Numa
tarde ensolarada, o professor Marcos (40 anos), do cursinho de informática,
resolveu falar sobre os golpes na internet, o que prendeu a atenção dos seus
alunos: uma turma com idades entre 13 e 20 anos.
—
Beleza, pessoal. Vamos direto ao ponto. Alguém aqui já viu algum anúncio na
internet prometendo dinheiro fácil? Tipo: “Ganhe mil reais em dois dias com
investimento digital”?
—
Ih, direto! Vi um esses dias. Era tipo: "Invista 100 e receba 1.000".
Quase cliquei! — comentou Michele, 16 anos.
—
Minha prima caiu num desses. Hackearam o Insta dela e usaram pra oferecer
"oportunidade de ouro" pros amigos. Fizeram ela de isca. — comentou
Luiz, 19 anos.
— Pois é, Michele e Luiz, está tudo muito mais fácil hoje. Não fácil para ganhar dinheiro, mas fácil para cair em golpe. A galera está criando site falso, perfil falso e até clonando conta de gente de verdade. E sabe o que é pior? Funciona.
—
Mas por quê, né? A pessoa vê que é mentira, não vê? — perguntou Luíza, 14 anos.
—
Então... não é tão simples, Luíza. A maioria dos golpes hoje não apela para a ignorância, apela para a emoção. Eles mexem com o nosso desejo de sair da
dificuldade, de ter uma virada rápida. E aí, quando você vê, já mandou o Pix.
—
Mas tem gente que é esperta e cai também. — comentou Maria, 20 anos.
—
Justamente! Porque o golpe é bem feito, Maria. Eles usam fotos reais,
depoimentos falsos bem escritos e ainda colocam urgência: “Últimas vagas”, “Só
hoje”, “Rende 300% em 24h”. É a pressa que te derruba.
—
E como que evita cair nisso aí? — perguntou Ana, 15 anos.
—
Primeira coisa, Ana: desconfia de tudo que parece bom demais. Sério. Não existe
dinheiro fácil. Se fosse tão simples, estava todo mundo rico. E outra: para que precisaríamos trabalhar se tudo fosse assim tão fácil?
—
Mas e quando é um amigo que manda? Aí a gente acredita, né? — perguntou
Michele.
—
Aí é que mora o perigo, Michele. Muita gente tem a conta invadida e nem percebe
na hora. Aí o golpista começa a mandar mensagens para os contatos, se passando
pela pessoa. “Ô, estou com um projeto de investimento aqui, bora entrar
comigo?”, e pronto. Parece real.
—
Minha prima mandou mensagem pra mim, jurando que era ela. Só que estava
diferente... muito formal. — comentou Luiz.
—
Isso é um sinal, Luiz. Se a pessoa nunca falou daquele jeito antes e, do nada,
está com um texto de pastor do WhatsApp ou corretor de investimento, desconfia.
Liga para a pessoa, manda áudio. Testa se é ela mesmo.
—
E sobre esses sites que vendem coisa barata demais? Tem tênis de mil reais por
cem. — arriscou Sofia, 14 anos, que até agora só prestava atenção.
—
Outro golpe clássico, Sofia. Eles criam sites iguais aos verdadeiros — até o
logo e as cores são copiadas. Mas, quando você paga, ou o produto nunca chega,
ou chega uma porcaria. Às vezes nem site é: é só uma página com o botão do Pix.
—
Aí já era, né? — perguntou Maria.
—
Totalmente, Maria. Dinheiro foi embora. E, mesmo que denuncie, é quase
impossível recuperar.
—
Tá, mas como que a conta da pessoa é hackeada? Isso me assusta. — disse Ana,
mostrando-se assustada.
—
Bom, tem vários jeitos, Ana. O mais comum é phishing — que é quando você clica
num link falso e coloca sua senha achando que é um site de verdade. Pronto,
entregou tudo.
—
Tipo aquele "Seu Instagram será desativado, clique aqui pra
confirmar"? — perguntou Maria.
—
Exatamente, Maria. Aquilo é um convite para o bandido entrar. E ainda tem os
que pedem o código do WhatsApp: “Oi, mandei um código para você por engano, me
manda aí?”. Se você manda, perde sua conta na hora.
—
Ah, eu já vi isso! Quase caí. — disse Júlia, 13 anos, que estava anotando todas
as dicas do professor.
—
Então, Júlia, aqui vão algumas dicas para não cair em golpe nem perder sua
conta:
• Nunca clique em link de mensagem que
parece estranha, mesmo que seja de amigo.
• Não confie só porque tem foto ou nome
conhecido.
• Ative a verificação em duas etapas
nas suas contas — principalmente nas redes sociais e no e-mail.
• Use senhas fortes e diferentes para
cada conta.
