
Era
uma tarde daquelas em que o calor parece grudar na pele. O sol estava pegando
firme e, no quintal da casa antiga, embaixo da sombra boa da velha goiabeira, o
vô Zé juntou os netos. Luiza, com 15 anos, estava no celular, bem no modo
distraída. Lucas, de 13, jogava uma pedrinha para o alto e tentava pegá-la de
volta. Já Clara, a caçula de 12, desenhava uns círculos na terra com um
graveto. O vô, com aquele sorrisinho esperto de quem tem história para contar,
pigarreou alto, chamando a atenção dos três.
—
Ei, vocês aí! Dá um tempo no celular e na pedrinha só por um minutinho. Quero
contar uma coisa que aprendi sendo avô. E, antes disso, pai. Sabem o que é?
Luiza
levantou uma sobrancelha, ainda com os olhos colados na tela.
—
O quê, vô? Que a gente tem que comer mais verdura? — disse, rindo com um leve
deboche.
Zé
deu uma risada, balançando a cabeça.
— Não, minha querida. É sobre amor. Um tipo de amor que não acaba nunca. Já pararam pra pensar o que é ser pai? Ou, no meu caso, avô?
