—
Eu tava pensando… será que não é melhor desistir logo antes de passar vergonha
e ser zoado?
—
Nossa, que energia boa pra uma terça-feira, hein? Se hoje você já tá assim,
imagina como vai tá amanhã.
—
É sério! Toda vez que eu tento alguma coisa, alguém aparece pra dizer “não vai
dar certo”. Parece que ficam na espreita só pra me colocar pra baixo.
—
E você acredita?
—
Quase sempre. É como se a frase viesse com selo de verdade.
—
Então você tá fazendo errado. Essa frase só vale se você acreditar nela. Se
você der “vida” pra ela.
—
Como assim “fazer errado”? Não é melhor ouvir os mais experientes?
— Ouvir, sim. Viver a vida inteira debaixo do guarda-chuva de outra pessoa, não. Às vezes, se molhar faz bem.
—
Mas e se a pessoa souber mesmo do que tá falando?
—
Então você filtra. É tipo pegar um pacote de pipoca: você tira os grãos
queimados e come o resto. Você precisa selecionar o que vale a pena ouvir e o
que é melhor deixar passar batido.
—
Você sempre ignora os “não vai dar certo”?
—
Nem sempre. Mas eu nunca aceito de primeira. Já vi gente desistir de coisas
incríveis porque alguém falou, com cara séria, que era perda de tempo.
—
Tipo o quê?
—
Um amigo meu queria abrir uma barraquinha de cachorro-quente. Disseram pra ele:
“Isso não dá dinheiro”, você vai perder tudo o que investir. Ele fez mesmo
assim. Hoje, tem três carrinhos e um carro novo. Ah, e os que não acreditavam,
hoje vão lá pedir fiado.
—
Mas isso é sorte.
—
É ação. Sorte é só o nome bonito que a gente dá pro resultado de coragem somada
a esforço. Sucesso não depende de sorte, depende de acreditar em você.
—
Bonito isso… mas e quando é a nossa própria cabeça dizendo que não vai dar
certo? Fica aquela vozinha martelando o dia inteiro.
—
Ah, aí é pior. Porque a gente acredita sem contestar. Parece que a voz vem com
crachá de gerente da verdade. Mas temos que aprender a deixar ela falando
sozinha.
—
Então como é que você lida com isso?
—
Eu sempre me pergunto: “Qual é o pior que pode acontecer?”. Quase sempre, o
pior é menos assustador do que parece.
—
Mas tem coisas que podem acabar muito mal.
—
Tem. Mas também tem coisas que podem acabar muito bem. Só que a gente raramente
dá a mesma atenção pra elas. Normalmente damos mais atenção ao “não” do que ao
“sim”.
—
Parece papo motivacional…
—
E é. Mas é motivacional porque é real. Sabe quantas vezes eu ouvi que não ia
dar certo? Se eu tivesse anotado todas, já tinha publicado um livro.
—
E como você ia chamar esse livro?
—
“Histórias de quem não acreditou no não”.
—
Haha… e ia vender?
—
Talvez não. Mas pelo menos eu teria tentado, e isso já é melhor que morrer de
curiosidade. E vai que vira um best-seller?
—
Então pra você é assim: ouviu “não vai dar certo”, mas quer tentar… vai e
pronto?
—
Com responsabilidade, sim. Ninguém tá dizendo pra pular de paraquedas sem
paraquedas. Você precisa tá seguro do que vai fazer.
—
Tá, mas e se no final não der certo mesmo?
—
Pode acontecer, daí eu aprendo com o erro. E tento de outro jeito. É simples,
mas não é fácil.
—
E se der muito certo?
—
Aí eu aproveito, e ainda tenho a satisfação de ter calado um “não vai dar
certo” com resultado. E o melhor, a vitória é minha.
—
É, pensando bem…
—
Pensando bem nada, é vivendo bem. Porque no fim, a gente só se arrepende
daquilo que não tentou por medo do que podia dar errado. E pode acreditar, isso
é muito ruim.
—
Então quer dizer que o segredo é não acreditar de primeira naquilo que nos
dizem?
—
Isso. E continuar andando mesmo com gente gritando “vai dar errado” na beira da
estrada. Sabe por que colocam aquelas viseiras tapando a visão lateral dos
cavalos, quando estão puxando carroças? Para não se distraírem com o que tá
fora da estrada, mantendo o foco no trajeto.
—
Acho que eu vou começar a ignorar mais.
—
Não é ignorar… é escolher no que acreditar. É dar a palavra final pra você
mesmo e não pra quem deseja te ver fracassar.
—
Gostei disso. Dá até pra colocar numa camiseta.
—
Coloca. E escreve embaixo: “Comprei a ideia de alguém que não acreditou no
não”.
—
Fechado. E vou usar no dia que eu fizer alguma coisa que me disseram que não ia
dar certo.
—
Perfeito. Porque, no fim, a única pessoa que pode transformar essa frase em
realidade… é você.
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Quem
está lendo isso agora precisa entender: o “não vai dar certo” é só um aviso
opcional. Ele não é uma ordem, não é uma profecia, e muito menos uma sentença
final. Ele só tem força se você emprestar a sua.
As
pessoas vão sempre opinar, e a sua própria mente vai, às vezes, se tornar a maior
sabotadora. A questão é: você quer viver com base nas previsões dos outros ou
nas experiências que você mesmo cria?
A
vida é curta demais para ser decidida pelo medo. Então, da próxima vez que
ouvir “não vai dar certo”, faça um favor para si mesmo: agradeça, sorria e siga
tentando. Porque, se tiver que dar errado, que seja depois de você lutar — e
não antes de você começar.
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