• Desconfie de ofertas boas demais.
• E, por favor: nunca mande código de
nada para ninguém!
—
A verificação em duas etapas ajuda mesmo? — questionou Luiz.
—
Ajuda muito, Luiz. Mesmo que o ladrão descubra sua senha, ele vai precisar do
segundo passo: um código enviado para o seu celular ou e-mail. Isso já bloqueia
muita invasão.
—
Professor, e esses jogos online, têm algum risco? — Luiz volta a perguntar.
—
Luiz, todo tipo de jogo que envolva dinheiro é considerado "jogo de
azar". Sabe por quê? Porque, normalmente, quem joga sempre perde. Muitas
vezes, a pessoa ganha, por exemplo, R$ 80,00 numa rodada, mas esquece de somar
o quanto já gastou até ganhar essa quantia — o que, com certeza, foi bem mais.
Ninguém, em sã consciência, vai criar um jogo para sair no prejuízo. Eles
apostam muito na ganância das pessoas. Normalmente, os jogos te deixam ganhar
alguma coisa nas primeiras rodadas, mas, logo depois, você começa a perder — e
a motivação por ter ganhado no início te faz continuar apostando, tentando
recuperar o que perdeu. É aí que o golpista te fisga. E, quando você vê, perdeu
tudo.
—
E, tipo... como que denuncia quando vê que é golpe? — perguntou Sofia.
—
Depende, Sofia. Se for em rede social, denuncia direto na plataforma. Se for um
site falso, dá para denunciar ao Procon e até na delegacia virtual. Mas o mais
importante é não repassar. Não seja o próximo elo da corrente.
—
Mas e quando o golpe é emocional? Tipo alguém fingindo que precisa de ajuda? —
perguntou Michele, olhando para os amigos.
—
Tem muito disso, Michele. Golpista que se passa por alguém em situação difícil,
manda áudio chorando, pede ajuda, e pronto — mexe com a gente. A dica é: nunca
ajude alguém só por mensagem. Sempre ligue, confira, confirme. Se possível, vá
até a casa da pessoa.
—
Nossa, quanta coisa! Tô até com medo agora de usar meu Instagram. — disse
Júlia, mostrando preocupação.
—
Não precisa ter medo, Júlia. Precisa ficar esperta. A internet é incrível, mas
está cheia de armadilhas. E, quanto mais você sabe, menos chance tem de ser
enganada. Vá atrás de informações, pesquise, leia. Se ainda assim houver
dúvidas, estarei sempre à disposição de vocês.
—
Tipo... cabeça no lugar, né? — comentou Luiz.
—
Exatamente, Luiz. E guardem isso aqui, ó: toda vez que tentarem te apressar,
provavelmente é golpe. Bandido não quer que você pense. Ele quer que você faça.
Agora. Sem parar para pensar. É aí que ele ganha.
—
Vou ativar a verificação hoje mesmo. — comentou Ana.
—
Boa, Ana! E ajude os outros também. Ensine seus pais, seus amigos, até a avó
que vive mandando receitas e fake news para as amigas. Quanto mais gente
consciente, menos gente sendo passada para trás.
—
Valeu demais por esse papo. Foi direto ao ponto. — disse Michele, satisfeita
com a aula especial do professor Marcos.
—
Estamos juntos! Lembrem sempre: o golpe está aí; cai quem está distraído.
Informação é o melhor antivírus que existe.
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No
fim das contas, cair num golpe não tem nada a ver com ser burro ou desatento.
Tem mais a ver com o momento. Quando a gente está apertado, querendo resolver a
vida, qualquer promessa de dinheiro fácil parece solução. E é aí que os
golpistas entram: oferecendo exatamente o que você mais quer ouvir, com a
urgência que te impede de pensar com calma. Eles estudam o comportamento
humano. E, enquanto a gente acredita que “comigo isso não acontece”, eles estão
armando o próximo bote.
A
real é que não existe fórmula mágica para ficar rico, nem “milagre digital” que
multiplica dinheiro com um clique. O único caminho seguro continua sendo o da
paciência, da atenção e da informação. Se uma proposta parece fácil demais,
duvide. Se alguém tenta te apressar, desconfie. E, se você não tiver certeza,
não faça. Melhor perder uma chance do que cair numa cilada. Ficar esperto hoje
é um tipo de proteção — igual usar capacete ou cinto de segurança.
Então,
guarda isso com você: o golpe só funciona quando a gente está distraído, com
pressa ou com esperança demais no lugar errado. Proteja suas contas, proteja
sua mente e proteja quem está perto de você também. Porque hoje o que mais
circula na internet não é dinheiro... são armadilhas disfarçadas de
oportunidade. E saber disso já é estar um passo à frente.
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