terça-feira, 3 de dezembro de 2024

A tua mente, atualmente, atua ou mente?

 

Na pequena sala de Marcelo, um terapeuta com jeito de professor, Júlia e Lucas sentaram-se, cada um, com seus cadernos e um gravador. O trabalho escolar sobre a influência da mente nas decisões tinha levado os dois ali. Ambos estavam cheios de curiosidade e perguntas.

Vamos começar com o básico: como nossa mente decide por nós? — começou Júlia, ajeitando o cabelo atrás da orelha.

Marcelo sorriu.

— Vou responder, mas antes, deixo um desafio. Pensem em algo que vocês queriam muito fazer, mas desistiram.

Os dois se entreolharam. Lucas foi o primeiro a responder.

— Eu sempre quis aprender violão, mas toda vez que penso nisso, minha cabeça começa a dizer que eu não tenho jeito pra música.

E você, Júlia? — perguntou Marcelo.

Ela hesitou antes de responder.

— Eu sempre quis criar um canal no YouTube, mas minha mente vive repetindo que ninguém vai assistir, que não sou boa o suficiente.

Marcelo assentiu com a cabeça, compreensivo.

— Isso que vocês descreveram é o que eu chamo de "mente mentirosa". Ela cria histórias que soam verdadeiras, mas que, no fundo, são apenas desculpas. É como se houvesse uma voz interna tentando nos proteger de fracassos..., mas, ao mesmo tempo, nos impedindo de arriscar.

Lucas inclinou-se ligeiramente, demonstrando interesse.

— Tá, mas por quê? Por que a mente faria isso?

Medo, Lucas. — Marcelo respondeu com calma. — O medo é natural, mas a mente, às vezes, exagera na dose. É como um alarme que dispara mesmo sem perigo real. Ela quer evitar que você se machuque, mas, no processo, pode acabar te paralisando.

Júlia anotou algo rapidamente.

— Então, a mente pode ser tanto nossa aliada quanto nossa inimiga?

— Perfeito, Júlia. Quando ela atua de forma positiva, é incrível. Pense na sensação de terminar algo desafiador, como um projeto difícil ou uma apresentação na escola. Essa é a mente atuando. Ela te ajuda a organizar ideias, encontrar soluções e até te dá aquele impulso final.

Lucas sorriu.

— Tipo quando a gente estuda e tira uma nota boa. A sensação é ótima.

— Exatamente! Mas, por outro lado, a mente também pode te enganar. Já ouviram falar em procrastinação?

Os dois riram, quase em sincronia.

Quem nunca, não é? — disse Júlia.

Marcelo riu junto e continuou.

— Pois é. A procrastinação é um exemplo clássico de como a mente engana. Ela te convence de que “depois” é sempre um momento melhor. Só que esse “depois” nunca chega, e aí vem a culpa, o estresse.

Lucas levantou a mão como se estivesse na sala de aula.

— Mas dá pra reverter isso, né?

Marcelo olhou para ele com um sorriso satisfeito.

— Claro que é possível. Primeiro, você precisa perceber quando sua mente está mentindo. Questionar é o primeiro passo: “Isso é mesmo verdade ou é só um medo disfarçado?” Depois, você pode usar a mesma mente a seu favor, criando hábitos positivos. Pequenos passos, como planejar o dia ou celebrar pequenas vitórias, podem fazer toda a diferença.

Júlia olhou para o terapeuta com um brilho nos olhos.

— Então, a mente pode ser treinada, como um músculo?

— Exatamente, Júlia! Quanto mais você exercitar os pensamentos positivos e produtivos, mais eles se fortalecem. É como trocar o alarme de medo por um alarme de ação. Já leram ou ouviram algo sobre mantras budistas? Os monges praticam pensamentos positivos por horas, sempre repetindo o mesmo mantra. Estão treinando suas mentes para enxergar somente o lado positivo das coisas, por isso eles sempre têm algo bom para nos dizer. E nós também podemos fazer isso.

Marcelo fez uma pausa e olhou para os dois jovens.

— Darei um exemplo prático. Imagine que você está prestes a apresentar um trabalho na frente da turma. Sua mente começa a gritar: “Vai dar errado!” Nesse momento, você pode escolher acreditar nisso ou responder: “Já me preparei, estou pronto.” Se preciso, repita isso várias vezes, até que você se convença disso. Essa mudança de perspectiva faz toda a diferença.

Lucas pensou por um momento.

— E quando não dá pra controlar? Tipo, quando o medo parece maior que tudo?

Marcelo assentiu, empático.

— Isso pode acontecer, e tá tudo bem. Nessas horas, é importante lembrar que o medo é temporário. Ele passa, especialmente se você se der a chance de enfrentá-lo. De fato, a mente pode enganar, mas ao ser desafiada, ela aprende a agir de forma mais útil.

Júlia sorriu, como quem acaba de entender algo profundo.

— Acho que temos material suficiente para o trabalho... e um plano pra treinar nossa mente também.

Marcelo riu, satisfeito.

— Ótimo. Lembrem-se: sempre que estiverem confusos, perguntem-se: “Minha mente está atuando ou mentindo?” Essa pergunta é poderosa.

Ao saírem da sala, ambos pareciam diferentes: mais leves e conscientes. De certa forma, já começavam a treinar a mente, escolhendo atuar em vez de acreditar nas mentiras que ela contava.

A entrevista com o terapeuta trouxe uma lição simples, mas poderosa: nossa mente pode ser tanto uma aliada quanto uma armadilha. Ela tem o poder de nos motivar a alcançar grandes feitos, mas também pode nos paralisar com medos e desculpas que nem sempre são reais. Questionar pensamentos, identificar padrões negativos e desafiar as "mentiras" internas são passos cruciais para assumir o controle das decisões e agir.

A moral é clara: nossa mente precisa ser treinada. Assim como um músculo, ela se fortalece com prática e atenção. Escolher pensamentos positivos, enfrentar o medo e celebrar pequenas conquistas nos ajuda a sair da inércia e seguir em frente. Sempre que sentir dúvida, pergunte-se: sua mente está ajudando ou te segurando? Essa consciência é o primeiro passo para fazer com que ela atue a seu favor.

Lembre-se: o que te impede de agir muitas vezes não é o mundo ao seu redor, mas a forma como você enxerga as possibilidades. Em vez de acreditar em todas as histórias que sua mente conta, opte por reescrevê-las.

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