Na
sala de estar de um pequeno apartamento, três amigos conversavam enquanto
assistiam a um filme. Caio, sentado no sofá com seu laptop no colo, olhava
distraidamente para a tela. Júlia, deitada em uma almofada no chão, acariciava
seu cachorro adotado, Teco, que dormia tranquilamente ao seu lado. Já Pedro
estava escorado na parede, com os braços cruzados, ouvindo a conversa.
— Cara, às vezes eu penso em como o dinheiro facilita muita coisa — começou Caio, ainda sem tirar os olhos do computador. — Imagina a quantidade de lugares que dá pra conhecer, as coisas que dá pra comprar… deve ser bom demais!
Júlia
riu baixinho, ainda acariciando Teco, que soltou um pequeno suspiro enquanto
dormia.
—
É, Caio, o dinheiro faz muita coisa, mas tem coisas que ele não compra.
— Ela olhou para o cachorro com um sorriso carinhoso. — Tipo o amor desse
carinha aqui.
Pedro,
que até então só ouvia, levantou uma sobrancelha e entrou na conversa:
— Ah, não começa com essa história de “amor verdadeiro”.
Todo mundo sabe que o dinheiro pode comprar até cachorro, né? Você pode ter um
de raça, caríssimo, e ele vai te amar do mesmo jeito.
—
Mas não é disso que eu tô falando — respondeu Júlia, olhando para Pedro
com seriedade. — Claro que você pode comprar um cachorro e vai ter amor.
Mas, cara, o Teco… — Ela fez uma pausa, ajeitando a coleira dele. — Eu
adotei ele no abrigo aqui do bairro. E o amor que ele me dá não é algo que você
compra. Ele tava abandonado, sem esperança, e agora olha pra ele, feliz da
vida. Isso não tem preço.
Caio
fechou o laptop, agora prestando atenção total na conversa.
— Verdade, Ju. Acho que tem um lance diferente quando você
adota, né? Tipo, é uma segunda chance pra eles, e, sei lá, parece que eles
sabem disso. Tem algo especial.
Pedro
deu de ombros, ainda meio cético.
— Tá, tá, entendi. Mas e quem prefere comprar um cachorro,
qual o problema?
—
Não tem problema nenhum — respondeu Júlia. — Mas pensa comigo: tem
tantos cães em abrigos, nas ruas… às vezes só precisam de uma chance, de alguém
que olhe pra eles e veja o valor além da aparência, sabe? Você pode gastar
dinheiro comprando um cachorro, ou pode adotar um que já está ali esperando pra
te amar do jeito que você é, sem ligar se você tem grana ou não.
Pedro
ficou em silêncio por um tempo, pensando no que ela disse. Caio aproveitou a
deixa e continuou:
— E, além disso, mesmo que você não queira ou não possa ter
um cachorro, dá pra ajudar de outras formas. Tipo, você pode doar ração,
brinquedos… essas coisas fazem a diferença pra caramba pra esses abrigos.
Pedro
deu uma risadinha.
—
Tá bom, já entendi. Vocês são sentimentalistas demais. Mas, admito, o Teco
parece um bom exemplo. — Ele se aproximou e fez carinho na cabeça do
cachorro. — Talvez você tenha razão, Ju.
Júlia
sorriu, satisfeita.
— É isso. Amor de verdade não tem etiqueta de preço. Seja
de um cachorro adotado, seja de um amigo, esse tipo de coisa não se compra. Só
se conquista.
Pedro
deu uma risada, meio desconfiado.
— Tá, mas se eu resolver adotar um cachorro e ele não
gostar de mim? Vou ter que devolver?
—
Se você der uma chance, Pedro, ele vai gostar. Isso é garantido — disse
Caio, rindo.
E
assim, entre risadas e discussões sobre o valor do dinheiro e do amor, a noite
continuou, entre filmes, pipocas e muitas histórias.
Enquanto
eles conversavam, acabaram entendendo que tem certas coisas na vida que o
dinheiro simplesmente não compra. Claro, ter grana facilita muita coisa, mas o
amor de verdade — seja de um cachorro ou de amigos que realmente importam — não
tem preço. O Teco não liga pra o que a Júlia tem ou deixa de ter, e do mesmo
jeito, tem amigos que estão do nosso lado pelo que a gente é, não pelo que a
gente pode oferecer materialmente.
No
fim das contas, tanto com animais quanto com amigos de verdade, o que vale
mesmo é a conexão sincera. O dinheiro traz conforto, mas não consegue comprar
aquele tipo de amor que te espera com alegria na porta de casa, que tá com você
nos dias bons e ruins, ou que comemora suas vitórias sem pedir nada em troca.
Esse carinho vem do coração — seja de um cachorro que só quer te ver feliz, ou
daqueles amigos que estão sempre lá, de verdade.
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