente entendesse.
—
Vou tentar. Quem sabe eu até durma melhor sem me preocupar tanto com essas
coisas.
—
Com certeza vai — disse Marina, dando um leve tapa no ombro dele. — Quanto
menos você se importar com opiniões irrelevantes, mais leve sua vida fica. E
lembre-se: o que importa é a sua paz.
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Se
você sente que as palavras de outras pessoas têm te afetado demais, pense no
seguinte: você não tem controle sobre o que os outros dizem, mas tem controle
total sobre como reage ao que ouve. Não é sua responsabilidade carregar o peso
das inseguranças alheias.
Pratique
o hábito de questionar a relevância. Quando ouvir algo que te irrita,
pergunte-se: “Isso vai importar daqui a um ano? Daqui a um mês? Daqui a um
dia?” Na maioria das vezes, a resposta será negativa. E se não vai importar,
não vale o desgaste emocional.
Você
também pode transformar esses momentos em oportunidades de aprendizado. Pense
em como fortalecer sua autoestima para que opiniões externas não te atinjam tão
facilmente. Afinal, a paz interior não depende do silêncio dos outros, mas da
sua capacidade de ignorar o que não agrega.
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