Ana, 18 anos, e Lucas, seu irmão de 14, estavam sentados na beira da piscina, apenas com os pés dentro da água, conversando sobre as pessoas desejarem ver mais a tua queda do que a tua vitória.
— Sabe aquela frase que
diz: “Para somar, quase ninguém. Para te diminuir, tem até fila”? — começou
Lucas, olhando para Ana enquanto ajustava os óculos.
—
Ah, sim. Já ouvi. E é verdade, né? — respondeu ela, balançando a cabeça.
—
Demais. Parece que todo mundo tem uma opinião sobre o que você deveria fazer,
mas poucos estão lá pra te ajudar de verdade.
—
Exato! — Lucas deu uma risada meio sem graça. — É tipo... quando você decide
fazer algo diferente, tipo mudar de curso ou tentar um emprego novo. Todo mundo
fala: “Ah, será que é uma boa ideia?”. Mas ninguém aparece pra te dar uma
força.
— E pior — Ana interrompeu, erguendo a voz —, se você falhar, ainda tem gente que fica feliz. Sabe? Tipo: “Eu avisei!”. É como se o fracasso dos outros fosse um troféu pra eles.
—
Nossa, sim! — Lucas concordou. — E o pior é que a gente
acaba deixando isso nos afetar. Começa a duvidar da gente mesmo, só porque os outros
não acreditam.
—
Mas aí que tá — Ana inclinou-se pra frente, com um olhar mais sério. — A gente
não pode deixar isso nos parar. Se a gente for esperar que todo mundo vá somar,
a gente não sai do lugar.
—
Verdade. Mas é difícil, né? — Lucas suspirou. — Às vezes, a gente só quer um
pouco de apoio. Alguém pra dizer: “Você consegue!”.
—
É, mas a vida não é um filme da Disney, Lucas — Ana deu uma piscadinha. — Nem
sempre vai ter uma plateia torcendo por você. E tá tudo bem. A gente tem que
aprender a ser nossa própria torcida.
—
Nossa, que profundo! — Lucas riu, mas logo ficou sério de novo. — Mas você tá
certa. A gente tem que parar de buscar validação nos outros.
—
Exato! — Ana levantou o dedo, como se estivesse dando uma aula. — E sabe por
quê? Porque quem tá na fila pra te diminuir não tá preocupado com o seu bem.
Eles só querem se sentir melhores às suas custas.
—
E aí a gente cai naquela velha história de comparação — Lucas completou. —
Ficamos nos comparando com os outros e esquecendo que cada um tem seu tempo,
seu caminho.
—
E o caminho é só seu, Lucas — Ana falou com firmeza. — Ninguém mais vai andar
por ele. Então, por que deixar que os outros definam o ritmo?
—
É... — Lucas ficou pensativo por um momento. — Mas e quando a gente se sente
sozinho nessa caminhada?
—
Aí a gente lembra que solidão não é sinônimo de fraqueza — Ana respondeu, com
um sorriso tranquilo. — Às vezes, é na solidão que a gente encontra nossa
força.
—
Nossa, você tá inspirada hoje, hein? — Lucas brincou. — Mas
é verdade. A gente tem que aprender a confiar mais na gente mesmo.
—
E aí, quando a gente faz isso, percebe que não precisa de uma multidão pra
somar — Ana concluiu. — Basta a gente acreditar que é capaz.
—
E os que querem te diminuir? — Lucas perguntou, curioso.
—
Ah, esses a gente ignora — Ana respondeu, com um gesto de mão. — Eles são como
vento: fazem barulho, mas não levam a lugar nenhum.
—
Gostei da analogia — Lucas riu. — Mas e quando o vento é forte demais?
—
Aí a gente se firma — Ana falou, com convicção. — Porque vento forte só derruba
quem não tem raízes. E a gente tem que construir raízes fortes, sabe?
—
Raízes fortes... — Lucas repetiu, como se estivesse guardando a frase. — E como
a gente faz isso?
