A
noite foi chegando de mansinho, mas não conseguiu fazer com que a escuridão
tomasse conta de tudo, pois a Lua, com todo o seu charme e beleza, se aproximou
e, com seu brilho majestoso, estava iluminando os caminhos dos amantes
noturnos.
Enquanto isso, em uma mesa da lanchonete, três amigos discutiam sobre a vida enquanto tomavam refrigerante e dividiam uma porção de batata frita. João, sempre o mais sério do grupo, estava irritado com um colega de serviço, que teimava em lhe dar conselhos sobre a vida.
—
Cara, eu tô cansado de gente que acha que sabe tudo — reclamou João,
balançando a cabeça. — Um colega mais velho veio me dizer como eu deveria
lidar com meus problemas, mas dá pra ver que ele mesmo não sabe nada sobre a
própria vida.
—
O que ele disse? — perguntou Mariana, curiosa. Ela adorava ouvir
histórias de outros empregos, mesmo que soubessem que João não estava falando
num tom de empolgação.
—
Ah, aquele papinho de “você precisa ser mais isso”, “precisa ser menos
aquilo” ... — João respondeu, imitando o tom do colega. — Mas o cara
vive reclamando de tudo, não parece feliz com nada. Como alguém assim vai me
ensinar alguma coisa?
Pedro,
que estava quieto até então, riu e comeu uma batata.
—
Isso é a coisa mais comum, mano. Tem muita gente querendo ensinar o que
nunca viveu. Eu já vi isso mil vezes. É tipo um “coach” que nunca teve sucesso,
mas tenta te ensinar a ser milionário — comentou Pedro, ainda mastigando.
—
Exato! — João concordou. — Parece que todo mundo tem uma fórmula
mágica pra felicidade, mas ninguém parou pra testar no próprio quintal para
saber se a fórmula era verdadeira.
Mariana
riu e pegou uma batata.
—
Sabe o que é engraçado? Eu acho que a gente só aprende mesmo quando passa
pela experiência. Não adianta só ficar ouvindo quem fala de fora. Tipo, eu sei que
vocês me disseram pra não namorar o Lucas, e olha, vocês estavam certos, esse
conselho eu deveria ter escutado. Mas eu precisei quebrar a cara pra entender
isso. Foi só passando por isso que aprendi de verdade.
—
Aí que tá, Mari! — Pedro interrompeu. — A vida é feita dessas
experiências. Não adianta a gente achar que só com o conselho dos outros vai
dar tudo certo. Claro que ouvir pode ajudar, mas é vivendo que a gente
realmente entende as coisas.
—
E errando — completou João, rindo. — Não tem como fugir disso. A
gente aprende mais com os erros do que com as fórmulas prontas.
Pedro
se inclinou na cadeira, mais sério agora.
—
E eu penso que cada um tem o seu jeito de aprender também. Tipo, o que deu
certo pra mim pode não funcionar pra você, João. A Mariana teve que passar pelo
lance com o Lucas pra entender, mas se fosse outra pessoa, talvez tivesse
percebido isso só com uma conversa. A vida de cada um é única, e a gente tem
que entender isso.
Mariana
fez que sim com a cabeça, pensativa.
—
É verdade. Às vezes, a gente tenta tanto seguir o que os outros dizem que
esquece de viver o nosso próprio caminho, né?
—
Exatamente — João completou, levantando o copo de refrigerante como se
fosse fazer um brinde. — A gente tem que traçar a nossa própria rota. Os
erros, as vitórias, tudo é parte do nosso caminho. Ninguém pode ensinar melhor
do que a vida.
Os
três brindaram, sorrindo. Mariana, ainda rindo, comentou:
— Quem diria que uma porção de batata frita ia virar uma
sessão de filosofia sobre a vida.
— Pois é
— Pedro respondeu, rindo. — A vida não tem manual. A gente vai escrevendo,
uma batata de cada vez.
Eles
riram e continuaram conversando, mas no fundo sabiam que aquela conversa tinha
deixado uma marca. Afinal, era vivendo que eles iriam aprender o que ninguém
podia ensinar.
Veja
bem, isso não quer dizer que não devemos ouvir ninguém. Existem pessoas que
realmente sabem o que estão falando porque já passaram por muita coisa. Nossos
pais, por exemplo. Entretanto, mesmo os
bons conselhos só fazem sentido quando a gente aplica à nossa própria vida, mas
do nosso jeito.
O
segredo é simples: pare de tentar seguir o caminho que os outros desenharam pra
você. Crie o seu. Vai errar? Com certeza. Mas também vai acertar e,
principalmente, aprender. Afinal, a vida não tem manual de instruções. É você
quem escreve cada página.
Então,
da próxima vez que alguém vier te dizer como viver, ouça, mas filtre o que pode servir ou não para você. Lembre-se: a jornada é sua.
E ninguém pode ensinar sobre ela melhor do que você mesmo.
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