sexta-feira, 17 de outubro de 2025

Hoje, procure voar, mesmo que não tire os pés do chão.

 
            — Outro dia, meu avô me disse uma coisa que não sai da minha cabeça: “Hoje, procure voar, mesmo que não tire os pés do chão.” Fiquei pensando... o que será que ele quis dizer com isso? Voar sem sair do chão? Como assim?

— Ah, essa é boa demais! Parece enigma de filme, né? Mas quando você entende, faz um sentido enorme. É tipo um convite pra sonhar acordado, pra deixar a mente dar umas voltas pelo mundo.

— Sonhar acordado? Sempre ouvi que isso era coisa de gente distraída, que vive nas nuvens. Me ensinaram a ser realista, pé no chão.

— É, só que ninguém disse que uma coisa exclui a outra. Ter os pés no chão é importante, claro — é saber onde você tá, o que pode fazer, o que precisa cuidar. Mas “voar” é outra coisa... é sobre deixar a cabeça leve, viajar nas ideias, mesmo parado.

— Tipo o quê? Ter grandes ambições? Sonhar em ser astronauta ou presidente?

— Pode ser, mas não precisa ser tão grandioso. Voar é sobre abrir espaço na mente. É permitir-se imaginar o novo, criar, sonhar um pouquinho — mesmo que o corpo continue no mesmo lugar.

— Hmmm... tá. Me dá um exemplo.

— Pensa quando você tá lendo um livro e entra tanto na história que parece estar lá dentro. Seus pés estão firmes no chão, mas sua mente já foi pra outro mundo. Isso é voar.

— Entendi. É tipo ver um filme e se imaginar o herói... mesmo que o único movimento seja levantar o balde de pipoca. Aliás, uma vez tentei fazer uma pose de super-herói na cozinha e... boom, o chão ficou coberto de pipoca. Um desastre épico!

— (Risos) Tá vendo? É exatamente isso! É mergulhar em outra realidade por uns minutos. E nem precisa de filme. Pensa na música. Quantas vezes você colocou o fone, fechou os olhos e foi parar em outro lugar?

— Nossa, várias! Às vezes tô só indo à padaria e, do nada, a música transforma tudo. Viro protagonista de um clipe na minha cabeça.

— Aí está o voo! Esse tipo de viagem é combustível pra alma. E a criatividade também é um tipo de voo, sabe? Quando surge uma ideia diferente — um projeto, um desenho, uma história — é sua mente batendo asas.

— É, mas é nessa hora que alguém sempre fala: “Ah, para de sonhar, isso nunca vai dar certo.”

— Exato! E é aí que entra o “não tirar os pés do chão”. Você sonha, mas também pensa em como transformar o sonho em realidade. “Por onde eu começo? O que preciso aprender? Quem pode me ajudar?” É esse equilíbrio entre o sonho e a ação que muda tudo.

— Então, voar é a faísca... e os pés no chão são o que mantém o fogo aceso?

— Perfeito. É exatamente isso. Se você só voa, se perde. Se só pisa firme, seca. É o voo que colore a vida, que faz a rotina parecer menos cinza. Lembro de uma época em que eu tava desanimado com a escola. As aulas pareciam eternas, nada fazia sentido.

— E o que você fez?

— Comecei a imaginar como seria se eu criasse um jogo sobre a matéria de História. Em vez de decorar datas, os jogadores viveriam os acontecimentos. De repente, a aula ficou divertida. Eu comecei a prestar atenção só pra pegar ideias.

— Genial! Você transformou tédio em curiosidade. Não saiu da sala, mas voou longe. E quem sabe essa ideia não vire real um dia?

— Talvez. Mas só o fato de ter imaginado já me fez bem. O dia ficou mais leve. Parecia que eu tinha achado um atalho pra respirar. E esse atalho tá disponível pra todo mundo. Não precisa pagar, não precisa de internet, nem de wi-fi. É só se permitir pensar: “E se...?”

— “E se eu aprendesse violão?” “E se eu escrevesse um texto?” “E se eu tentasse uma receita nova?”

— Isso! Cada “e se?” é o começo de um voo. Alguns duram pouco, outros mudam a vida.

— Engraçado... a gente acha que “voar” é fazer algo enorme, mas pelo visto pode ser algo bem simples, né?

— Total. Voar pode ser olhar pro céu e imaginar formatos nas nuvens. Pode ser planejar uma viagem que ainda tá longe. O simples ato de imaginar já é um voo.

— Isso me lembra quando eu era criança. Qualquer caixa de papelão virava foguete, carro, castelo... A gente vivia voando e nem percebia.

— Pois é. A gente cresce e vai guardando as asas na gaveta. O medo de errar, de parecer bobo, de não dar certo... tudo isso vai pesando e deixando a gente mais preso. Às vezes, é preciso escutar nossa criança interior, deixá-la se divertir.

— Então a frase do meu avô é tipo um lembrete pra não deixar as asas enferrujarem?

— Exatamente. É um lembrete pra não parar de imaginar, mesmo quando tudo parece pesado. Porque às vezes, um pequeno voo mental já muda o dia.

— Tipo fechar os olhos e pensar em algo que me faz bem. Ou num lugar que quero conhecer. Ou numa coisa que quero aprender. Dá um gás, né?

— Dá. É como se a alma respirasse. Um descanso invisível no meio da bagunça da vida.

— Bonito isso. Um superpoder que todo mundo tem, mas quase ninguém usa.

— É isso mesmo. Criar mundos dentro da cabeça é liberdade pura. Mesmo quando a realidade tenta te prender, você pode voar pra dentro de si e se reencontrar.

— Engraçado... tudo isso começou com uma frase simples. Agora entendo o que o vô quis dizer. “Procure voar” não é sobre asas — é sobre manter a mente viva.

— E aí? Vai pensar em quê quando ouvir isso de novo?

— Em livros, músicas, ideias... e, claro, em pipocas voando pela cozinha. Porque tem voos que valem a bagunça.

— (Gargalhada) E essa é a melhor parte: a bagunça que a criatividade deixa. 

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Voar, no fundo, não é fugir da realidade. É enxergá-la com olhos mais leves.

A frase “Hoje, procure voar, mesmo que não tire os pés do chão” é um lembrete para nunca deixar morrer o lado sonhador — aquele que transforma dias comuns em momentos especiais.

Manter os pés no chão é preciso, mas deixar a mente voar é o que dá cor à vida. É o que faz a gente continuar, mesmo quando o mundo parece cinza.

E o mais bonito é que esse voo não custa nada. Ele nasce dentro da gente, toda vez que escolhemos imaginar, criar, sentir — mesmo que o corpo continue parado.

Então, me diz, pra onde você vai voar hoje?

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