Léo estava sentado na
varanda com o avô, num fim de tarde tranquilo, quando resolveu desabafar. Ele recém havia completado 16 anos e acabara de perder o estágio e, sabendo que a vaga logo seria preenchida por
outra pessoa, sentia um vazio estranho no peito. Olhou para o avô, que saboreava
o café lentamente, e não resistiu:
— Vovô, você já se sentiu… substituível?
O
velho sorriu de canto, observando o neto por alguns segundos antes de
responder.
— Olha, Léo, já sim. Acho que todo mundo sente isso em algum momento, principalmente quando perdemos algo que a gente acha que só nós sabemos fazer — começou ele, ajeitando os óculos. — Mas deixa eu te contar uma coisa… você lembra da história da oficina, né?

