sexta-feira, 15 de novembro de 2024

15 de Novembro: apenas um feriado?

Como era feriado, a família resolveu fazer um passeio para visitar Seu Zé, que morava numa praia próxima. Seu Zé é avô de Luiz, um garoto de 10 anos, muito curioso e inteligente.

Após tomarem um café foram para a sala, onde a TV estava ligada e no momento estava passando um desfile de soldados e veículos do exército. Luiz quis logo saber o que era aquela movimentação toda.

Vovô, o que está acontecendo? 

Seu Zé, que sempre dava a maior atenção aos seus netos, tinha 3, esboçando um certo orgulho, lhe respondeu:

Esse é um desfile do dia 15 de novembro. 

Luiz se virou para seu avô perguntando; 

— Vovô, sei que hoje é 15 de novembro, é até feriado. Mas o que eles estão comemorando? 

Seu Zé, parecendo emocionado, respondeu ao seu neto.

Ah! Meu neto, no dia 15 de novembro comemoramos a Proclamação da República do Brasil. Foi quando nosso país deixou de ser uma monarquia e passou a ser uma república, com um governo mais independente, pelo menos na teoria.

Luiz continuou curioso.

Independente? O que isso significa vovô?

Significa que o Brasil passou a decidir seus próprios rumos, sem depender de um rei ou uma rainha, como era antes. O povo começou a ter mais participação no governo, escolhendo seus líderes. Com o tempo passamos a escolher presidente, senadores, deputados federais e estaduais, prefeitos e vereadores. 

Luiz não dava trégua.

E hoje em dia, vovô, o Brasil é mesmo independente?

Seu Zé respirou fundo e pensou um pouco na resposta.

Bom Luiz, na teoria, sim. Mas, na prática, muitos brasileiros esqueceram de valorizar essa independência. Vivemos muito atrelados a costumes e produtos estrangeiros, até na forma de falar. Importamos palavras, tecnologias e modas, e muitas vezes deixamos de valorizar nossa própria cultura e riquezas.

Mas vovô, escuto muito na TV, e até o papai falando, sobre política. Não entendo muito. Às vezes escuto que o Brasil não é independente nessa tal política. Nós não somos? 

Seu Zé, com toda calma tenta explicar.

Em tese, somos, Luiz. Temos um governo próprio, leis nossas, e escolhemos nossos representantes. Mas o mundo está tão conectado que a política e a economia de um país acabam dependendo muito dos acontecimentos globais. O preço de um produto aqui pode mudar por causa de algo que acontece do outro lado do mundo.O mundo está praticamente preso ao dólar, que é a moeda oficial dos Estados Unidos. 

Luiz, meio pensativo, ainda estava curioso.

Vovô, e por que tem tanta gente discutindo e brigando por causa de política? Na TV só aparece que fulano fez isso e aquilo, mas logo em seguida o fulano vem e diz que a culpa é de outro. Como é isso?

Isso, meu neto, não é culpa da política em si. A política é necessária. É através dela que se organiza a sociedade, que se decide como melhorar a saúde, a educação, e como cuidar do povo. O problema é que as pessoas deixaram de usá-la para o bem coletivo. Por ganância, muitos brigam pelo poder e pelo dinheiro. Em vez de pensarem no povo que os elegeu, pensam mais nos próprios interesses e ideais.

Então como deveria ser a política de verdade, vovô?

Nessa altura da conversa, toda a família já estava na sala ouvindo Seu Zé. 

A verdadeira política, Luiz, deveria ser como uma árvore frondosa: suas raízes firmes no povo, alimentando os sonhos e necessidades de todos. Os frutos seriam as melhorias para todos, sem exceção. Uma política justa pensa no bem comum, em educação, saúde, segurança e igualdade. Mais do que isso, deveria unir, e não dividir as pessoas. O dia que entendermos isso, meu neto, a independência do Brasil será real. O dia em que políticos e a população em geral escolherem a sigla BR, ao invés dessas tantas que causam brigas, discussões e até mortes, às vezes, poderemos ter um pouco de esperança. 

Sabe, vovô, vejo tanta gente carregando bandeiras estranhas, gritando viva o Brasil, mas a nossa bandeira é outra, né? Até mais bonita

Seu Zé se levantou, esticou braços e pernas, estava há muito tempo sentado, olhou para Luiz e para o resto da família e disse:

Gente, a nossa bandeira é a mais bonita do mundo. Ela deveria estar na frente de todas as casas e empresas. O povo deveria ter orgulho dela e não brigar em nome dela. Muito menos cuspir, pisotear ou queimar como temos visto ultimamente. A culpa não é da bandeira ou do Brasil. A culpa é nossa, que não valorizamos o nosso direito de votar. Muitos brasileiros, na eleição, pensam com os bolsos e não com a cabeça. Nosso país é lindo. O povo é o mais alegre do mundo. Precisamos é curtir isso. É preciso que realmente aprendamos a viver e respeitar nossa independência. O dia em que o brasileiro não considerar os dia 7 de setembro e 15 de novembro apenas como um feriado para ir à praia, começar a dar valor ao que essas datas representam na nossa história, talvez os rumos desse país comece a mudar. O brasileiro tem que começar a amar mais o Brasil, independentemente de partidos ou políticos.

Seu Zé saiu da sala, mas deu para notar que ele estava emocionado e com algumas lágrimas nos olhos. Seu semblante era uma mistura de orgulho e decepção. 

Carlos, pai de Luiz e filho de Seu Zé, desligou a TV e convidou a todos para se dirigirem à cozinha, pois o almoço estava pronto e o cheiro de churrasco estava tomando conta do ambiente.

O Brasil tem jeito, mas se esquecermos o “jeitinho” brasileiro.

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