terça-feira, 27 de maio de 2025

Não há reembolso para tempo perdido.

 
            — Mas como assim “não há reembolso para tempo perdido”? Tipo... nunca dá pra correr atrás?

— Dá pra correr atrás, claro. Mas o tempo que foi... já era. Igual ao dinheiro que você joga fora comprando algo inútil e a loja tem aquele aviso: “Não fazemos trocas nem devoluções”. Só que, no caso do tempo, nem o gerente do universo aceita troca. Passou? Fica no passado mesmo.

— Mas isso parece meio injusto, não? Tipo, se eu perdi um ano da minha vida fazendo nada, não posso recuperar?

— Infelizmente, não. Você pode começar hoje a fazer diferente, isso sim. Mas aquele ano já virou um arquivo fechado. Tá lá, no HD da vida, sem botão de “editar”. O máximo que você pode fazer é aprender com ele e usar como lição.

— Tá, mas e se eu quiser compensar o tempo perdido? Tipo, fazer em seis meses o que eu não fiz em um ano. Dá?

— Dá, mas exige disciplina. E uma dose cavalar de foco. Só que, mesmo que você compense, não muda o fato de que o tempo passou. Você pode ganhar experiência, pode virar o jogo, pode construir algo novo... mas não tem como devolver o que já foi.

— Cara, isso me deixa meio mal. Porque eu já perdi tempo demais. Fico pensando nas horas em que fiquei enrolando, procrastinando, com medo de tentar.

— Todos nós já fizemos isso. A diferença está no que a gente faz depois que percebe. Tem gente que chora o leite derramado a vida inteira. E tem gente que seca a lágrima, limpa o fogão e vai preparar outra receita. A vida é agora.

— Mas então eu tô ferrado? Porque, sinceramente, acho que já deixei passar muita coisa...

— Não, você só tá atrasado. E atrasado não é derrotado. Você ainda tá no jogo. Só precisa parar de desperdiçar o que ainda tem. Enquanto houver tempo no relógio, há chance de virar o placar.

— E se eu errar de novo? Se eu perder mais tempo?

— Bem-vindo ao clube. Vai acontecer. O segredo é aprender a perder menos. Errar faz parte, mas o desperdício consciente é que dói. Aquela enrolação do tipo “depois eu faço” — essa é a vilã da história.

— É muito difícil lidar com isso. Sério. Às vezes eu me pego pensando: “E se eu tivesse começado antes?”

— Essa pergunta é um clássico. Mas vou te contar um segredo: ela não serve pra nada além de te deixar frustrado. O “se” é parente do arrependimento, e os dois adoram sabotar quem tá tentando recomeçar.

— Mas e se eu nunca encontrar o que eu gosto de fazer? E se eu ficar só tentando e tentando?

— Aí você continua tentando. Porque, mesmo que não acerte de primeira, ainda assim você está se movendo. E movimento é vida. Quem está parado é que está mais longe do objetivo. Viu só? Você fez duas perguntas "e se". Tire isso do seu vocabulário. Mude as perguntas para frases positivas: "Vou encontrar o que gosto de fazer" e "Vou ficar tentando, tentando até conseguir".

— Cara, eu queria muito ter escutado isso antes. Eu vivia como se tivesse todo o tempo do mundo.

— A maioria vive. Até que a vida resolve mostrar que o tempo não espera ninguém. O relógio gira, mesmo quando a gente está deitado olhando pro teto. E ele não tem botão de pausa.

— Isso é muito louco. Porque a gente sempre acha que amanhã vai dar tempo.

— É o “depois” que destrói sonhos. “Depois eu estudo”, “depois eu mudo”, “depois eu começo a academia”. Depois, depois, depois. Até que não tem mais depois. Só o agora, que ficou pelo caminho.

— Mas também não dá pra viver com medo de perder tempo, né? Tipo, viver apavorado.

— Claro que não. A ideia não é virar um robô. É só valorizar o agora. Escolher com mais consciência. Viver com mais intenção. Saber que cada minuto que você tem é um investimento. E investir bem é um baita poder.

