Eu
e Lucas estávamos em casa assistindo a um jogo na TV. O jogo estava chato.
Lucas resolveu ir fazer pipoca. Na volta para a sala, ele decidiu comentar
sobre um assunto que o estava deixando um pouco preocupado.
—
Você já parou para pensar por que a gente fica tão ansioso com tudo? Tipo,
parece que o mundo vai acabar se eu não resolver essa prova da faculdade, a
planilha do trabalho e essa briga com o meu irmão, tudo hoje.
—
Sabe, Lucas, eu já fui exatamente assim. Vivia com o peito apertado, como se
cada dia fosse uma corrida contra o tempo. Mas um dia, alguém me disse algo que
mudou tudo: “Respire fundo. Nem tudo precisa ser resolvido agora.” E, cara,
isso é tipo um superpoder que a gente esquece que tem.
— Tá, mas como assim? Se eu não resolver agora, isso não vai só acumular para depois? Eu não quero virar aquele cara que deixa tudo para a última hora.
—
Entendo o que você tá dizendo. Parece que, se a gente não apagar todos os
incêndios de uma vez, eles vão virar um caos maior, né? Mas olha só: nem todo
problema é um incêndio. Às vezes, é só uma faísca que pode se apagar sozinha.
Respira fundo comigo agora, vai. Sente o ar entrando.
—
Tá bom... (suspiro). Tá, e aí? O que isso muda?
—
Muda tudo, mano! Quando eu respiro fundo, é como se eu desse um pause no filme
da minha vida. Sabe quando surgem duas, três, até quatro coisas para resolver,
todas praticamente ao mesmo tempo, e a gente precisa apertar o botão de pausa
para dar uma acalmada? É isso. Aí eu olho para tudo e penso: o que realmente
precisa da minha energia agora? O resto pode esperar.
—
Hm, tipo escolher as batalhas?
—
Exatamente! Eu aprendi isso da maneira mais doida. Uma vez, eu tava pirando
porque tinha um trabalho da faculdade atrasado, um cinema marcado havia semanas
com um amigo e ainda uma entrevista de estágio no dia seguinte. Tudo parecia
urgente. Mas aí eu parei, respirei e decidi: “Vou focar na entrevista, porque é
o que vai me abrir portas.” O resto? Resolvi depois, com calma.
—
E funcionou?
—
Mano, eu consegui o estágio! O trabalho, eu entreguei um dia depois, pedi
desculpas para o professor, e o cinema com o amigo? A gente conversou numa boa
alguns dias depois e marcou outra data. Nada desmoronou. Às vezes, a gente acha
que tá segurando o mundo nas costas, mas ele gira sozinho por um tempo, sabe?
—
Caramba, isso faz sentido. Mas eu fico com medo de parecer que estou fugindo
dos problemas.
—
Eu te entendo, sério. Também já senti isso. Mas não é fugir, é tipo... dar um
passo para trás para ver o mapa todo. Quando eu respiro fundo, lembro que sou
humano, não uma máquina de resolver coisas. E humanos precisam de tempo, de ar,
de espaço.
—
Tá, mas e se o problema for grande? Tipo, sei lá, algo que mexe com a minha
cabeça?
—
Esses são os mais difíceis, né? Eu já passei por uns assim. Uma vez, terminei
um namoro e parecia que o chão tinha sumido. Queria resolver tudo na hora:
entender o porquê, consertar, esquecer. Mas aí eu respirei fundo e pensei: “Não
dá para curar isso hoje.” E deixei o tempo fazer o trabalho dele.
—
E o tempo resolveu?
—
Resolveu, mas não sozinho. Eu dei o primeiro passo: aceitei que não tinha como
consertar tudo de uma vez. Respirei, chorei um pouco e, aos poucos, fui
juntando os pedaços. O truque é não forçar. É como plantar uma semente: você
não fica puxando-a para crescer mais rápido, né?
—
Haha, verdade. Ia ser meio ridículo.
—
Pois é! E com a gente é igual. Quando deixo as coisas respirarem, elas
encontram um jeito de se ajeitar. Nem tudo precisa da minha mão agora. Às
vezes, o melhor que posso fazer é só... existir.
—
Tá, mas e a pressão? Minha mãe vive falando que eu tenho que correr atrás, que
a vida não espera.
—
Conheço esse papo. Minha família também é assim. Mas olha, eu descobri que
correr atrás não significa correr sem parar. Respira fundo e pensa: o que eu
consigo fazer hoje que me deixa mais perto do que eu quero? O resto? Deixo para
amanhã. A vida espera, sim, se você souber pedir um tempinho para ela.
—
Hm, tipo um acordo com a vida?
—
Isso! Eu faço esse acordo o tempo todo. “Ei, vida, me dá um dia para respirar
que eu te alcanço depois, tá?” E ela sempre entende. O segredo é não se cobrar
para ser perfeito o tempo todo.
—
Caramba, eu nunca pensei assim. Sempre achei que tinha que dar conta de tudo.
—
Eu também, mano. Mas aí percebi que essa correria toda só me deixava cansado.
Respira fundo de novo, vai. Sente como o corpo relaxa? É simples, mas é tipo um
reset.
—
É, dá uma leveza mesmo. Parece bobo, mas funciona.
—
Não é bobo, é humano. A gente esquece que respirar é o básico, mas é o que nos
mantém vivos. E viver não é só resolver problema atrás de problema. É curtir o
caminho, mesmo quando ele está torto.
—
Então, tipo, eu posso deixar para resolver aquela briga com meu irmão amanhã?
—
Pode, sim! Respira fundo e pensa: “Será que vale a pena gastar minha energia
nisso agora?” Se não valer, deixa para lá por hoje. Às vezes, o tempo até ajuda
a enxergar as coisas com mais clareza. Talvez até ele mesmo venha falar com
você antes.
—
Tá, vou tentar. Mas, se der errado, vou dizer para todo mundo que a culpa é
sua, hein?
—
Haha, justo! Mas confia em mim: já testei isso mil vezes. Respire fundo e deixe
o agora ser só seu. O resto? A gente resolve quando o peito estiver mais leve.
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Sabe,
essa conversa entre Lucas e mim é sobre algo que todo mundo já sentiu: essa
vontade louca de resolver tudo de uma vez, como se o mundo fosse desabar se a
gente parasse por um segundo. Mas a verdade é que nem tudo precisa da nossa
atenção agora. “Respire fundo. Nem tudo precisa ser resolvido agora” é mais do
que uma frase bonitinha — é um lembrete para você, que está aí, com 15, 20 ou
25 anos, tentando carregar o universo nas costas. Dê um tempo para si mesmo,
vai. O ar está aí, de graça, e pode te salvar de muita coisa.
A
moral disso tudo? Você não é uma máquina, e a vida não é uma prova com tempo
para acabar. Quando a gente respira fundo, se dá o direito de escolher o que
merece nossa atenção agora e o que pode esperar um pouco. E, olha, se este
texto fez você parar por um segundo para puxar o ar e soltá-lo devagar, já
valeu. Compartilhe com aquele amigo que está pirando com mil coisas — quem sabe
ele também não aprende a dar esse pause?
Então,
fica o convite: na próxima vez que o caos bater à sua porta, respire fundo.
Deixe o tempo mostrar o que é faísca e o que é incêndio. Você vai ver que o
mundo não cai — e, se cair, a gente junta os pedaços rindo depois. Bora viver
mais leve?
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