sábado, 12 de outubro de 2024

Não há como saber para onde quer ir, se tu nem mesmo sabe onde está?

 
            Clara e Mauro estavam sentados em uma cafeteria no centro da cidade. O barulho das pessoas ao redor era constante, mas não chegava a incomodar. As xícaras de café, já quase vazias, estavam sobre a mesa, e Clara mexia distraída na alça de sua bolsa, como se procurasse algo para dizer.

Sabe, Mauro — ela finalmente falou, olhando para o movimento do lugar — às vezes eu me sinto… como se estivesse presa, sem saber pra onde ir, sabe? Como se tivesse uma parede invisível me cercando.

Mauro olhou para ela, pensativo, e em seguida deu um gole no café, agora frio. Ele sabia exatamente do que Clara estava falando, mas demorou alguns segundos para responder.

É... eu entendo. Eu me sinto assim também. A gente vive num mundo cheio de expectativas, cobranças… tem que saber o que quer fazer da vida, decidir tudo, e rápido. Mas, pra ser sincero, eu nem sei direito onde estou agora. Como vou saber pra onde quero ir?

Clara soltou um suspiro aliviado. Era bom ouvir que ela não estava sozinha naquela confusão.

Sim! A gente é jogado no meio de tudo isso e esperam que saibamos automaticamente o que queremos, como se já devêssemos ter um plano perfeito desde o começo. Mas eu nem sei quem sou de verdade ainda… Como posso escolher o que fazer? Como vou decidir o futuro?

Mauro recostou-se na cadeira e olhou ao redor, como se buscasse alguma resposta nas paredes da cafeteria.

Acho que a gente tenta resolver o problema errado, sabe? Queremos chegar longe, fazer grandes coisas, mas… e se a gente não faz ideia de onde estamos agora? Como escolher um caminho sem saber o ponto de partida?

Clara ficou em silêncio por um momento, absorvendo as palavras dele. Ela observou as pessoas passando pela calçada, indo e vindo, cada uma com seu rumo. Sentia-se como se estivesse presa, enquanto o resto do mundo se movia em alta velocidade.

Acho que faz sentido — disse ela baixinho. — Talvez eu esteja tentando correr antes de aprender a andar. Fico preocupada com o futuro, mas... talvez eu deva primeiro descobrir onde estou. Quem sou. Quais são meus medos, minhas forças. Só assim vou saber pra onde ir.

Mauro sorriu, como se algo tivesse finalmente feito “clique” na cabeça dele também.

Exatamente. Às vezes a gente se perde tentando achar uma saída rápida, mas esquece que o importante é entender o presente. Porque, se você não sabe onde está agora, qualquer caminho vai parecer confuso.

Clara riu suavemente, como quem começa a enxergar a vida com um pouco mais de clareza.

Então, talvez a primeira coisa que eu preciso fazer não é descobrir o meu futuro, mas descobrir e entender o que e onde estou vivendo agora. E aí, quem sabe, as coisas comecem a fazer mais sentido, né?

Com certeza. — Mauro concordou. — As grades que a gente sente às vezes são só ilusões, coisas que criamos na nossa mente. Elas não têm poder real. E quando começamos a nos entender, essas barreiras ficam mais fáceis de derrubar.

Quando você começa a se entender, tudo fica mais claro. As decisões são mais conscientes, e os caminhos, mesmo que difíceis, fazem sentido. É como se você ligasse um GPS interno. Antes de pensar no destino, aprenda a se localizar. Só assim você conseguirá traçar o melhor caminho para chegar onde realmente deseja.

Então, se você ainda não sabe exatamente para onde ir, não se cobre tanto. Comece se perguntando: onde estou agora? E, a partir daí, cada passo começará a fazer sentido.

O barulho da cafeteria continuava, mas o silêncio entre Clara e Mauro era reconfortante. Eles não tinham todas as respostas, mas agora sabiam por onde começar.

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