Clara
e Mauro estavam sentados em uma cafeteria no centro da cidade. O barulho das
pessoas ao redor era constante, mas não chegava a incomodar. As xícaras de
café, já quase vazias, estavam sobre a mesa, e Clara mexia distraída na alça de
sua bolsa, como se procurasse algo para dizer.
— Sabe, Mauro — ela finalmente falou, olhando para o movimento do lugar — às vezes eu me sinto… como se estivesse presa, sem saber pra onde ir, sabe? Como se tivesse uma parede invisível me cercando.
—
É... eu entendo. Eu me sinto assim também. A gente vive num mundo cheio de
expectativas, cobranças… tem que saber o que quer fazer da vida, decidir tudo,
e rápido. Mas, pra ser sincero, eu nem sei direito onde estou agora. Como vou
saber pra onde quero ir?
Clara
soltou um suspiro aliviado. Era bom ouvir que ela não estava sozinha naquela
confusão.
—
Sim! A gente é jogado no meio de tudo isso e esperam que saibamos
automaticamente o que queremos, como se já devêssemos ter um plano perfeito
desde o começo. Mas eu nem sei quem sou de verdade ainda… Como posso escolher o
que fazer? Como vou decidir o futuro?
Mauro
recostou-se na cadeira e olhou ao redor, como se buscasse alguma resposta nas
paredes da cafeteria.
—
Acho que a gente tenta resolver o problema errado, sabe? Queremos chegar
longe, fazer grandes coisas, mas… e se a gente não faz ideia de onde estamos
agora? Como escolher um caminho sem saber o ponto de partida?
Clara
ficou em silêncio por um momento, absorvendo as palavras dele. Ela observou as
pessoas passando pela calçada, indo e vindo, cada uma com seu rumo. Sentia-se
como se estivesse presa, enquanto o resto do mundo se movia em alta velocidade.
—
Acho que faz sentido — disse ela baixinho. — Talvez eu esteja
tentando correr antes de aprender a andar. Fico preocupada com o futuro, mas...
talvez eu deva primeiro descobrir onde estou. Quem sou. Quais são meus medos,
minhas forças. Só assim vou saber pra onde ir.
Mauro
sorriu, como se algo tivesse finalmente feito “clique” na cabeça dele também.
—
Exatamente. Às vezes a gente se perde tentando achar uma saída rápida, mas
esquece que o importante é entender o presente. Porque, se você não sabe onde
está agora, qualquer caminho vai parecer confuso.
Clara
riu suavemente, como quem começa a enxergar a vida com um pouco mais de
clareza.
—
Então, talvez a primeira coisa que eu preciso fazer não é descobrir o meu
futuro, mas descobrir e entender o que e onde estou vivendo agora. E aí, quem
sabe, as coisas comecem a fazer mais sentido, né?
—
Com certeza. — Mauro concordou. — As grades que a gente sente às
vezes são só ilusões, coisas que criamos na nossa mente. Elas não têm poder
real. E quando começamos a nos entender, essas barreiras ficam mais fáceis de
derrubar.
Quando
você começa a se entender, tudo fica mais claro. As decisões são mais
conscientes, e os caminhos, mesmo que difíceis, fazem sentido. É como se você
ligasse um GPS interno. Antes de pensar no destino, aprenda a se localizar. Só
assim você conseguirá traçar o melhor caminho para chegar onde realmente
deseja.
Então,
se você ainda não sabe exatamente para onde ir, não se cobre tanto. Comece se
perguntando: onde estou agora? E, a partir daí, cada passo começará a fazer
sentido.
O
barulho da cafeteria continuava, mas o silêncio entre Clara e Mauro era
reconfortante. Eles não tinham todas as respostas, mas agora sabiam por onde
começar.
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