Após mais um dia de
trabalho, Júlia e Netinho, amigos de longa data que agora trabalhavam na mesma
empresa, caminhavam em direção à parada de ônibus que os levaria para o bairro
onde moram. Júlia parecia incomodada com algo.
—
Ei, Netinho, você acredita em tudo que as pessoas dizem? — perguntou Júlia,
ajeitando a alça da mochila.
Netinho
riu suavemente enquanto chutava uma pedrinha pela calçada.
—
Nem sempre, mas confesso que já me decepcionei acreditando demais. Por que a
pergunta?
Júlia
suspirou.
— Sabe aquele amigo do meu primo? O que jurou que ia ajudar no projeto de arrecadação para a ONG? Sumiu. Não atendeu mais mensagem nenhuma. Mas quando a gente conversava, ele era só promessas.
Netinho
balançou a cabeça, pensativo.
—
Clássico. Falar é fácil, né? Parece que algumas pessoas acreditam que falar já
equivale a percorrer metade do caminho.
—
Pois é, mas aí eu lembrei de algo que minha mãe sempre fala: “Quem observa as
atitudes, não se engana com as palavras.” — disse Júlia, com um sorriso leve.
Netinho
parou de andar por um segundo.
—
Boa essa. Sua mãe tem razão. Acho que a gente aprende a prestar mais atenção
nas atitudes depois de levar umas rasteiras da vida, sabe?
Júlia
concordou.
—
E não é só em relação aos outros, não. Isso vale para a gente também. Quantas
vezes a gente promete coisas para nós mesmos e não cumpre?
Netinho
soltou uma risada sincera.
—
Tipo aquela dieta que eu comecei toda segunda-feira do ano passado?
Os
dois riram.
—
Exatamente! Mas falando sério, Netinho. Quando a gente só fala e não age, perde
credibilidade. E pior: a gente também começa a acreditar menos em nós mesmos.
—
Verdade. É como se cada promessa não cumprida fosse uma martelada na confiança
que a gente tem na própria palavra.
Júlia
fez um gesto afirmativo com a cabeça.
—
E tem aquela questão da persistência também. Porque não basta agir uma vez e
pronto. Atitude é constância.
Netinho
olhou para o céu, como se estivesse buscando as palavras certas.
—
Sabe, Júlia, eu acho que a gente tem que treinar esse lance de ser coerente
entre o que fala e o que faz. Tipo academia, sabe? Começa leve, mas todo dia
tem que puxar um peso.
Júlia
sorriu.
—
Boa analogia. E é nisso que muita gente se engana. Falar bonito é fácil, mas
manter uma rotina de atitudes que condizem com o discurso é o verdadeiro
desafio.
—
E sabe o que é pior? Às vezes a gente se pega acreditando mais em quem fala
bonito do que em quem mostra resultado às claras.
—
Bem isso. Mas é uma questão de treino, Netinho. Se a gente observar bem, a
verdade sempre está no gesto.
Netinho
cruzou os braços.
—
Júlia, se você tivesse que dar uma dica rápida sobre isso, qual seria?
—
Simples: confie menos no que escuta e mais no que vê. As palavras encantam, mas
só as atitudes confirmam.
Netinho
pensou por um instante.
—
Isso vale para o amor também, né?
Júlia
gargalhou.
—
Vale para tudo! Amizades, trabalho, sonhos, política… Quem observa atitudes não se engana
com palavras.
—
Sábio conselho, Júlia. Vou aplicar. Chega de acreditar em promessas vazias.
—
E começa com você mesmo, Netinho. Se prometer algo, vai lá e faz.
Netinho
sorriu.
—
Combinado. E você também, hein? Não adianta só dar conselho.
—
Pode deixar! A gente vai ser a prova viva de que atitude fala mais alto.
Os
dois seguiram pela rua, agora com uma energia renovada.
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Se
você chegou até aqui, deve ter percebido uma verdade simples: palavras podem
enganar, mas atitudes não mentem.
No
dia a dia, a tentação de acreditar em promessas ou discursos bonitos é grande.
Mas não se deixe levar apenas pelo que escuta. Observe como as pessoas agem —
e, principalmente, como você mesmo age.
Lembre-se:
não é o que você diz ou que dizem de você, que define quem você é, mas o que
você faz. O mundo precisa de menos discursos e mais ações concretas. Seja você
o exemplo.
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