domingo, 12 de janeiro de 2025

Não procure a felicidade: ela não pode ser encontrada. Você tem de criá-la todos os dias.

 
            Gabriela, 18 anos, estava sentada no sofá da sala de sua casa assistindo à sua série favorita na TV, quando escutou o barulho da porta se abrindo. Era seu irmão, Eduardo, 15 anos, que chegava da rua. Edu, como sua irmã e todos da família o chamavam, parecia meio desolado.

— Sabe, Gabi, tô meio pra baixo hoje — disse Edu, jogando-se no sofá ao lado da irmã.

— Por quê? O que houve? — perguntou Gabi, pausando o seriado.

— É que... sei lá. Eu tava na casa do Lucas e a gente tava navegando na internet. Incrível como todo mundo nas redes sociais parece tão feliz, sabe? Vivendo aquela vida perfeita. E eu aqui, tentando achar minha felicidade e não consigo.

Gabi soltou uma risada suave.

— Meu querido maninho, você tá procurando no lugar errado.

— Como assim?

— A felicidade não é tipo um tesouro escondido que você precisa achar, sabe? Não é algo que você vai encontrar bisbilhotando o feed do Instagram ou Facebook dos outros.

Edu franziu a testa.

— Então é o quê?

— É algo que você constrói. Todo santo dia. Igual a fazer um bolo.

— Um bolo? Tá me zoando, Gabi?

— Não, é sério, mano! Pensa comigo: pra fazer um bolo, você precisa de ingredientes, né? Precisa misturar tudo na medida certa, ter paciência, esperar assar...

— E qual seria a receita da felicidade então, ó grande “chef”? — brincou Edu.

— Ah, cada um tem a sua! Mas tem uns ingredientes básicos, sabe? Tipo gratidão pelas pequenas coisas...

— Tipo?

— Ora, só o fato de você ter entrado em casa, sentado aqui do meu lado e me feito parar de assistir à minha série favorita pra te dar atenção já não é uma coisa muito boa? Isso não é legal? Ou então, aquele momento em que eu, você, o pai e a mãe estamos juntos, sentados à mesa, no café da manhã, no almoço ou na janta, não é um momento feliz?

Edu sorriu de leve.

— É, isso é verdade...

— Outro ingrediente importante na receita da felicidade é fazer o que você gosta. Lembra quando você começou a tocar violão? Você ficava todo empolgado! Parecia tão feliz.

— Nossa, faz tempo que não toco...

— Tá vendo? A gente às vezes esquece de fazer as coisas que nos fazem bem. Esquecemos aquilo que nos deixa feliz, nem que seja por um instante.

— Mas Gabi, tem dias que é difícil demais...

— Ah, tá! E quem disse que seria fácil? Às vezes o bolo não dá certo, a gente erra a medida de algum ingrediente, queima..., mas aí a gente tenta de novo no dia seguinte. O importante é não desistir. Todos os dias, quando acordamos, já é um grande motivo para sermos felizes. A vida tá nos dando mais uma chance de ir atrás dos nossos sonhos.

Edu pegou uma almofada e abraçou.

— Sabe que faz sentido? Mas e aquelas pessoas que parecem felizes o tempo todo? Tenho alguns contatos no Instagram que só postam coisas lindas, alegres. Parecem estar sempre felizes. Comigo parece que não é assim.

— Ah, para! Todo mundo tem seus perrengues. A diferença é que ninguém posta foto chorando no banheiro às três da manhã.

Os dois riram.

— E tem mais uma coisa — continuou Gabi. — A felicidade não precisa ser algo gigante. Às vezes é só um café gostoso, uma música que você ama, um abraço...

— Uma conversa com uma irmã chata que só fala em fazer bolo? — provocou Edu.

— Exatamente! — Gabi jogou uma almofada nele. — E sabe o que mais? A gente precisa parar de achar que felicidade é um estado permanente.

— Como assim?

— A felicidade é tipo uma plantinha. Você precisa regar todo dia, dar sol, cuidar... Tem dia que ela tá mais verdinha, tem dia que tá mais murcha, mas o importante é não deixar de cuidar.

Edu ficou em silêncio por um momento.

— Você devia virar “coach”, sabia?

— Credo, que ofensa! — Gabi fingiu indignação. — Não tenho nada contra quem é “coach”, mas isso não é pra mim. Só tô tentando te ajudar a fazer seu próprio bolo da felicidade.

— E qual é o primeiro passo?

— Que tal pegar aquele violão empoeirado do seu quarto? Traz o meu também. Vamos fazer um dueto e deixar os vizinhos “felizes”. — Gabi deu uma risada.

— Mas você tava assistindo à sua série... — Edu comentou.

— Você já me atrapalhou — disse Gabi brincando. — Agora, vamos ser felizes. Vamos assar nosso bolo.

Os dois riram, e Edu foi buscar os violões.

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Essa conversa entre Edu e Gabi nos mostra uma verdade importante: a felicidade não é um destino, mas uma jornada diária. Não adianta procurar fora aquilo que precisa ser construído dentro de nós.

Como jovens, muitas vezes caímos na armadilha de comparar nossa vida com a dos outros, especialmente nas redes sociais. Mas a verdadeira felicidade está nos pequenos momentos, nas escolhas diárias e na forma como decidimos encarar cada dia.

Se você se identificou com o Edu, lembre-se: você é o chef da sua própria felicidade. Os ingredientes estão aí — gratidão, autoconhecimento, boas amizades, atividades que te fazem bem. Agora é hora de começar a sua receita!

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