Gabriela,
18 anos, estava sentada no sofá da sala de sua casa assistindo à sua série
favorita na TV, quando escutou o barulho da porta se abrindo. Era seu irmão,
Eduardo, 15 anos, que chegava da rua. Edu, como sua irmã e todos da família o
chamavam, parecia meio desolado.
—
Sabe, Gabi, tô meio pra baixo hoje — disse Edu, jogando-se no sofá ao lado da
irmã.
—
Por quê? O que houve? — perguntou Gabi, pausando o seriado.
—
É que... sei lá. Eu tava na casa do Lucas e a gente tava navegando na internet.
Incrível como todo mundo nas redes sociais parece tão feliz, sabe? Vivendo
aquela vida perfeita. E eu aqui, tentando achar minha felicidade e não consigo.
Gabi
soltou uma risada suave.
—
Meu querido maninho, você tá procurando no lugar errado.
—
Como assim?
— A felicidade não é tipo um tesouro escondido que você precisa achar, sabe? Não é algo que você vai encontrar bisbilhotando o feed do Instagram ou Facebook dos outros.
Edu
franziu a testa.
—
Então é o quê?
—
É algo que você constrói. Todo santo dia. Igual a fazer um bolo.
—
Um bolo? Tá me zoando, Gabi?
—
Não, é sério, mano! Pensa comigo: pra fazer um bolo, você precisa de
ingredientes, né? Precisa misturar tudo na medida certa, ter paciência, esperar
assar...
—
E qual seria a receita da felicidade então, ó grande “chef”? — brincou Edu.
—
Ah, cada um tem a sua! Mas tem uns ingredientes básicos, sabe? Tipo gratidão
pelas pequenas coisas...
—
Tipo?
—
Ora, só o fato de você ter entrado em casa, sentado aqui do meu lado e me feito
parar de assistir à minha série favorita pra te dar atenção já não é uma coisa
muito boa? Isso não é legal? Ou então, aquele momento em que eu, você, o pai e
a mãe estamos juntos, sentados à mesa, no café da manhã, no almoço ou na janta,
não é um momento feliz?
Edu
sorriu de leve.
—
É, isso é verdade...
—
Outro ingrediente importante na receita da felicidade é fazer o que você gosta.
Lembra quando você começou a tocar violão? Você ficava todo empolgado! Parecia
tão feliz.
—
Nossa, faz tempo que não toco...
—
Tá vendo? A gente às vezes esquece de fazer as coisas que nos fazem bem.
Esquecemos aquilo que nos deixa feliz, nem que seja por um instante.
—
Mas Gabi, tem dias que é difícil demais...
—
Ah, tá! E quem disse que seria fácil? Às vezes o bolo não dá certo, a gente
erra a medida de algum ingrediente, queima..., mas aí a gente tenta de novo no
dia seguinte. O importante é não desistir. Todos os dias, quando acordamos, já
é um grande motivo para sermos felizes. A vida tá nos dando mais uma chance de
ir atrás dos nossos sonhos.
Edu
pegou uma almofada e abraçou.
—
Sabe que faz sentido? Mas e aquelas pessoas que parecem felizes o tempo todo?
Tenho alguns contatos no Instagram que só postam coisas lindas, alegres.
Parecem estar sempre felizes. Comigo parece que não é assim.
—
Ah, para! Todo mundo tem seus perrengues. A diferença é que ninguém posta foto
chorando no banheiro às três da manhã.
Os
dois riram.
—
E tem mais uma coisa — continuou Gabi. — A felicidade não precisa ser algo
gigante. Às vezes é só um café gostoso, uma música que você ama, um abraço...
—
Uma conversa com uma irmã chata que só fala em fazer bolo? — provocou Edu.
—
Exatamente! — Gabi jogou uma almofada nele. — E sabe o que mais? A gente
precisa parar de achar que felicidade é um estado permanente.
—
Como assim?
—
A felicidade é tipo uma plantinha. Você precisa regar todo dia, dar sol,
cuidar... Tem dia que ela tá mais verdinha, tem dia que tá mais murcha, mas o
importante é não deixar de cuidar.
Edu
ficou em silêncio por um momento.
—
Você devia virar “coach”, sabia?
—
Credo, que ofensa! — Gabi fingiu indignação. — Não tenho nada contra quem é
“coach”, mas isso não é pra mim. Só tô tentando te ajudar a fazer seu próprio
bolo da felicidade.
—
E qual é o primeiro passo?
—
Que tal pegar aquele violão empoeirado do seu quarto? Traz o meu também. Vamos
fazer um dueto e deixar os vizinhos “felizes”. — Gabi deu uma risada.
—
Mas você tava assistindo à sua série... — Edu comentou.
—
Você já me atrapalhou — disse Gabi brincando. — Agora, vamos ser felizes. Vamos
assar nosso bolo.
Os
dois riram, e Edu foi buscar os violões.
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Essa
conversa entre Edu e Gabi nos mostra uma verdade importante: a felicidade não é
um destino, mas uma jornada diária. Não adianta procurar fora aquilo que
precisa ser construído dentro de nós.
Como
jovens, muitas vezes caímos na armadilha de comparar nossa vida com a dos
outros, especialmente nas redes sociais. Mas a verdadeira felicidade está nos
pequenos momentos, nas escolhas diárias e na forma como decidimos encarar cada
dia.
Se
você se identificou com o Edu, lembre-se: você é o chef da sua própria
felicidade. Os ingredientes estão aí — gratidão, autoconhecimento, boas
amizades, atividades que te fazem bem. Agora é hora de começar a sua receita!
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