sexta-feira, 30 de maio de 2025

Ame-se o suficiente para perceber que o meu sucesso não é a sua derrota.

 
            — Cara, posso te perguntar uma coisa meio aleatória?

— Lá vem bomba... Manda.

— Por que parece que, toda vez que alguém do nosso grupo consegue alguma coisa legal, tipo passar numa prova difícil ou arrumar um trampo massa, o clima muda? Fica esse silêncio estranho, essa sensação de "legal, parabéns aí", sabe?

— Já senti isso também. Parece que a alegria do outro aperta um botão na gente, tipo: “Ei, por que você ainda tá parado aí?” Aí, pronto: gatilho ativado.

— É isso! Não que eu deseje o mal, mas... sei lá, às vezes bate aquela invejinha disfarçada de indiferença. E isso me incomoda.

— Relaxa. Você não é ruim por sentir isso. É humano. Só que aí entra o ponto: a gente precisa se amar o suficiente pra entender que o sucesso de alguém não é um tapa na nossa cara. Não é uma derrota nossa.

— Mas como é que eu separo uma coisa da outra? Tipo, a vida é uma competição, né? Ou pelo menos parece.

— Parece, mas não é. A vida é mais tipo uma maratona em que cada um corre sua própria distância. Eu posso estar na milésima volta e você ainda aquecendo — e tudo bem, a nossa corrida é diferente. O problema é que a gente fica olhando pro lado demais, cuidando da posição do outro, e acaba perdendo o foco do nosso objetivo.

— E se eu disser que tem vezes em que eu não quero nem saber da vitória dos outros? Fico mal. Me sinto inútil. Pequeno.

— Cara, isso diz mais sobre como você tá se tratando do que sobre o outro. Quando a autoestima tá no chão, qualquer sucesso alheio vira um lembrete de que a gente tá atrasado. Mas sabe o que ninguém conta? Que ninguém tá no mesmo relógio.

— Como assim?

— Tipo... enquanto você se cobra por não ter "chegado lá", o outro pode estar se perguntando por que não tem a tua paz, a tua calma, a tua criatividade, o teu jeitão leve de levar as coisas. A gente só vê o palco dos outros, nunca os bastidores.

— Tá. Mas e quando parece que o sucesso deles diminui o meu? Como se eles estivessem me ultrapassando?

— Então, isso é uma ilusão. O sucesso do outro só te diminui se você estiver se medindo pela régua errada. Ninguém te ultrapassa naquilo que só você pode viver.

— Tá filosofando, hein?

— Um pouco, vai. Mas é porque eu já me torturei muito com isso. Já perdi noites me perguntando por que os outros estavam indo tão bem e eu... empacado. Até que entendi: eu não tava me amando. Eu só me comparava.

— E aí você virou o Buda do rolê?

— Nem tanto! Eu só decidi parar de me diminuir. Comecei a me tratar como trataria um amigo: com respeito, com paciência, com incentivo.

— Isso aí é difícil, viu...

— É. Mas é possível. Vai por mim: quando você se ama de verdade, você torce de coração pelos outros. Porque entende que o brilho deles não apaga o seu.

— Amei isso. “O brilho deles não apaga o seu.” Posso tatuar?

— Só se colocar “by Eu Mesmo” embaixo.

— Mas tipo... tem um jeito de treinar isso? De não se sentir ameaçado?

— Começa se perguntando: “O que me faz sentir assim?” Vai fundo. Às vezes é medo de não dar conta, de não ser suficiente. Às vezes é só cansaço. Ou insegurança. O ponto é: se conhecer é o primeiro passo.

— E o segundo?

— Celebrar. Mesmo quando doer. Bater palma pro outro até a inveja cansar e ir embora. Pode parecer falso no começo, mas vira hábito.

— Então, a solução não é fingir que tá tudo bem... é trabalhar pra que fique, né?

— Exato. Porque quem se ama entende que sucesso não é uma corrida de um só prêmio. O mundo não vai acabar porque alguém venceu hoje. Amanhã é você.

— Curioso isso... quanto mais você se cuida por dentro, menos você vê o outro como inimigo.

— E mais você vê o outro como inspiração. Não como ameaça.

— Caramba... isso devia estar em um mural no colégio.

— Ou num outdoor, no meio da cidade: “Ame-se o suficiente pra saber que o sucesso dos outros não é sua derrota.”

— Frase pesada. Daquelas que a gente finge que entendeu, mas depois fica ecoando na cabeça.

— É... e talvez esse seja o segredo: deixar ecoar. Porque, um dia, no meio do caos, você vai lembrar dessa conversa. E vai sorrir.

— Pode anotar aí: quando isso acontecer, eu vou te mandar um áudio só pra dizer “valeu”.

— Demorou. Mas, até lá, vai treinando o aplauso.

— Fechou. Só não me pede pra bater palma pra quem passa na sua frente na fila do caixa.

— Aí já é demais. Um passo de cada vez, né?

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Se você leu até aqui, parabéns. Sério. Porque encarar esse assunto exige coragem. A verdade é que ninguém ensina a gente a lidar com o sucesso do outro. Crescemos ouvindo que temos que vencer, mas ninguém explica o que fazer quando alguém vence antes da gente. Aí bate aquela sensação estranha, como se estivéssemos ficando para trás. Mas deixa eu te contar: não existe “para trás” quando o caminho é só seu.

Você não precisa se comparar para crescer. Amar a si mesmo significa reconhecer que cada pessoa tem seu tempo, sua dor, sua batalha. E que o brilho de alguém não ofusca o seu. Quando você entender isso, vai conseguir olhar para o sucesso do outro e dizer, de verdade: “Que massa! Um dia vai ser a minha vez.”

E vai mesmo. Porque quem vibra pelos outros prepara o próprio caminho com menos peso e mais verdade. Compartilhe esse texto com alguém que precisa ouvir isso hoje. Talvez você esteja sendo a faísca que acende o amor-próprio de alguém — ou, quem sabe, a sua própria.

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