O Lucas estava largado
no sofá da sala, encarando o teto como se tivesse alguma resposta escrita lá. Moleque de 16 anos, cheio das crises existenciais (principalmente depois
de um dia daqueles na escola). Eu, tio João (50), estava de visita, tomando meu
cafezinho forte e segurando o riso da cara de fim do mundo dele.
—
Por que tudo dá errado pra mim, tio? — ele solta, com aquela voz de “tô
desistindo de tudo”.
Por
dentro eu ri, mas fiquei sério na pose.
— Lucas, eu já fui igualzinho você, cara. Só perguntava “por quê?”. Por que isso, por que aquilo, por que fulano foi grosso comigo… até que um dia, caiu a ficha: tem que perguntar menos “por quê?” e mais “pra quê?”.