—
Cara, tô exausto. Sério, parece que todo mundo quer um pedaço de mim. Minha
chefe pediu pra eu ficar até tarde de novo, meu amigo pediu pra ajudá-lo na
mudança no fim de semana, e minha prima quer que eu seja o fotógrafo do chá de
bebê dela. Eu nem sei tirar foto direito!
—
(risos) Lucas, você tá parecendo um rodízio grátis, sabia? Todo mundo chega,
pega um prato e se serve! Mas deixa eu te contar uma coisa que aprendi na
marra: dizer "não" sem culpa é tipo colocar um cinto de segurança na
sua sanidade. Seu bem-estar vem primeiro, mano.
— Tá, mas como eu faço isso? Eu fico com peso na consciência. Parece que tô sendo egoísta ou deixando alguém na mão. E se eles ficarem bravos comigo?
—
Eu te entendo, já passei por isso. No começo, eu também achava que dizer
"não" era quase um crime. Mas olha só: já parou pra pensar que,
quando você diz "sim" pra tudo, quem fica na mão é você? Eu aprendi
que meu tempo e minha energia são tipo um tesouro. Não dá pra sair distribuindo
por aí como se fosse folheto de promoção na rua.
—
(risos) Boa essa! Mas, sério, como você começou a dizer "não" sem
parecer um babaca?
—
Primeiro, parei de me explicar demais. Sabe aquele discurso de "desculpa,
mas eu não posso porque..."? Cortei isso. Hoje eu só digo: "Pô, dessa
vez não dá, mas boa sorte aí!". Simples, direto e ninguém morre por causa
disso. As pessoas sobrevivem, acredite ou não.
—
Humm, parece fácil quando você fala assim. Mas e se for alguém importante?
Tipo, família ou um amigo muito próximo?
—
Aí é que o bicho pega, né? Já tive que dizer "não" pra minha mãe uma
vez. Ela queria que eu fosse com ela num evento chato de família, mas eu tava
no meu limite. Respirei fundo e disse: "Mãe, dessa vez vou ficar de fora,
preciso descansar." Ela fez aquele olhar de "você tá me
abandonando", mas depois passou. Hoje ela até respeita mais meus limites.
—
Caramba, você é corajoso! Eu fico imaginando minha mãe falando: "Eu te
criei pra isso?"
—
(risos) Pois é, às vezes rola um drama, mas olha só: ninguém te criou pra ser
capacho de ninguém, nem da família. Dizer "não" não é falta de amor,
é amor por você mesmo. Comecei a ver isso como um escudo invisível contra o
caos.
—
Tá, mas e no trabalho? Minha chefe não vai gostar nada se eu recusar hora
extra.
—
No trabalho é mais delicado, mas dá pra fazer também. Já disse "não"
pra uns projetos extras que iam me deixar louco. Claro, com jeitinho:
"Olha, eu adoraria ajudar, mas minha carga tá cheia agora. Tem outra
solução?". Isso mostra que você tá no jogo, mas não vai se matar por ele.
—
E ela aceita numa boa?
—
Nem sempre, mas percebi que as pessoas respeitam quem se respeita. Se você se
coloca em primeiro lugar com firmeza, elas acabam entendendo. E se não
entenderem, problema delas, não seu. Sua paz vale mais do que a aprovação dos
outros.
—
Você fala como se fosse simples, mas eu fico ansioso só de imaginar.
—
Eu sei, mano, no começo é tenso mesmo. Meu coração batia acelerado nas
primeiras vezes. Mas é tipo pular na piscina: o primeiro mergulho assusta, mas
depois você pega o jeito e até curte a água gelada. Dizer "não" vira
um hábito.
—
E se eu acabar ficando sozinho? Tipo, afastando todo mundo?
—
Esse é um medo comum, mas pensa comigo: quem vai te abandonar só porque você
disse "não" uma vez não merece estar do seu lado. Eu já perdi umas
amizades assim, e sabe o que mais? Não fez falta. Quem fica é quem te vê como
humano, não como máquina de favores.
—
Faz sentido... Mas ainda me sinto mal às vezes.
—
Normal, a culpa é uma chata que adora aparecer sem ser chamada. Eu lido com ela
assim: olho no espelho e digo pra mim mesmo: "Você merece descansar, você
merece escolher." É tipo um cala-boca na culpa e segue o baile.
—
(risos) Você fala com o espelho? Tá parecendo cena de filme!
—
(risos) Às vezes sim! É meio brega, mas funciona. O importante é lembrar que
seu bem-estar não é negociável. Dizer "não" é como regar a plantinha
da sua sanidade. Se você não cuida, ela murcha.
—
Gostei dessa metáfora. Mas e se eu disser "não" e depois me
arrepender?
—
Aí você aprende, ué. Nem todo "não" vai ser perfeito, mas é melhor se
arrepender de uma escolha sua do que viver carregando o peso de um
"sim" que te destruiu. Eu já disse "não" pra algumas coisas
e depois pensei "podia ter ido", mas o alívio de ter me escutado
valeu mais.
—
Tá começando a fazer sentido. Acho que vou tentar.
—
Vai fundo, Lucas! Começa com algo pequeno. Tipo, recusa o pedido da sua prima
pra ser fotógrafo. Fala que sua especialidade é foto de paisagem, não de fralda
(risos). Vai testando, você vai ver como é libertador.
—
(risos) Boa! Vou dizer isso pra ela. Mas sério, acho que vou me sentir mais
leve.
—
Vai sim. Dizer "não" sem culpa é como tirar uma mochila cheia de
pedras das costas. Você anda mais solto, mais você. E olha: sua vida é sua, não
um self-service pros outros. Priorize você, mano.
—
Valeu, cara. Tô começando a enxergar isso de outro jeito.
—
De nada! E ó, quando começar a dizer "não", me conta como foi. Quero
saber das suas vitórias. Seu bem-estar é o primeiro passo pra ser quem você
quer ser, sem rabo preso.
--------------------------------------
Esse
papo entre Lucas e mim é mais do que uma conversa fictícia – é um convite pra
você olhar pra dentro e se perguntar: "Tô me colocando em primeiro lugar
ou tô virando um rodízio grátis pros outros?". Dizer "não" sem
culpa não é sobre ser grosso ou egoísta, é sobre cuidar da sua energia, do seu
tempo e da sua paz. E acredite: você merece isso mais do que imagina.
A
moral da história é simples: sua vida é só sua, não a casa da "Mãe
Joana", onde todo mundo manda e faz o que quer. Quando você aprende a
dizer "não" com leveza, abre espaço pra dizer "sim" pras
coisas que realmente importam – seus sonhos, seus momentos, você. E se rolar um
drama no caminho, relaxa: até novela tem drama, mas os finais costumam ser
felizes.
Então,
bora lá? Pegue esse "não" como um superpoder e use sem medo. Sua paz
interior agradece, e eu aposto que você vai se surpreender com o quanto pode
crescer quando para de carregar o peso dos outros. Se joga, você é mais forte
do que pensa!
Nenhum comentário:
Postar um comentário