sexta-feira, 3 de outubro de 2025

Pequenas, mas poderosas!

 
            — Ô, gente, chega mais. Vem cá que eu vou contar uma história diferente. Não é coisa inventada, não: é vida real, a vida das abelhas.

— Abelhas? Ih, lá vem coisa chata, hein, seu Antônio... — reclamou o garoto magro, puxando o cadarço do tênis, com aquela cara de quem queria ir embora.

— Chata? Rapaz, se não fosse por essas bichinhas barulhentas, vocês não iam ter fruta no lanche nem mel no pão. E olha lá se iam ter flor pra enfeitar a mesa da mãe de vocês.

— Sério isso? Elas são tão pequenininhas... parece que só servem pra dar ferroada. — disse uma menina de cabelo cacheado, fazendo careta.

— Pois é aí que vocês se enganam. Essas pequeninas são verdadeiras guerreiras. Cada uma tem um trabalho. Vocês sabiam que existem vários tipos de abelhas? Tem a europeia, que dá muito mel, e tem as nossas sem ferrão, tipo jataí e mandaçaia. O mel delas é docinho, parece até remédio bom.

— Sem ferrão? Tipo, não picam mesmo? — perguntou um garoto, já mais curioso.

— Exatamente. Essas são de boa, não têm veneno. Muita gente cria no quintal de casa. Agora, já as africanizadas... aí sim, são bravas. Se se sentirem ameaçadas, atacam em bando.

— Ih, eu já levei uma ferroada dessas. O braço ficou parecendo um balão! — lembrou a menina, coçando o braço e rindo de nervoso.

— Pois é, dói mesmo. E em algumas pessoas pode dar reação séria. Por isso, respeito total. Não dá pra sair metendo a mão no enxame.

— Mas como é que elas fazem o mel, seu Antônio? Sempre quis saber. — perguntou o garoto mais calado.

— Ah, essa parte é linda. Elas saem voando de flor em flor, pegam o néctar e guardam numa bolsinha dentro do corpo. Quando voltam pra colmeia, vão passando de uma pra outra até virar mel. É tudo coletivo, ninguém faz sozinho.

— Então o mel é tipo a comida delas? —

— Isso! É o estoque pro inverno, quando tem menos flor. O apicultor pega só uma parte. Nunca tudo, senão elas passam fome. É uma troca justa.

— E se as abelhas sumissem do planeta? — perguntou a garota, assustada.

— Aí, minha filha, o mundo virava um caos. Sem abelhas, não tem polinização. Sem polinização, muitas plantas não dão frutos, não nascem flores novas... os bichos que dependem disso também sofrem. Até a comida na mesa de vocês ficaria mais cara.

— Nossa! Nunca imaginei que um bichinho tão pequeno fosse tão importante.

— Pois é, e o pior é que muita gente nem liga. Usa veneno, desmata, queima... Aí elas vão sumindo. E sem elas, a gente dança junto.

— Mas elas não são perigosas também? — retrucou o garoto.

— São, ué. O ferrão tá lá. Mas olha: elas só atacam se se sentirem ameaçadas. O bem que fazem é muito maior que o risco. Se a gente respeita o espaço delas, não tem problema.

— E aquele papo de que a abelha morre quando pica? É verdade? —

— Verdade. Pelo menos nas com ferrão. Quando elas picam, o ferrão fica preso e arranca parte do corpo. Elas só usam isso quando não têm outro jeito.

— Caramba, é tipo um sacrifício, então.

— Isso mesmo. Elas não atacam por atacar. Sabem o preço. É até uma lição pra gente: nem toda briga vale a pena.

— Gostei dessa. Parece conselho de vida. — disse a menina, sorrindo.

— E é. Quem observa abelha aprende muito mais do que pensa. Elas vivem em comunidade, cada uma com seu papel, sem passar por cima da outra.

— Mas deve ter uma que manda, né? —

— Tem sim, a rainha. Ela põe os ovos pra manter a colmeia viva. Mas não é “chefe” mandona. O trabalho flui porque cada uma sabe o que tem que fazer.

— Então elas não brigam entre si? —

— Quase nunca. Só quando nasce outra rainha e precisa assumir. Fora isso, é união total.

— Poxa, parece um time de futebol. Cada um na sua posição. — disse o menino mais animado.

— Boa! Sem goleiro, o time leva gol. Sem atacante, não marca. Assim são as abelhas: cada uma tem função, e todas importam.

— E o mel delas é sempre igual? —

— Não. Depende da flor. Tem mel clarinho, mel escuro, mel suave, mel forte. O de laranjeira é clarinho e delicado. O de eucalipto é escuro e marcante.

— Nossa, não sabia disso.

— Pois é. O mundo das abelhas é cheio de segredos e sabores. Tudo começa no trabalho incansável delas.

— Se todo mundo cuidasse das abelhas, o mundo seria mais bonito, né?

— Sem dúvida. Cuidar delas é cuidar da natureza. Plantar flores, evitar veneno, respeitar o espaço. Coisa simples que muda tudo.

— Vou falar isso em casa. Minha mãe vive reclamando das abelhas no quintal. Vou explicar que elas ajudam mais do que atrapalham.

— Faça isso, garoto. Se mais gente pensar assim, a gente garante o futuro.

— Se elas são assim tão importantes, por que ainda não foi criada uma estátua para homenageá-las?

— Bom, elas ainda não têm estátua, mas aqui no Brasil, todo dia 3 de outubro comemoramos o Dia Nacional das Abelhas. Já é um começo.

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As abelhas, mesmo pequenas, mantêm a vida florescendo. Elas ensinam sobre união, esforço e respeito à natureza.

Sem elas, o mundo perde cores, sabores e equilíbrio. Por isso, não devemos vê-las apenas como um perigo, mas como parceiras que merecem ser protegidas.

Respeitar as abelhas é respeitar a nós mesmos. Quando cuidamos delas, cuidamos do nosso próprio futuro.

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