Era uma tarde ensolarada
e três amigos, Lucas, Rafa e Bianca, resolveram se encontrar em uma lanchonete
da cidade para conversar e botar o papo em dia. Entre uma mordida no hambúrguer
e outra, o assunto começou a esquentar quando o tema “sucesso” entrou na roda.
Lucas, de 24 anos, sempre foi o tipo determinado. Ele tinha recentemente conquistado uma posição de destaque na empresa onde trabalhava, e os amigos viam nele um exemplo de sucesso. Mas Rafa, de 22, não estava tão satisfeito com o caminho que a vida parecia estar tomando. Nada dava certo para ele, e, frustrado, costumava dizer que era “azarado” e que sucesso era questão de sorte. Já Bianca, com 19 anos, estava confusa, sem saber muito bem para qual lado ir e se deveria acreditar no esforço ou no destino.
Lucas
riu e falou:
— Ah, “azarado”, é? Vai me dizer que tudo o que acontece de
ruim na sua vida é culpa da má sorte, Rafa?
Rafa
suspirou e deu de ombros.
— Cara, é fácil pra você falar. Você teve sorte. Conseguiu
aquela vaga lá porque conhecia o chefe da empresa. Se isso não é sorte, então o
que é?
Lucas
balançou a cabeça, tentando conter o riso.
— Sabe o que é, Rafa? As pessoas adoram acreditar que é
sorte. Mas não viram as noites que passei estudando, os cursos que fiz, às
vezes que bati na porta e levei um “não” na cara. Só que eu continuei, entende?
Não foi sorte que me levou até aqui, foi insistência.
Bianca,
que até então estava em silêncio, ergueu os olhos.
— Mas, Lucas, você acha que esforço é tudo? Às vezes,
parece que algumas pessoas só precisam estar no lugar certo na hora certa. Eu
fico meio perdida com isso, pra ser sincera.
Lucas
sorriu para ela, tentando explicar do jeito mais claro possível.
— Olha, Bia, eu não vou mentir. Estar no lugar certo ajuda, mas se você não estiver preparada e não for determinada para permanecer no lugar "certo" até que seja reconhecida, de nada adianta estar lá. Você só está pronto para aproveitar uma oportunidade quando já vem se
preparando há muito tempo. É igual estudar para uma prova. Quem não estuda e
tira uma boa nota porque adivinhou todas as respostas, isso é sorte, vai
acontecer uma vez na vida. Agora, quem se prepara, consegue tirar notas boas
várias vezes.
Rafa
balançou a cabeça, não parecendo convencido.
— Sei lá, Lucas. Eu já tentei tanto, mas parece que nada dá
certo pra mim. Não adianta me matar de estudar, de tentar… Sempre tem alguém
que consegue mais rápido porque nasceu “sortudo”.
Lucas
suspirou e pensou por um momento antes de responder.
— Rafa, se você coloca a culpa na “sorte” dos outros, é
como se estivesse dizendo que você não tem nenhum controle sobre a sua vida. E
isso não é verdade. É só mais confortável pensar assim. A real é que sucesso é
uma questão de persistência, mesmo quando o resultado demora pra aparecer.
Bianca
olhou para o Rafa, pensativa, e arriscou:
— Rafa, talvez você só esteja olhando pro palco, sabe? Pro
brilho que o Lucas tem agora. Mas será que você viu o que ele passou até chegar
aqui?
Lucas
assentiu, agradecendo a tentativa de apoio de Bianca.
— É isso, Bia! E mais, Rafa, lembra das vezes que você
parou porque achou que ia dar errado? Talvez o que faltou foi só continuar. Não
estou dizendo que é fácil. Mas se você sempre parar no primeiro obstáculo, nunca vai
saber até onde poderia ter ido.
Rafa
suspirou, pensativo, enquanto brincava com o canudo do refrigerante.
— É, talvez você esteja certo. Acho que estou com medo de
me esforçar e, no final, não dar em nada de novo.
Lucas
sorriu, e Bianca também parecia mais animada.
— Rafa, todo mundo tem medo. E às vezes vai dar errado,
sim. Mas o que você prefere: arriscar e ver onde dá ou passar a vida dizendo
que foi falta de sorte?
Depois
de um longo silêncio, Rafa soltou um riso fraco e levantou o copo, como em um
brinde:
— Ok, ok, eu entendi a lição! Vou tentar de novo… mas se eu tiver sucesso, vou dizer que foi um pouquinho de sorte também, só pra te irritar.
Bianca olhou para Lucas, com olhar de agradecimento e falou:
— Sabe, Lucas, eu estava com algumas dúvidas sobre como chegar ao sucesso, mas, te ouvindo, aprendi que nada vem por acaso, tudo é resultado de minhas ações. E esses resultados podem ser tanto positivos quanto negativos, só vai depender de como vou encarar minha vida daqui pra frente. Obrigada!
Eles
riram e brindaram, em uma promessa silenciosa de que dali pra frente iam
enfrentar a vida com mais vontade. Afinal, se a sorte tinha algum papel, eles
estavam dispostos a criar o próprio caminho para encontrá-la.
A
conversa entre Lucas, Rafa e Bianca foi uma troca sincera sobre sucesso,
esforço e aquele velho dilema da sorte. Lucas, que havia conquistado seu espaço
com muita determinação, mostrou aos amigos que, por trás das conquistas,
existia uma longa trajetória de trabalho e persistência, algo que muita gente
não vê. Para ele, sorte pode até dar uma ajudinha, mas só funciona pra quem já
está em movimento, preparado e pronto pra aproveitar as oportunidades que
surgem. Já Rafa, frustrado com os tropeços, enxergava a sorte como o único
fator decisivo, usando essa crença para justificar as dificuldades e aliviar a
pressão de tentar de novo. E Bianca, indecisa, estava no meio do caminho,
tentando entender o quanto de sua vida estava em suas mãos e quanto dependia do
acaso.
No
fim das contas, a moral da história é que sucesso tem mais a ver com disposição
para seguir em frente do que com fatores externos. A sorte, por mais que
exista, parece gostar de quem já está em busca, de quem não desiste ao primeiro
sinal de dificuldade. A grande lição? Para alcançar qualquer coisa, é preciso
se permitir, tentar, cair, levantar e insistir, sem depender de um “golpe de
sorte” para dar o primeiro passo. Quem acredita que tudo é questão de sorte
geralmente é quem desistiu de tentar — e, muitas vezes, esse é o verdadeiro
fracasso.
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