Lucas
e Rafa estão caminhando por uma rua tranquila ao entardecer, se dirigindo até
ao supermercado comprar pão, conforme a mãe de Rafa havia pedido. Lucas parece
cabisbaixo, chutando pedrinhas no caminho. Rafa, percebendo o desânimo do
amigo, puxa assunto.
—
Cara, tá tudo bem? — Rafa pergunta, quebrando o silêncio.
Lucas
suspira. — Sei lá, Rafa. Sinto que minha vida tá desorganizada totalmente. Na
faculdade não consigo acompanhar as matérias, o que está me desmotivando a
continuar os estudos. No estágio, a rotina me dá sono e até já pensei em largar
tudo. E em casa, existem as cobranças... Nada parece dar certo.
— Às vezes penso sim, sabia? Parece que, quanto mais eu tento, mais tudo dá errado.
Rafa
para de andar e olha direto nos olhos do amigo. — Já ouviu falar que o jogo só
acaba no apito final?
Lucas
franze a testa, confuso. — E o que isso tem a ver comigo?
—
Tudo. A vida também tem seus “últimos minutos”, sabia? É aquele momento em que
tudo pode virar, mas só se você continuar jogando até lá.
—
E se esse último minuto nunca chegar? — Lucas rebate, desconfiado.
—
Ele chega. Sempre chega. O problema é que muita gente desiste antes de chegar
lá. É como sair do cinema antes do final do filme. Você nunca vai saber como
termina. E se você não souber aproveitar o momento, ele passa e, na maioria das
vezes, não volta.
Lucas
fica pensativo, chutando outra pedra. — Mas, Rafa, viver esperando um “último
minuto” não é meio ilusão?
—
Não é ilusão, Lucas. É esperança. E esperança não é ficar parado esperando as
coisas melhorarem sozinhas. É continuar caminhando, mesmo quando tudo parece
sem sentido.
Lucas
solta uma risada amarga. — Fácil pra você falar. Difícil é colocar isso em
prática.
—
Não é fácil não. Mas olha só: toda virada de jogo é sofrida. Aquele gol nos
acréscimos só acontece porque o jogador continua correndo até o último segundo,
acreditando, mantendo a esperança no resultado.
—
Tá, então você acha que o segredo é continuar, mesmo quando tudo diz pra parar?
— Lucas pergunta, sem muita convicção.
—
Exatamente. E sabe o que é mais interessante? Quando tudo fica mais difícil, é
porque você tá perto de algo grande. É como escalar uma montanha: o ar fica
mais pesado perto do topo.
Lucas
para por um instante, assimilando o que Rafa disse. — Nunca tinha pensado
assim. Mas e se eu tropeçar? E se der errado?
—
Tropeçar faz parte. Cair também. Mas o que importa é se levantar. Cada queda te
ensina como não cair da próxima vez.
Lucas
encara o horizonte, onde o sol se põe devagar. — Você fala como se já tivesse
vivido algo assim.
—
E já vivi. Teve uma época em que eu tava no fundo do poço. Quase desisti. Mas
continuei tentando, um dia de cada vez, e, de repente, tudo começou a mudar.
Não foi sorte. Foi persistência.
—
Então é isso? Continuar jogando até o último minuto? — Lucas pergunta, com um
brilho discreto nos olhos.
—
Isso mesmo. Não importa o placar, o que vale é não sair de campo antes do apito
final.
Lucas
sorri pela primeira vez em dias. — Beleza, Rafa. Vou tentar. Mas, se não der
certo, vou te cobrar.
—
Pode cobrar. Mas, quando der certo, quero que você lembre dessa conversa. O
último minuto sempre vale a pena.
O
diálogo entre Lucas e Rafa representa um cenário comum em nossas vidas:
momentos de dúvida e desânimo. Todos já nos sentimos como Lucas, achando que
não vale mais a pena continuar. No entanto, a conversa mostra a importância de
ter alguém que nos relembre o valor da esperança e da persistência,
especialmente quando tudo parece perdido.
Rafa
simboliza a voz da experiência e do otimismo, reforçando que os desafios são
parte do processo. Ele nos lembra que a vida é feita de tentativas, erros e
aprendizados, e que cada obstáculo superado nos deixa mais fortes. Mesmo nos
piores dias, há sempre uma possibilidade de transformação, desde que não
desistamos antes de alcançá-la.
Essa
troca nos inspira a refletir sobre a importância de resistir. A mensagem
central é clara: o "último minuto" existe para quem continua jogando.
É um convite para persistirmos e confiarmos no processo, acreditando que a
mudança pode acontecer a qualquer momento.
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