— Eu nunca pensei no tempo como investimento. Sempre tratei como um recurso infinito.

— E é exatamente aí que está o erro. Tempo é como bateria de celular velho: acaba rápido e demora pra carregar. Se você não prestar atenção, quando vê, já está no vermelho e não tem tomada por perto.

— Essa foi boa. Bateria de celular velho foi pesado.

— Mas real, né? A diferença é que o tempo não avisa quando vai acabar. Ele só vai. E, quando a gente percebe, já perdeu aniversários, oportunidades, pessoas...

— Tá, mas então... qual é a melhor forma de usar o tempo? Tipo, o segredo, sabe?

— O segredo é parar de viver no automático. Acordar, respirar fundo e perguntar: “O que eu tô fazendo com o meu dia?”. Se a resposta for “nada demais” por tempo demais, é sinal de alerta.

— Às vezes eu fico esperando motivação pra começar. E aí o tempo passa.

— A motivação é superestimada. Você não precisa dela pra começar. Precisa de decisão. Depois que começa, a motivação aparece no caminho. Ela é tipo um convidado atrasado: chega depois de a festa ter começado.

— Essa foi engraçada. Nunca pensei assim.

— Pois é. Mas funciona. Se for esperar a tal da motivação, você vai virar sócio da procrastinação. E os dois vivem juntos numa cobertura chamada “frustração”.

— Eu tenho medo de desperdiçar mais tempo. Mas também tenho medo de começar e não dar conta.

— Medo vai sempre existir. A diferença é que o medo do arrependimento costuma ser maior que o medo de tentar. E ele é silencioso, mas cruel. Ele te cobra à noite, quando ninguém mais tá olhando.

— Isso bateu. Já perdi noites assim. Pensando no que eu deveria ter feito.

— Então transforme isso em ação. Use esse incômodo como gasolina. Não adianta se culpar. Culpa não move nada. O que move é decisão e atitude.

— E se eu tiver começando tarde demais?

— Só está tarde demais se você ainda estiver parado. Começou? Já está na frente de quem ainda está só reclamando. Tem gente que acha que perdeu o bonde... sem perceber que o próximo tá chegando na estação.

— Essa eu vou anotar.

— Anota e cola no espelho. Porque toda manhã é uma nova chance de fazer valer o tempo que ainda resta. O que passou, passou. Mas o agora é seu. E o agora, quando bem vivido, salva o ontem.

— Valeu, de verdade. Eu precisava ouvir isso. Tipo, hoje. Agora.

— E ouviu. Agora levanta daí e vai fazer alguma coisa que o “você do futuro” agradeça. Porque o “você do passado” já teve tempo demais de palco.

— É... acho que já deu de ficar parado. O tempo não tá esperando. Então por que eu tô?

— Exatamente.

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Se você chegou até aqui, é porque talvez alguma parte deste diálogo bateu forte aí dentro. Seja pelo lado positivo ou negativo. E isso é bom. Significa que você ainda se importa. Significa que, mesmo com todos os tropeços, você ainda quer viver de um jeito mais inteiro, mais consciente, mais seu.

Lembre-se: não existe controle remoto para rebobinar a vida. Mas existe um volante, e ele está nas suas mãos agora. E, mesmo que você tenha pegado a estrada errada por um tempo, o importante é perceber, fazer o retorno e seguir em frente com mais sabedoria. Porque tempo não se recupera... mas a forma como você vive o que ainda tem pode mudar tudo.

Use essa metáfora como guia: “Não há reembolso para tempo perdido.” Que ela te lembre, todos os dias, que desperdiçar tempo é desperdiçar vida. E a vida, cara... é o presente mais valioso que você tem.

Se esse texto mexeu com você, compartilhe. Mande para alguém que vive dizendo “depois eu faço”. Talvez ele também esteja precisando de um empurrãozinho.

 Pedro Loreni de Mello Teixeira

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