Acordei de novo com
aquela sensação. Um peso no peito, um nó na garganta. Já nem sei se é tristeza,
cansaço ou os dois. Só sei que está lá, firme e pesado. Pior é que nem
aconteceu nada, sabe? Não tem um motivo claro, uma razão óbvia. É só essa coisa
aqui dentro, me puxando para baixo.
“Por que eu sou assim?” É a pergunta que me faço todo dia. E, claro, nunca tenho
uma resposta. Tento continuar, finjo que está tudo bem, mas a verdade é que eu
estou cansado. Cansado de lutar contra algo que eu nem sei como explicar.
Às vezes penso nos meus amigos. Eles dizem que se importam, que eu deveria conversar. Mas e se eu falar e ninguém entender? E se acharem que é drama? Pior ainda, e se eu não souber explicar direito?
“Fala com alguém”,
dizem. Como se fosse fácil. Eu tento me convencer que é só mais uma fase, que
vai passar. Só que já faz tanto tempo... E se não passar?
Eu
me pego nesse ciclo, como um disco arranhado. Pensando, repensando, remoendo. “Você
só está exagerando,” eu me digo. Só que, no fundo, não parece exagero.
Parece real. Muito real.
Hoje
de manhã me olhei no espelho. Estava lá a mesma pessoa, mas era como se eu não
me reconhecesse. Aquele olhar vazio, o sorriso forçado que eu mostro para as
pessoas. Parece outra versão de mim, uma que eu nem gosto de ser.
“Você
precisa fazer alguma coisa,” eu digo para mim mesmo. Mas o quê? Como é que
eu resolvo algo que eu nem sei por onde começar?
Eu
lembro da minha mãe. Ela sempre diz: “Você não precisa ser forte o tempo
todo.” E talvez ela tenha razão. Talvez eu tenha confundido força com
silêncio. Eu sempre achei que admitir fraqueza era o mesmo que perder. Mas será
que é mesmo?
Sento
na cama e olho para o chão. Está tudo tão bagunçado, assim como eu. Minha mente
parece um quarto que nunca consigo arrumar. Cada pensamento jogado num canto,
cada sentimento acumulando poeira.
Então
penso: “Se alguém entrasse na minha cabeça, o que veria?” Provavelmente
o caos. Uma mistura de medo, vergonha e solidão.
Tenho
tanto medo de ser um peso para os outros. E se eu falar e eles não souberem o
que fazer? E se eu atrapalhar a vida de quem eu amo? Esses pensamentos são como
âncoras, me segurando onde eu estou, sem sair do lugar.
Mas,
ao mesmo tempo, eu sei que não dá para continuar assim. Não posso ficar parado,
esperando que algo mude sozinho. Nada muda sozinho, não é?
Então
me pergunto: “E se você tentasse? Só uma vez. E se desse uma chance?”
Só
de pensar nisso, meu coração acelera. Dá medo, claro que dá. Mas o que é pior?
Ficar nesse buraco ou tentar sair?
“Conversa com alguém,” eu digo, quase como um sussurro. Talvez um amigo, talvez
um profissional. Não importa quem, desde que eu fale.
E
aí lembro de outra coisa que minha mãe sempre diz: “Coragem não é ausência
de medo. É agir apesar dele.”
Talvez
seja isso que eu precise: coragem. Coragem para admitir que não consigo
sozinho. Coragem para aceitar que está tudo bem pedir ajuda.
Porque,
no fundo, eu sei que ninguém nasce sabendo lidar com tudo. Ninguém é uma ilha.
E, se tem algo que eu aprendi com a vida, é que os momentos mais difíceis não
foram feitos para a gente passar sozinho.
Eu
levanto e vou até o celular. Abro o contato de um amigo e fico encarando a
tela. Meu dedo paira sobre o botão de enviar mensagem.
“Vai
lá,” eu digo para mim mesmo. “É só um passo. Um pequeno passo.”
“E
se ele não responder?”, eu penso. Não, isso não vai acontecer. Ele é meu
amigo. E amigo ajuda outro amigo. É difícil para mim, mas eu preciso que alguém
acredite em mim. É difícil para mim aceitar que preciso de você.
E,
de repente, eu sinto algo que há muito tempo não sentia: uma pontinha de
esperança. Talvez, só talvez, isso seja o começo. O começo de sair desse quarto
bagunçado, dessa mente cheia de dúvidas.
Envio
a mensagem. São 4 horas. É madrugada. E, pela primeira vez em muito tempo,
sinto que não estou sozinho. Talvez o silêncio tenha finalmente encontrado sua
voz. E essa voz sou eu.
Será
que a mensagem chegou? Ele ainda não visualizou.
.-.-.-.-.
Sabe
aquela mensagem que você recebeu e deixou para responder depois? Pode parecer
só um “oi”, mas, para quem enviou, pode ser um pedido de ajuda silencioso. Às
vezes, quem está lutando contra algo difícil não tem forças para explicar. Um
simples “tudo bem?” pode fazer toda a diferença.
Amigo
não é só para rir junto nas festas ou compartilhar as vitórias. Amigo é também
quem está lá no silêncio, nas horas complicadas. Não precisa ter as palavras
certas ou resolver os problemas do outro. Muitas vezes, só escutar já é o
suficiente. Mostrar que você se importa pode ser o fio de luz que alguém
precisa para acreditar que não está sozinho.
Então,
não espera a “hora certa” para responder. Seja aquele que dá a mão, mesmo que
seja com uma mensagem curta. Pequenos gestos salvam. Pequenos gestos mostram
que você se importa. E, às vezes, é tudo o que alguém precisa para seguir em
frente.
Essa história narrada acima, não sou eu, mas poderia ser. Será que alguns de meus amigos responderiam meu "oi"? E seus amigos? Responderiam? Você responderia? Não deixe de responder um "oi" de seu amigo, irmão, primo ou qualquer pessoa que faça parte de sua vida, para depois. Pode ser tarde.
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