Lucas, um jovem rapaz de
17 anos, sentado num banco da praça, estava claramente incomodado. Seus amigos,
Clara (17) e João (18), notaram o seu silêncio. Era estranho, Lucas sempre foi o mais
animado do grupo, sempre tinha uma piada na ponta da língua ou um comentário
otimista, mas, nos últimos dias, ele parecia longe, perdido em pensamentos.
— Cara, fala pra gente, o que está acontecendo? — perguntou
Clara, dando um empurrãozinho no braço dele.
Lucas
suspirou e olhou para os dois amigos.
— Sabe quando parece que o universo está jogando tudo contra você? — começou ele, sem levantar o olhar. — Nada dá certo. Na faculdade, estou me enrolando nas matérias, no trabalho o chefe vive pegando no meu pé, e em casa... não consigo nem conversar, tudo vira briga.
Clara
e João trocaram olhares. Logo identificaram que Lucas estava passando por uma
fase difícil, mas não imaginavam que a coisa tinha ficado tão pesada.
— Parece que todo mundo está me jogando pedras, sabe? —
continuou Lucas, agora olhando para o céu cinzento. — É difícil manter o ânimo
quando tudo dá errado.
João,
sempre o mais tranquilo do grupo, deu uma risada curta e disse:
— Acho que você está precisando conversar com o meu avô.
— O seu avô? — perguntou Lucas, levantando uma sobrancelha.
— Sim, ele sempre tem umas frases esquisitas, mas que
acabam fazendo sentido. Uma vez ele me disse: ‘Quando tudo for pedra, atire a
primeira flor.’ Eu não entendi de primeira, mas depois percebi que era sobre
como reagimos às dificuldades.
Clara
balançou a cabeça, concordando.
— Isso faz muito sentido, Lucas. Quando você está cercado
de problemas, revidar com raiva ou frustração só piora as coisas. Talvez, se
você tentar reagir de uma forma mais leve, com mais paciência, as coisas mudem
de perspectiva.
Lucas
ficou em silêncio por um momento, pensando nas palavras dos amigos. Ele nunca
tinha olhado para seus problemas por esse ângulo. Sempre que algo dava errado,
sua primeira reação era ficar irritado, chateado. Talvez ele estivesse
aumentando ainda mais os problemas, ao invés de tentar buscar uma solução.
— Mas como eu faço isso? — perguntou ele, parecendo
curioso.
— Não é fácil — admitiu João, cruzando os braços. — É uma
questão de prática. Ao invés de se deixar levar pelo estresse, tenta encontrar
uma solução mais tranquila. Sei que parece coisa de livro de autoajuda, mas às
vezes, só a maneira como você reage já muda a situação. Quando o ambiente está
pesado, jogue uma flor. Tenta ser o lado positivo, mesmo que o resto esteja
complicado.
Clara
sorriu e completou:
— Eu sei que é complicado, mas pensa nisso como uma
escolha. Você pode seguir o fluxo das pedras e deixar isso te derrubar, ou pode
escolher ser diferente. Tentar ser aquele que, ao invés de atirar pedras, entrega flores. No final das contas, sua atitude pode inspirar os outros
ao seu redor. Pode ser que eles também parem de jogar pedras.
Lucas
deixou escapar um sorriso, o primeiro em dias.
— Acho que vocês têm razão. Talvez seja hora de jogar umas flores por aí... E quem sabe, até mudar o jogo.
E, voltando a ser o "velho" Lucas, perguntou:
— Alguém sabe onde tem uma floricultura por aqui? Preciso comprar umas flores.
Eles
riram, e por um instante, o peso que Lucas carregava pareceu mais leve. Ele
sabia que não seria fácil, mas, com o apoio dos amigos e uma nova maneira de
enxergar as coisas, sentiu que talvez, só talvez, estivesse pronto para
enfrentar o que viesse.
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