—
Mas como assim “não há reembolso para tempo perdido”? Tipo... nunca dá pra
correr atrás?
—
Dá pra correr atrás, claro. Mas o tempo que foi... já era. Igual ao dinheiro
que você joga fora comprando algo inútil e a loja tem aquele aviso: “Não
fazemos trocas nem devoluções”. Só que, no caso do tempo, nem o gerente do
universo aceita troca. Passou? Fica no passado
—
Mas isso parece meio injusto, não? Tipo, se eu perdi um ano da minha vida
fazendo nada, não posso recuperar?
— Infelizmente, não. Você pode começar hoje a fazer diferente, isso sim. Mas aquele ano já virou um arquivo fechado. Tá lá, no HD da vida, sem botão de “editar”. O máximo que você pode fazer é aprender com ele e usar como lição.
—
Tá, mas e se eu quiser compensar o tempo perdido? Tipo, fazer em seis meses o
que eu não fiz em um ano. Dá?
—
Dá, mas exige disciplina. E uma dose cavalar de foco. Só que, mesmo que você
compense, não muda o fato de que o tempo passou. Você pode ganhar experiência,
pode virar o jogo, pode construir algo novo... mas não tem como devolver o que
já foi.
—
Cara, isso me deixa meio mal. Porque eu já perdi tempo demais. Fico pensando
nas horas em que fiquei enrolando, procrastinando, com medo de tentar.
—
Todos nós já fizemos isso. A diferença está no que a gente faz depois que
percebe. Tem gente que chora o leite derramado a vida inteira. E tem gente que
seca a lágrima, limpa o fogão e vai preparar outra receita. A vida é agora.
—
Mas então eu tô ferrado? Porque, sinceramente, acho que já deixei passar muita
coisa...
—
Não, você só tá atrasado. E atrasado não é derrotado. Você ainda tá no jogo. Só
precisa parar de desperdiçar o que ainda tem. Enquanto houver tempo no relógio,
há chance de virar o placar.
—
E se eu errar de novo? Se eu perder mais tempo?
—
Bem-vindo ao clube. Vai acontecer. O segredo é aprender a perder menos. Errar
faz parte, mas o desperdício consciente é que dói. Aquela enrolação do tipo
“depois eu faço” — essa é a vilã da história.
—
É muito difícil lidar com isso. Sério. Às vezes eu me pego pensando: “E se eu
tivesse começado antes?”
—
Essa pergunta é um clássico. Mas vou te contar um segredo: ela não serve pra
nada além de te deixar frustrado. O “se” é parente do arrependimento, e os dois
adoram sabotar quem tá tentando recomeçar.
—
Mas e se eu nunca encontrar o que eu gosto de fazer? E se eu ficar só tentando
e tentando?
— Aí você continua tentando. Porque, mesmo que não acerte de primeira, ainda assim você está se movendo. E movimento é vida. Quem está parado é que está mais longe do objetivo. Viu só? Você fez duas perguntas "e se". Tire isso do seu vocabulário. Mude as perguntas para frases positivas: "Vou encontrar o que gosto de fazer" e "Vou ficar tentando, tentando até conseguir".
—
Cara, eu queria muito ter escutado isso antes. Eu vivia como se tivesse todo o
tempo do mundo.
—
A maioria vive. Até que a vida resolve mostrar que o tempo não espera ninguém.
O relógio gira, mesmo quando a gente está deitado olhando pro teto. E ele não
tem botão de pausa.
—
Isso é muito louco. Porque a gente sempre acha que amanhã vai dar tempo.
—
É o “depois” que destrói sonhos. “Depois eu estudo”, “depois eu mudo”, “depois
eu começo a academia”. Depois, depois, depois. Até que não tem mais depois. Só
o agora, que ficou pelo caminho.
—
Mas também não dá pra viver com medo de perder tempo, né? Tipo, viver
apavorado.
—
Claro que não. A ideia não é virar um robô. É só valorizar o agora. Escolher
com mais consciência. Viver com mais intenção. Saber que cada minuto que você
tem é um investimento. E investir bem é um baita poder.
