sábado, 5 de outubro de 2024

Quando tudo for pedra, atire a primeira flor.

 

Lucas, um jovem rapaz de 17 anos, sentado num banco da praça, estava claramente incomodado. Seus amigos, Clara (17) e João (18), notaram o seu silêncio. Era estranho, Lucas sempre foi o mais animado do grupo, sempre tinha uma piada na ponta da língua ou um comentário otimista, mas, nos últimos dias, ele parecia longe, perdido em pensamentos.

— Cara, fala pra gente, o que está acontecendo? — perguntou Clara, dando um empurrãozinho no braço dele.

Lucas suspirou e olhou para os dois amigos.

— Sabe quando parece que o universo está jogando tudo contra você? — começou ele, sem levantar o olhar. — Nada dá certo. Na faculdade, estou me enrolando nas matérias, no trabalho o chefe vive pegando no meu pé, e em casa... não consigo nem conversar, tudo vira briga.

Clara e João trocaram olhares. Logo identificaram que Lucas estava passando por uma fase difícil, mas não imaginavam que a coisa tinha ficado tão pesada.

— Parece que todo mundo está me jogando pedras, sabe? — continuou Lucas, agora olhando para o céu cinzento. — É difícil manter o ânimo quando tudo dá errado.

João, sempre o mais tranquilo do grupo, deu uma risada curta e disse:

— Acho que você está precisando conversar com o meu avô.

— O seu avô? — perguntou Lucas, levantando uma sobrancelha.

— Sim, ele sempre tem umas frases esquisitas, mas que acabam fazendo sentido. Uma vez ele me disse: ‘Quando tudo for pedra, atire a primeira flor.’ Eu não entendi de primeira, mas depois percebi que era sobre como reagimos às dificuldades.

Clara balançou a cabeça, concordando.

— Isso faz muito sentido, Lucas. Quando você está cercado de problemas, revidar com raiva ou frustração só piora as coisas. Talvez, se você tentar reagir de uma forma mais leve, com mais paciência, as coisas mudem de perspectiva.

Lucas ficou em silêncio por um momento, pensando nas palavras dos amigos. Ele nunca tinha olhado para seus problemas por esse ângulo. Sempre que algo dava errado, sua primeira reação era ficar irritado, chateado. Talvez ele estivesse aumentando ainda mais os problemas, ao invés de tentar buscar uma solução.

— Mas como eu faço isso? — perguntou ele, parecendo curioso.

— Não é fácil — admitiu João, cruzando os braços. — É uma questão de prática. Ao invés de se deixar levar pelo estresse, tenta encontrar uma solução mais tranquila. Sei que parece coisa de livro de autoajuda, mas às vezes, só a maneira como você reage já muda a situação. Quando o ambiente está pesado, jogue uma flor. Tenta ser o lado positivo, mesmo que o resto esteja complicado.

Clara sorriu e completou:

— Eu sei que é complicado, mas pensa nisso como uma escolha. Você pode seguir o fluxo das pedras e deixar isso te derrubar, ou pode escolher ser diferente. Tentar ser aquele que, ao invés de atirar pedras, entrega flores. No final das contas, sua atitude pode inspirar os outros ao seu redor. Pode ser que eles também parem de jogar pedras.

Lucas deixou escapar um sorriso, o primeiro em dias.

— Acho que vocês têm razão. Talvez seja hora de jogar umas flores por aí... E quem sabe, até mudar o jogo.

E, voltando a ser o "velho" Lucas, perguntou:

Alguém sabe onde tem uma floricultura por aqui? Preciso comprar umas flores.

Eles riram, e por um instante, o peso que Lucas carregava pareceu mais leve. Ele sabia que não seria fácil, mas, com o apoio dos amigos e uma nova maneira de enxergar as coisas, sentiu que talvez, só talvez, estivesse pronto para enfrentar o que viesse.

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