
—
Ei, tu já percebeu como as promessas cansam? — soltei do nada, enquanto a gente
esperava o ônibus, sentados na mureta da praça.
—
Que papo é esse agora? Cansar? Que tipo de promessa? Tipo: “Prometo que vou te
pagar amanhã”?
—
Também, mas não só isso. Tô falando das promessas grandes, sabe? Aquela coisa
de “Eu juro que nunca vou te decepcionar” ou “Prometo que vou ser alguém
incrível”. Não parece tudo... meio ensaiado?
—
É... agora que tu falou assim, parece mesmo. A galera vive prometendo e, no
final, nada muda. Só alimenta expectativa.
— Exato! Eu ando pensando que as surpresas valem muito mais. Elas são reais, não precisam de anúncio, de cartaz luminoso. Elas só acontecem... e pronto.
