O
céu estava pintado de laranja e roxo, enquanto o sol se despedia no horizonte.
Sentados na areia da praia, Júlia e Luciano observavam o mar, em silêncio.
Aquele entardecer trazia uma paz que eles não encontravam em outros lugares.
Era o cenário perfeito para conversas mais profundas, do tipo que faz você
pensar na vida.
—
Sabe, se alguém perguntasse agora o que você mais ama, o que diria? — Luciano
quebrou o silêncio, sem tirar os olhos do mar.
— Ah, fácil! Amo minha família, meus amigos, desenhar... e claro, o mar. — Ela deu uma risadinha, achando a resposta óbvia.
Luciano
olhou para ela de canto de olho, como se estivesse prestes a dizer algo
importante, mas hesitou por um segundo.
— Tá, mas... e você? — Ele perguntou, num tom
mais sério.
—
Como assim, "eu"? — Júlia franziu a testa, sem entender.
—
Tipo... você se ama? — Ele continuou, agora virando-se totalmente para ela.
Júlia
deu uma risada nervosa, claramente desconfortável com a pergunta.
—
Ah, sei lá... Bom, claro que me amo, mas isso não parece meio... egoísta?
Luciano
balançou a cabeça e suspirou.
—
Não é egoísmo, Ju. A gente passa tanto tempo amando todo mundo ao nosso redor,
cuidando de tudo, que esquece da pessoa mais importante: a gente mesmo. Você
merece estar nessa lista também, sabe?
Júlia
ficou em silêncio, sentindo o peso das palavras dele. Nunca tinha pensado nisso
assim. Para ela, amar os outros era o mais importante, e se amar... bem, nunca
parecia ser uma prioridade.
—
Tá, mas... como é que eu faço para definir essa prioridade? — Ela perguntou,
quase sem perceber que estava pedindo ajuda. — Quer dizer, eu sempre coloquei
tudo e todos em primeiro lugar, será que consigo mudar isso, assim, fácil?
Luciano
deu um sorriso tranquilo, do tipo que vem de quem já pensou muito sobre o
assunto.
—
Você começa devagar. Quando errar, não se maltrate tanto. Quando fizer algo
legal, reconhece isso. Aos poucos, vai se dando o valor que merece. Amar a si
mesmo é entender que você não precisa ser perfeito pra ser digno de amor,
sacou?
Júlia
olhou para o horizonte, deixando as palavras dele ecoarem dentro de si. Ela
sempre foi a pessoa que estava lá para todo mundo, mas nunca tinha pensado que
talvez precisasse estar lá para ela mesma também.
—
Acho que nunca tinha parado pra pensar nisso... — Ela disse, ainda absorvendo o
que ele tinha falado.
—
Pois é. — Luciano respondeu, voltando a olhar para o mar. — E no dia que você
conseguir se colocar na lista das coisas que mais ama, vai ver como tudo muda.
Porque, se você não se amar, quem vai?
Ela
sorriu, mais leve, como se uma nova perspectiva tivesse surgido no meio daquela
conversa. O mar, o pôr do sol e as palavras de Luciano pareciam ter trazido um
novo sentido para aquele momento.
—
Talvez eu comece a me colocar na lista, então... — Júlia disse, brincando, mas
com um tom de seriedade que Luciano percebeu.
—
E deve, viu? — Ele disse, com um sorriso sincero. — Afinal, a pessoa que vai
estar com você a vida toda... é você.
O
sol continuava se pondo, pintando o céu de cores ainda mais intensas. E ali,
entre a brisa do mar e o som das ondas, Júlia sentiu que talvez fosse a hora de
aprender a se amar. Não de forma egoísta, mas de um jeito que finalmente a
incluísse na própria vida.
A
moral da história é que, em meio a tanto cuidado e amor que damos aos outros,
muitas vezes esquecemos de cuidar de nós mesmos. Amar a si mesmo não é egoísmo,
mas uma forma de se valorizar e reconhecer o próprio valor. Colocar-se na lista
das coisas que mais ama é essencial para viver de maneira mais plena e
equilibrada, pois, no final das contas, somos a pessoa que estará conosco em
todos os momentos da vida.
E
aí, você que está lendo este texto, quanto tempo você vai demorar para colocar o
seu nome na lista das coisas que ama?
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