Marcos e sua irmã mais
velha, Júlia, foram passar o fim de semana na praia, com seus pais. Por volta
das 15 horas, os dois resolveram ir dar um mergulho no mar. Chegando no
calçadão, próximo à beira da praia, puderam ver que o mar estava calmo e com
uma cor verde-azulada, ou seja, perfeito.
Após
tomarem uma água de coco, resolveram enfrentar a areia que os separava das
águas convidativas daquele mar lindo. Ao colocar o pé na areia, Marcos deu um
grito e reclamou.
—
Tá quente demais!
A
voz de Marcos cortou o ar abafado da tarde. Ele levantou um pé, depois o outro,
tentando fugir da areia escaldante. Mas Júlia, ao lado dele, apenas riu.
—
E você queria o quê? Areia com ar-condicionado? Ou uma trilha de pedras de
gelo?
Ele
bufou, olhando para o mar que brilhava a poucos metros dali.
— Eu só queria que fosse mais fácil chegar lá sem queimar os pés.
Júlia
cruzou os braços e lançou um olhar afiado.
—
Ué, mas você vai desistir? O mar tá logo ali. Vale o esforço, não acha?
Marcos
suspirou, mordendo o lábio. Ele sabia que ela tinha razão. Com um pouco de
coragem, atravessaria aquele pequeno inferno de areia e chegaria à água
refrescante.
—
Tá, eu vou. Mas só porque já estou aqui.
—
Pois é. E é exatamente disso que eu queria falar com você. Sobre os seus
sonhos.
Marcos
a olhou de canto de olho.
—
Como assim?
—
Você vive reclamando que tá difícil, que tem muita coisa no caminho. Mas olha
só essa areia quente. Você vai atravessar porque sabe que tem algo incrível
esperando. E se você fizesse o mesmo com os seus objetivos?
Ele
franziu a testa.
—
Você tá comparando a vida com areia quente?
—
Exatamente! — Ela sorriu. — Toda caminhada tem momentos incômodos. Às vezes,
queima. Às vezes, dá vontade de voltar. Mas se você lembrar o motivo pelo qual
começou, se mantiver o foco no mar lá na frente, vai continuar.
Marcos
ficou em silêncio por um instante. A brisa trazia o cheiro salgado do oceano.
Ele olhou para frente e viu crianças correndo, pessoas rindo dentro da água.
—
Então você tá dizendo que eu preciso aguentar o desconforto?
—
Tô dizendo que você precisa lembrar por que começou. — Júlia deu um passo à
frente, sentindo a areia quente sob os pés descalços. — Olha, ninguém gosta da
parte difícil. Mas ela faz parte do caminho. Se cada obstáculo for motivo para
desistir, você nunca vai chegar a lugar nenhum.
Marcos
suspirou de novo, agora sorrindo um pouco.
—
Você sempre tem uma lição pronta, né?
—
Eu só presto atenção. — Ela deu de ombros. — Agora vamos logo, antes que eu
mude de ideia e decida te carregar até lá.
Ele
riu e começou a caminhar ao lado dela, sentindo o incômodo da areia, mas agora
com outro pensamento na cabeça.
Porque
a verdade era clara: ele queria chegar ao mar. Assim como queria alcançar seus
sonhos. E se precisava aguentar um pouco de calor para isso, que fosse. Valeria
a pena.
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A
vida tem momentos que parecem insuportáveis, como areia quente nos pés
descalços. Mas toda caminhada até algo valioso tem dificuldades. E o que separa
quem chega lá de quem desiste é justamente a coragem de seguir, mesmo quando
tudo está desconfortável.
Muitas
pessoas desistem no primeiro obstáculo. Elas veem a dificuldade e esquecem do
porquê começaram. Mas quem segue em frente entende que o desconforto é
passageiro, enquanto a recompensa de alcançar um objetivo dura para sempre.
Então,
da próxima vez que os obstáculos parecerem insuportáveis, lembre-se do mar à
sua frente. Ele está lá. Sempre esteve. E só chega quem tem coragem de
continuar.
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