quarta-feira, 30 de outubro de 2024

Não deixe que seus medos atrapalhem seus sonhos. Ao contrário, divirta-se com eles.

 

Gabriel tinha 17 anos e estava naquela fase da vida em que parecia que todo mundo tinha as respostas certas… menos ele. Estava no terceiro ano e, entre provas, vestibular e as expectativas da família, sentia o peso de precisar saber exatamente o que queria da vida. A única coisa que sabia de verdade é que queria fazer algo grande, mas havia um problema: o medo. Medo de errar, de se decepcionar, de escolher o caminho errado.

Um dia, depois de uma aula sobre riscos e investimentos, o professor Ricardo percebeu que Gabriel estava quieto, pensativo, meio longe. Como um bom professor de economia e administração, ele sempre acreditou que a mente dos alunos precisava estar tão bem afiada quanto as contas que ensinava. Resolveu puxar conversa.

E aí, Gabriel, tudo bem? Você parece preocupado — disse Ricardo, com aquele tom meio descontraído.

Gabriel deu um meio sorriso, um pouco sem graça, mas decidiu falar a verdade.

— Ah, professor… É que eu tô com medo de fazer as escolhas erradas, sabe? Todo mundo fala que a gente tem que ir atrás dos nossos sonhos, mas, na prática, parece mais assustador. Fico pensando, e se eu errar? E se eu não for bom o suficiente?

O professor fez uma pausa, como quem já sabia exatamente o que dizer, mas preferiu deixar o jovem falar mais um pouco. Por fim, com uma calma que só anos de experiência trazem, ele respondeu:

— Sabe, Gabriel, esse medo que você está sentindo… ele é uma parte importante do processo. Sabe por quê? Porque ele mostra que você realmente se importa. Só que, ao mesmo tempo, o medo também pode virar uma armadilha se você der ouvidos demais a ele. Ele adora ser o chefe, o mandachuva da situação.

Gabriel sorriu de leve, meio confuso.

— Como assim, professor?

Ricardo se ajeitou na cadeira, mais próximo de Gabriel.

— Vou te contar uma coisa. O medo é um mestre, mas também é um bobo. Ele sempre tenta te assustar, mas a verdade é que ele não sabe o futuro. Então, por que não brincar com ele? Ao invés de deixá-lo ditar as regras, que tal se divertir com ele?

Gabriel franziu a testa, interessado.

— Se divertir com o medo? Como assim?

O professor sorriu.

— Quando o medo aparecer com aquele discurso de “e se der errado”, você pergunta para ele: “E se der certo?” Ao invés de ver o medo como uma parede, tenta ver como um trampolim. Cada vez que ele aparecer, é sinal de que você está chegando perto de algo importante. Lembre disso: ele só tem a força que você dá a ele. Você pode usar o medo como uma desculpa para não tentar… ou como um desafio para se jogar.

Gabriel ficou pensando nisso. Era a primeira vez que alguém dizia que o medo não precisava ser o vilão da história.

— Nunca pensei por esse lado, professor… Acho que sempre vi o medo como um problema. Como se ele fosse um obstáculo que eu tivesse que vencer pra poder seguir em frente.

Ricardo balançou a cabeça.

— E é um pouco isso, mas sabe o que é engraçado? O medo também pode te ajudar a ir mais longe. Todo grande projeto que eu já vi começou com alguém que estava com medo, mas que decidiu fazer mesmo assim. A diferença é que eles aprenderam a rir do medo e seguir em frente.

Talvez… eu precise aprender a rir também, então, né? — Gabriel sorriu, um pouco mais confiante.

O professor deu um tapinha amigável nas costas dele.

— É isso, Gabriel. Da próxima vez que o medo aparecer, lembre: ele está ali só para te desafiar. Dá uma risada e segue o jogo. Quem sabe ele não te ajude a descobrir até onde você pode ir.

Saindo da sala, Gabriel sentiu que algo havia mudado. O medo não havia sumido, mas agora parecia uma companhia menos assustadora. Afinal, se ele podia se divertir com o medo, então talvez, só talvez, ele estivesse mais perto dos seus sonhos do que pensava.

O professor buscou ensinar Gabriel a ver o medo como um aliado, e não um obstáculo. Ao invés de se deixar paralisar, Gabriel deveria usar o medo como motivação, percebendo que ele aparece justamente nos momentos que importam. O medo, afinal, indica que ele está prestes a se desafiar e a crescer.

A lição também foi sobre mudar a perspectiva: o professor mostrou ser possível enfrentar o medo com leveza, até humor. Ao perguntar “e se der certo?” Gabriel poderia transformar sua insegurança em empolgação e usar o medo para impulsioná-lo rumo aos seus sonhos.

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