
— Outro dia,
meu avô me disse uma coisa que não sai da minha cabeça: “Hoje, procure voar,
mesmo que não tire os pés do chão.” Fiquei pensando... o que será que ele quis
dizer com isso? Voar sem sair do chão? Como assim?
— Ah, essa é
boa demais! Parece enigma de filme, né? Mas quando você entende, faz um sentido
enorme. É tipo um convite pra sonhar acordado, pra deixar a mente dar umas
voltas pelo mundo.
— Sonhar acordado? Sempre ouvi que isso era coisa de gente distraída, que vive nas nuvens. Me ensinaram a ser realista, pé no chão.
— É, só que
ninguém disse que uma coisa exclui a outra. Ter os pés no chão é importante,
claro — é saber onde você tá, o que pode fazer, o que precisa cuidar. Mas
“voar” é outra coisa... é sobre deixar a cabeça leve, viajar nas ideias, mesmo
parado.
— Tipo o
quê? Ter grandes ambições? Sonhar em ser astronauta ou presidente?
— Pode ser,
mas não precisa ser tão grandioso. Voar é sobre abrir espaço na mente. É
permitir-se imaginar o novo, criar, sonhar um pouquinho — mesmo que o corpo
continue no mesmo lugar.
— Hmmm...
tá. Me dá um exemplo.
— Pensa
quando você tá lendo um livro e entra tanto na história que parece estar lá
dentro. Seus pés estão firmes no chão, mas sua mente já foi pra outro mundo.
Isso é voar.
— Entendi. É
tipo ver um filme e se imaginar o herói... mesmo que o único movimento seja
levantar o balde de pipoca. Aliás, uma vez tentei fazer uma pose de super-herói
na cozinha e... boom, o chão ficou coberto de pipoca. Um desastre épico!
— (Risos) Tá
vendo? É exatamente isso! É mergulhar em outra realidade por uns minutos. E nem
precisa de filme. Pensa na música. Quantas vezes você colocou o fone, fechou os
olhos e foi parar em outro lugar?
— Nossa,
várias! Às vezes tô só indo à padaria e, do nada, a música transforma tudo.
Viro protagonista de um clipe na minha cabeça.
— Aí está o
voo! Esse tipo de viagem é combustível pra alma. E a criatividade também é um
tipo de voo, sabe? Quando surge uma ideia diferente — um projeto, um desenho,
uma história — é sua mente batendo asas.
— É, mas é
nessa hora que alguém sempre fala: “Ah, para de sonhar, isso nunca vai dar
certo.”
— Exato! E é
aí que entra o “não tirar os pés do chão”. Você sonha, mas também pensa em como
transformar o sonho em realidade. “Por onde eu começo? O que preciso aprender?
Quem pode me ajudar?” É esse equilíbrio entre o sonho e a ação que muda tudo.
— Então,
voar é a faísca... e os pés no chão são o que mantém o fogo aceso?
— Perfeito.
É exatamente isso. Se você só voa, se perde. Se só pisa firme, seca. É o voo
que colore a vida, que faz a rotina parecer menos cinza. Lembro de uma época em
que eu tava desanimado com a escola. As aulas pareciam eternas, nada fazia
sentido.
— E o que
você fez?
— Comecei a
imaginar como seria se eu criasse um jogo sobre a matéria de História. Em vez
de decorar datas, os jogadores viveriam os acontecimentos. De repente, a aula
ficou divertida. Eu comecei a prestar atenção só pra pegar ideias.
— Genial! Você transformou tédio em curiosidade. Não saiu da sala, mas voou longe. E quem sabe essa ideia não vire real um dia?
— Talvez. Mas só o fato de ter imaginado já me fez bem. O dia ficou mais leve. Parecia que eu tinha achado um atalho pra respirar. E esse atalho tá disponível pra todo mundo. Não precisa pagar, não precisa de internet, nem de wi-fi. É só se permitir pensar: “E se...?”
— “E se eu
aprendesse violão?” “E se eu escrevesse um texto?” “E se eu tentasse uma
receita nova?”
— Isso! Cada
“e se?” é o começo de um voo. Alguns duram pouco, outros mudam a vida.
—
Engraçado... a gente acha que “voar” é fazer algo enorme, mas pelo visto pode
ser algo bem simples, né?
— Total.
Voar pode ser olhar pro céu e imaginar formatos nas nuvens. Pode ser planejar
uma viagem que ainda tá longe. O simples ato de imaginar já é um voo.
— Isso me
lembra quando eu era criança. Qualquer caixa de papelão virava foguete, carro,
castelo... A gente vivia voando e nem percebia.
— Pois é. A
gente cresce e vai guardando as asas na gaveta. O medo de errar, de parecer
bobo, de não dar certo... tudo isso vai pesando e deixando a gente mais preso. Às vezes, é preciso escutar nossa criança interior, deixá-la se divertir.
— Então a
frase do meu avô é tipo um lembrete pra não deixar as asas enferrujarem?
—
Exatamente. É um lembrete pra não parar de imaginar, mesmo quando tudo parece
pesado. Porque às vezes, um pequeno voo mental já muda o dia.
— Tipo
fechar os olhos e pensar em algo que me faz bem. Ou num lugar que quero
conhecer. Ou numa coisa que quero aprender. Dá um gás, né?
— Dá. É como
se a alma respirasse. Um descanso invisível no meio da bagunça da vida.
— Bonito
isso. Um superpoder que todo mundo tem, mas quase ninguém usa.
— É isso
mesmo. Criar mundos dentro da cabeça é liberdade pura. Mesmo quando a realidade
tenta te prender, você pode voar pra dentro de si e se reencontrar.
—
Engraçado... tudo isso começou com uma frase simples. Agora entendo o que o vô
quis dizer. “Procure voar” não é sobre asas — é sobre manter a mente viva.
— E aí? Vai
pensar em quê quando ouvir isso de novo?
— Em livros,
músicas, ideias... e, claro, em pipocas voando pela cozinha. Porque tem voos
que valem a bagunça.
—
(Gargalhada) E essa é a melhor parte: a bagunça que a criatividade deixa.
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Voar, no
fundo, não é fugir da realidade. É enxergá-la com olhos mais leves.
A frase
“Hoje, procure voar, mesmo que não tire os pés do chão” é um lembrete para
nunca deixar morrer o lado sonhador — aquele que transforma dias comuns em
momentos especiais.
Manter os
pés no chão é preciso, mas deixar a mente voar é o que dá cor à vida. É o que
faz a gente continuar, mesmo quando o mundo parece cinza.
E o mais
bonito é que esse voo não custa nada. Ele nasce dentro da gente, toda vez que
escolhemos imaginar, criar, sentir — mesmo que o corpo continue parado.
Então, me diz, pra onde você vai voar hoje?
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