Paula e Sandro não eram amigos de infância, mas parecia que se conheciam desde sempre. Eles se conheceram na faculdade, em um daqueles momentos meio inusitados, quando ambos estavam presos em um trabalho em grupo que ninguém queria fazer. No início, eram só dois estranhos tentando resolver a tarefa. Mas, aos poucos, perceberam que tinham algo em comum: a vontade de fugir do comum. Não gostavam de seguir as regras rígidas que a vida muitas vezes impunha. Gostavam de ver o mundo de um jeito diferente, como se sempre houvesse uma cor escondida em meio ao cinza do dia a dia.
Uma
tarde, depois de um café rápido, Paula olhou para Sandro e disse:
—
E se a gente fizesse algo diferente hoje?
Sandro,
meio intrigado, perguntou:
—
Diferente como?
Ela
sorriu, aquele sorriso que dizia "confia em mim".
—
Vamos pular no meio da rua. Dançar como se não houvesse amanhã. Que tal?
Sandro
riu. Era uma ideia louca. Quem em sã consciência faria isso? Mas, ao mesmo
tempo, era exatamente o tipo de coisa que eles adoravam: quebrar a rotina, ser
um pouco maluco.
—
Beleza, Paula. Vamos nessa! — respondeu ele, com os olhos brilhando de
animação.
E
lá estavam eles, no meio da rua, rindo, dançando, pulando. Como se o mundo
tivesse parado só para assisti-los. Eles não se importavam com os olhares
curiosos dos poucos transeuntes que passavam. Na verdade, nem perceberam. Era
como se naquele momento, só existissem eles dois e o vento que balançava os
cabelos de Paula.
—
Sabe, Sandro — disse ela, enquanto girava, braços abertos como quem quer
abraçar o mundo — eu acho que o mundo precisa de mais loucura. Loucura boa,
entende? A gente vive tão preso, tão preocupado em seguir as regras, que
esquece de se jogar, de amar as pessoas ao nosso redor.
Ele
parou por um segundo, encarando o céu, onde um arco-íris tímido se formava
depois de uma breve chuva.
—
Você tem razão — disse Sandro, ainda com um sorriso no rosto — Às
vezes, a gente esquece o quão simples é ser feliz e fazer alguém feliz. Talvez
o mundo precise mesmo de mais gente que seja louca... louca uns pelos outros.
Paula
riu, um riso que era metade alegria, metade alívio.
—
Exatamente! — gritou ela. — Loucos uns pelos outros! É isso! Quem se
importa se estamos pulando e dançando no meio da rua? O que importa é que
estamos aqui, vivendo, rindo... e talvez, de alguma forma, inspirando alguém.
Eles
continuaram dançando, sem música, sem plateia. Só eles dois e o arco-íris ao
fundo. E no meio daquela loucura toda, eles perceberam que, no final das
contas, a vida era isso. Não sobre grandes conquistas ou metas inalcançáveis,
mas sobre momentos. Momentos simples, mas cheios de significado. Momentos que,
quando compartilhados, faziam todo o sentido.
Sandro
parou por um instante e disse:
—
Sabe, Paula, acho que precisamos fazer isso mais vezes. Não só com a gente, mas
com todo mundo ao nosso redor. Ser um pouco louco por quem a gente ama, por
quem precisa de um sorriso, de uma palavra amiga.
Paula
assentiu, com os olhos brilhando.
—
É isso, Sandro. A gente pode começar agora. Vamos ser loucos uns pelos outros,
sempre.
E
naquele momento, no meio de uma rua qualquer, cercados por flores e um
arco-íris que parecia ter surgido só para abençoar a cena, eles entenderam que
a verdadeira loucura não era o que estavam fazendo. A loucura de verdade era
viver sem se importar com os outros.
Então,
a mensagem é simples: seja um louco! Louco por fazer o bem, louco por acreditar
que o mundo ainda pode ser um lugar melhor, louco por amar as pessoas, por
cuidar dos seus amigos, da sua família, e até de desconhecidos. Porque, no fim,
o que a gente deixa de mais valioso não é o que a gente conquista pra si, mas o
que a gente faz pelos outros.
O
mundo não precisa de mais gente "normal", fechada no próprio mundo.
Precisa de loucos. Loucos uns pelos outros.
Nenhum comentário:
Postar um comentário