—
Eu nunca pensei no tempo como investimento. Sempre tratei como um recurso
infinito.
—
E é exatamente aí que está o erro. Tempo é como bateria de celular velho: acaba
rápido e demora pra carregar. Se você não prestar atenção, quando vê, já está
no vermelho e não tem tomada por perto.
—
Essa foi boa. Bateria de celular velho foi pesado.
—
Mas real, né? A diferença é que o tempo não avisa quando vai acabar. Ele só
vai. E, quando a gente percebe, já perdeu aniversários, oportunidades,
pessoas...
—
Tá, mas então... qual é a melhor forma de usar o tempo? Tipo, o segredo, sabe?
—
O segredo é parar de viver no automático. Acordar, respirar fundo e perguntar:
“O que eu tô fazendo com o meu dia?”. Se a resposta for “nada demais” por tempo
demais, é sinal de alerta.
—
Às vezes eu fico esperando motivação pra começar. E aí o tempo passa.
—
A motivação é superestimada. Você não precisa dela pra começar. Precisa de
decisão. Depois que começa, a motivação aparece no caminho. Ela é tipo um
convidado atrasado: chega depois de a festa ter começado.
—
Essa foi engraçada. Nunca pensei assim.
—
Pois é. Mas funciona. Se for esperar a tal da motivação, você vai virar sócio
da procrastinação. E os dois vivem juntos numa cobertura chamada “frustração”.
—
Eu tenho medo de desperdiçar mais tempo. Mas também tenho medo de começar e não
dar conta.
—
Medo vai sempre existir. A diferença é que o medo do arrependimento costuma ser
maior que o medo de tentar. E ele é silencioso, mas cruel. Ele te cobra à
noite, quando ninguém mais tá olhando.
—
Isso bateu. Já perdi noites assim. Pensando no que eu deveria ter feito.
—
Então transforme isso em ação. Use esse incômodo como gasolina. Não adianta se
culpar. Culpa não move nada. O que move é decisão e atitude.
—
E se eu tiver começando tarde demais?
—
Só está tarde demais se você ainda estiver parado. Começou? Já está na frente
de quem ainda está só reclamando. Tem gente que acha que perdeu o bonde... sem
perceber que o próximo tá chegando na estação.
—
Essa eu vou anotar.
—
Anota e cola no espelho. Porque toda manhã é uma nova chance de fazer valer o
tempo que ainda resta. O que passou, passou. Mas o agora é seu. E o agora,
quando bem vivido, salva o ontem.
—
Valeu, de verdade. Eu precisava ouvir isso. Tipo, hoje. Agora.
—
E ouviu. Agora levanta daí e vai fazer alguma coisa que o “você do futuro”
agradeça. Porque o “você do passado” já teve tempo demais de palco.
—
É... acho que já deu de ficar parado. O tempo não tá esperando. Então por que
eu tô?
—
Exatamente.
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Se
você chegou até aqui, é porque talvez alguma parte deste diálogo bateu forte aí dentro. Seja pelo lado positivo ou negativo. E isso é bom. Significa que você ainda se importa.
Significa que, mesmo com todos os tropeços, você ainda quer viver de um jeito
mais inteiro, mais consciente, mais seu.
Lembre-se:
não existe controle remoto para rebobinar a vida. Mas existe um volante, e ele
está nas suas mãos agora. E, mesmo que você tenha pegado a estrada errada por
um tempo, o importante é perceber, fazer o retorno e seguir em frente com mais
sabedoria. Porque tempo não se recupera... mas a forma como você vive o que
ainda tem pode mudar tudo.
Use
essa metáfora como guia: “Não há reembolso para tempo perdido.” Que ela te
lembre, todos os dias, que desperdiçar tempo é desperdiçar vida. E a vida,
cara... é o presente mais valioso que você tem.
Se
esse texto mexeu com você, compartilhe. Mande para alguém que vive dizendo
“depois eu faço”. Talvez ele também esteja precisando de um empurrãozinho.
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