—
Sabe o que eu percebi? — disse Arthur, olhando para o nada, como se tentasse
organizar os próprios pensamentos.
—
Lá vem você com essas reflexões filosóficas... Manda. — respondeu Davi, jogando
uma pedrinha no lago.
—
A gente sempre escuta que ser frágil é ruim. Que tem que ser forte o tempo
todo. Mas, cara... acho que a gente entendeu tudo errado.
—
Como assim?
— Frágil não quer dizer fraco. Depende do tipo de fragilidade. Olha a flor, por exemplo: linda, delicada, mas qualquer vento mais forte a leva embora. Já uma bomba... também é frágil. Mas, se você mexer errado, ela explode e transforma tudo ao redor.
Davi
parou por um instante, processando a ideia.
—
Espera. Você está dizendo que a gente tem que ser... frágil igual a uma bomba?
—
Exatamente! Porque não é sobre ser inquebrável, e sim sobre o que acontece
quando você quebra. Se for como uma flor, desaparece. Mas, se for como uma
bomba, muda tudo ao redor quando não aguenta mais.
Davi
riu, sacudindo a cabeça.
—
Nossa, isso faz sentido. Mas como a gente se torna esse tipo de frágil?
—
Primeiro, parando de achar que tem que segurar tudo. A gente também sente dor,
cansaço, raiva... e tudo bem. A diferença está no que fazemos com isso. Se você
guarda tudo e não faz nada, vira flor ao vento. Mas, se transforma isso em
energia, em movimento, em explosão para sair do lugar, você vira bomba.
Davi
cruzou os braços, pensativo.
—
Isso é bom e perigoso ao mesmo tempo. Porque tem gente que explode e destrói
tudo sem motivo.
Arthur
assentiu.
—
Exato. A diferença está no direcionamento. Quem explode sem pensar machuca a si
mesmo e aos outros. Mas quem entende o próprio poder usa a explosão para abrir
caminhos. Imagina uma dinamite na montanha: se usada certo, cria um túnel; se
usada errado, causa um desastre.
Davi
estalou os dedos.
—
Tô começando a gostar dessa ideia.
—
Pois é. Agora pensa nas pessoas que mais mudaram o mundo. Nenhuma delas foi de
vidro ou de papel. Mas também não eram de ferro. Elas sentiam, quebravam, e, a
cada vez que isso acontecia, geravam impacto. Não deixavam o vento levá-las.
Elas eram bombas.
Davi
sorriu.
—
Quer dizer que, em vez de lutar contra nossa fragilidade, a gente deveria
abraçá-la e usá-la a nosso favor?
—
Exato! Porque você não precisa ser indestrutível para ser forte. Precisa saber
o que fazer com a sua fragilidade. Usar o poder da bomba a nosso favor.
Davi
pegou mais uma pedrinha e jogou no lago, observando as ondas se espalharem.
—
Engraçado. A gente passa a vida toda tentando ser forte, quando talvez o
segredo seja aprender a ser frágil do jeito certo.
Arthur
sorriu e bateu de leve no ombro do amigo.
—
Exatamente, meu caro. Seja frágil feito uma bomba. Nunca como uma flor ao
vento.
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A
ideia desse diálogo é mostrar que a fragilidade não é o oposto da força. O que
define seu impacto é como você lida com suas próprias fraquezas. As flores
desaparecem ao menor sinal de dificuldade, enquanto as bombas, quando acionadas
no momento certo, mudam tudo ao redor.
Seja
uma pessoa que sente, que erra, que cai. Mas, em vez de se perder no vento, use
suas quedas como impulso. Transforme suas dificuldades em energia para crescer.
Fragilidade
não significa derrota. Significa que você tem um poder enorme dentro de si.
Basta saber como usá-lo.
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