quinta-feira, 9 de janeiro de 2025

Se não trabalhar para realizar teus sonhos, vai acabar trabalhando para que outra pessoa realize os sonhos dela.

Era só mais um dia na república universitária, um local que reunia vários jovens estudantes, vindos de diferentes partes do estado, todos em busca de realizar seus sonhos. Luiz e Miguel não eram diferentes. Dividiam o mesmo quarto, embora tivessem objetivos distintos. Luiz queria ser médico, enquanto Miguel sonhava em se tornar um advogado que orgulhasse seus pais, amigos e conhecidos na cidadezinha do interior.

Miguel havia saído cedo em busca de um estágio, algo que o ajudaria a custear sua permanência na capital, aliviando o peso financeiro sobre sua família. Um pouco antes do meio-dia, ele voltou e encontrou Luiz o esperando para almoçarem no restaurante da universidade.

— Cara, tô cansado... — Miguel se jogou no sofá do quarto da república, largando a mochila no chão.

— Que foi, Miguel? Chegou da entrevista e tá com essa cara esquisita? — perguntou Luiz, sem tirar os olhos do celular.

— Sei lá, mano... Fui naquela entrevista de estágio hoje. Sabe aquela empresa que todo mundo sonha em trabalhar?

— E aí? Deu bom? O que aconteceu?

— Então... Fiz todos os testes. Passei. Mas...

— Como assim “mas”? Era isso que você queria, não era?

— Na real... não. Tô me sentindo meio perdido. Tipo, a empresa é top, o salário é maneiro, mas...

— Desembucha logo, Miguel!

— É que, enquanto eu tava lá, vi um monte de gente com aquela cara de segunda-feira, sabe? Todo mundo correndo que nem formiga pra realizar o trabalho. Ou seja, o sonho do dono da empresa.

— E qual o problema? É assim mesmo, não é? Quando estamos trabalhando para alguém, é lógico que estamos ajudando a realizar os sonhos dela.

— Pois é, Luiz... Mas aí que tá. Lembra daquele projeto de aplicativo que eu tava desenvolvendo? Aquele que ajuda estudantes a se organizar financeiramente e a conquistar seu espaço?

— Aquele que você não para de falar 24 horas por dia? Claro que lembro! Você não deixa a gente esquecer. — Luiz deu risada.

— Então... Se eu aceitar esse estágio, vou ter que enterrar essa ideia. Não vai sobrar tempo nem energia pra desenvolver meu próprio negócio. Vou estar o dia inteiro no emprego e à noite na faculdade.

Luiz finalmente largou o celular e sentou-se reto no sofá.

— Pera aí... Você tá me dizendo que vai recusar o estágio dos sonhos por causa de uma ideia? Uma ideia que ainda nem saiu do papel e que nem tem certeza de que vai dar certo?

— Mano, não é só uma ideia. É O MEU sonho. Já pensou quantos estudantes eu vou poder ajudar com esse aplicativo? Você mesmo, não vive reclamando que não sabe onde colocar o dinheiro e que todo fim de mês fica que nem doido procurando alternativas pra pagar as contas?

— Mas e a grana? A estabilidade? Cara, todo mundo tá correndo atrás disso! Não é fácil arranjar um estágio hoje em dia.

— Sabe o que minha vó sempre dizia? “Se não trabalhar para realizar teus sonhos, vai acabar trabalhando para que outra pessoa realize os sonhos dela.”

— Profundo isso aí... Mas também meio assustador, não?

— Por quê?

— Porque é mais fácil seguir o caminho que todo mundo segue. Tipo, é mais seguro, né?

— Mais seguro pra quem, Luiz? Pro cara que tá lá em cima colhendo os frutos do trabalho dos outros? E os nossos sonhos, onde ficam?

Luiz coçou a cabeça, pensativo.

— Mas e se der errado? Você não realiza seus sonhos e ainda perde o estágio.

— E se der certo? Já pensou? Todo mundo começa do zero, mano. Até mesmo aquele cara lá da empresa começou de algum lugar. A empresa não caiu do céu no colo dele. Ele deve ter batalhado pra chegar onde chegou.

— Não é tão simples assim...

— Claro que não é! Mas também não é impossível. Olha só: tenho minhas economias, posso fazer uns freelances pra me manter, e o mais importante: tenho uma ideia que pode ajudar muita gente. Começando por mim.

— Você realmente acredita nisso, né?

— Com toda a força! E sabe por quê? Porque, se eu não acreditar nos meus sonhos, quem vai acreditar? Você é um que tá duvidando, apesar de termos começado o projeto juntos.

Luiz pegou novamente o celular, mas, dessa vez, pra abrir o bloco de notas.

— Não é bem assim. Eu acredito em você. É que me preocupo. Mas beleza, então vamos nos aprofundar mais sobre esse aplicativo aí. Quem sabe eu não continuo nessa loucura junto com você?

Miguel abriu um sorriso de orelha a orelha.

— Agora sim! Vamos trabalhar pelos nossos sonhos e não pelos de outras pessoas. Deixa eu te mostrar os protótipos que eu já fiz...


Esse diálogo nos faz refletir sobre uma escolha que muitos jovens enfrentam: seguir o caminho aparentemente seguro ou arriscar-se em busca dos próprios sonhos. Não existe resposta certa ou errada, mas existe a SUA resposta.

A mensagem central não é sobre abandonar oportunidades, mas sobre reconhecer que cada minuto dedicado exclusivamente aos sonhos de outros é um minuto a menos investido nos seus próprios. É sobre encontrar equilíbrio e, principalmente, coragem para dar os primeiros passos.

No fim, tudo se resume a uma escolha pessoal: você quer ser protagonista da sua história ou coadjuvante na história de outra pessoa? A decisão, como sempre, é sua. Mas, cuidado! Pense com a cabeça, não só com o coração. Procure sempre ter os pés no chão. Melhor adiar um projeto pessoal do que não estar devidamente preparado e alicerçado, jogando todo um sonho fora.

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