
—
Me diz uma coisa: até quando você vai ficar aí agarrado nessa página da vida,
como se fosse figurinha rara da Copa?
—
Ué, mas e se essa for a minha melhor página? Se eu virar, vai que só vem bomba
pela frente.
—
Ah, claro, porque a vida é tipo série ruim que só piora a cada temporada…
Relaxa! Às vezes o próximo capítulo é justamente aquele que salva a trama
inteira.
—
Fácil falar… E se virar a página e encontrar outro drama?
— Então você faz o quê? Chora, reclama, come um brigadeiro e segue em frente. Já percebeu que até nos livros mais tristes a gente não para de ler? É porque, no fundo, a gente quer saber como acaba.
—
Mas eu tenho medo. Vai que não consigo lidar?
—
Amigo, ninguém nasce com manual de instruções. Nem celular vem com tudo
explicado, imagina a vida! A gente vai aprendendo no improviso, virando a
página mesmo sem entender nada.
—
Mas e se eu falhar de novo?
—
Ué, falha mais uma vez, ora! Já percebeu que até videogame dá “continue”? A
vida também dá. Só não dá se você ficar parado olhando a tela.
—
Tá, mas virar a página dá um frio na barriga.
—
E quem disse que frio na barriga é ruim? Pensa na vez que você entrou na
montanha-russa. Você tremia, achava que ia morrer, e no fim saiu rindo feito
doido. É isso que a vida faz: assusta primeiro, diverte depois.
—
Mas e se o próximo capítulo for só tragédia?
—
Aí você ganha experiência, igual personagem de jogo. Sofreu? Ponto de
resistência. Levou fora? Ponto de coragem. Caiu? Ponto de superação. Tudo vira
experiência pra história ficar mais interessante.
—
Você fala como se fosse fácil.
—
Não é. Se fosse, todo mundo estaria vivendo aventuras incríveis e ninguém
estaria preso em páginas mofadas. Mas a diferença é que alguns encaram o medo
como porta, e outros como muro.
—
E você sempre encarou como porta?
—
Nem sempre. Já fiquei empacado em capítulos que pareciam novela mexicana:
choro, drama, aquela música triste de fundo. Mas um dia percebi que, se eu não
virasse a página, ia morrer sem saber o final da história.
—
Nossa, mas você nunca se arrependeu de virar?
—
Já. Mas mesmo assim aprendi. Até os capítulos ruins rendem boas histórias
depois. Sabe quando a gente ri lembrando da maior vergonha da vida? Pois é, se
eu tivesse parado ali, não teria essa piada pra contar hoje.
—
Então no fundo até os erros são parte da graça?
—
Exato! Já pensou uma história só de vitórias? Sem nenhum tropeço, sem nenhuma
surpresa? Ia ser tão chata quanto aquelas redações de escola.
—
Tá, mas e se eu não tiver coragem?
—
Coragem não cai do céu. A gente fabrica na marra. É tipo estudar na madrugada
antes da prova: você não quer, mas descobre que consegue.
—
Você fala de um jeito que até dá vontade de tentar.
—
Então tenta! Pensa que o próximo capítulo pode ter risadas novas, amigos
diferentes, até amores que você nunca imaginou. Mas só se você virar a página.
—
E se o final não for feliz?
—
Quem disse que existe “final feliz” padrão? A vida não é filme da Disney. Ela é
cheia de momentos felizes espalhados, e isso já é o suficiente.
—
Verdade… então o que importa é viver cada pedacinho.
—
Isso mesmo! A soma das páginas é o que faz sua história valer a pena. Não é
sobre o fim, é sobre o caminho.
—
Acho que entendi… “Tanta história para ser lida e vivida, e eu aqui com medo de
virar a página.”
—
Pois é! Se a vida fosse livro, você estaria aí preso em uma nota de rodapé.
Bora lá descobrir o resto da trama, antes que a tinta acabe.
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Virar
a página é mais do que coragem: é escolha de não se acomodar no mesmo
parágrafo. É rir dos tropeços, aprender com os erros e continuar escrevendo,
porque a vida só faz sentido quando está em movimento.
Cada
novo capítulo é uma chance de surpreender, de cair e levantar, de descobrir
personagens que mudam tudo. E sim, até as páginas mais doloridas são parte do
enredo que nos fortalece.
Por
isso, não fique preso em um pedaço da história. Vire a página, encare o frio na
barriga, ria dos próprios tropeços. Afinal, é melhor ter um livro cheio de
altos e baixos do que deixar a sua história inacabada na estante.
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