—
Aprendendo a gostar da gente mesmo — Ana respondeu, sem hesitar. — Quando a
gente se conhece de verdade, ninguém consegue nos abalar.
—
Mas e os erros? — Lucas questionou. — E quando a gente falha?
—
Erros fazem parte — Ana disse, com um sorriso tranquilo. — Eles não te definem.
O que te define é como você levanta depois de cair.
—
E se as pessoas rirem da sua queda? — Lucas insistiu.
—
Deixa elas rirem — Ana respondeu, com um brilho nos olhos. — Enquanto elas
estão rindo, você tá lá, levantando. E no final, quem vai rir por último é
você.
—
Gostei dessa — Lucas sorriu. — Mas e quando a gente não tem forças pra
levantar?
—
Aí a gente para um pouquinho — disse Ana, com a voz tranquila. — Descansar não
é fracasso. O que importa é não desistir.
—
E as pessoas que somam de verdade? — Lucas perguntou, com um brilho de
esperança nos olhos.
—
Essas são raras, mas existem — respondeu Ana, sorrindo daquele jeito caloroso.
— Quando aparecem, a gente tem que cuidar delas. São tipo diamantes: difíceis
de achar, mas valem muito.
—
E os outros? — Lucas insistiu.
—
Ah, os outros a gente deixa pra lá — disse Ana, fazendo um gesto leve com a
mão. — Não vale gastar energia com quem não quer ver você bem.
—
E se for alguém próximo? — Lucas perguntou, mais sério agora.
—
Aí a gente conversa — explicou Ana, com calma. — Fala o que sente. Mas se a
pessoa não entender, não dá pra forçar. Cada um tá vivendo sua própria jornada.
—
E se machucar? — Lucas questionou, com um olhar preocupado.
—
Vai machucar — admitiu Ana. — Mas a dor passa. O que fica é o que você aprende
com ela.
—
E o que a gente aprende? — Lucas quis saber.
—
Que você não precisa da aprovação de ninguém — Ana sorriu confiante. — Aprende
a ser forte por você mesmo.
—
E quando não se sente forte? — ele perguntou de novo.
—
Aí a gente finge — disse Ana, rindo. — Até perceber que nem tá mais fingindo.
—
Gostei disso — Lucas sorriu. — Tipo "finge até conseguir"?
—
Exato! — Ana confirmou animada. — E no final, você vê que sempre foi forte. Só
faltava acreditar.
—
E os que te diminuem? — Lucas continuou.
—
A gente transforma em degrau — respondeu Ana, com aquele olhar determinado. —
Cada crítica, cada cara feia vira motivação.
—
E se a gente não conseguir? — ele perguntou com uma ponta de dúvida.
—
Aí tenta de novo — Ana disse, firme. — E de novo. E mais uma vez, até
conseguir.
—
E se nunca der certo?
—
Então a gente muda o plano — disse Ana, tranquila. — Mas desistir? Isso não. O
que importa é estar em paz com você mesmo.
—
E os que somam? — Lucas perguntou de novo.
—
Esses a gente guarda no coração — disse Ana, sorrindo sincera. — E agradece por
ter encontrado.
—
E a gente? — Lucas finalizou, cheio de esperança.
—
A gente segue em frente — concluiu Ana, com brilho nos olhos. — Porque, no
final, quem realmente importa é a gente mesmo.
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Nem
todo mundo vai torcer por você na vida, e tá tudo bem. O que não dá é deixar
que essas opiniões decidam quem você é ou até onde pode ir.
Se
perceber que tem mais gente querendo te puxar pra baixo do que ajudar, lembra:
isso fala mais sobre eles do que sobre você. E você não precisa carregar o peso
das expectativas dos outros.
A
caminhada é sua. Só você sabe o que faz sentido pra você. Então segue. Mesmo
que por um tempo seja sozinho. Porque, lá no fundo, a pessoa que mais importa
na sua vida é você. E você é bem mais forte do que imagina.
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