Era
uma tarde quente. Pedro, 17 anos, estava sentado num banco no parque, mexendo
no celular e com uma cara meio triste. Ao lado dele, Clara, 22, universitária,
que costuma ser meio tagarela, tomava água e notou o clima do amigo.
—
Que foi, Pedro? Tá com cara de quem perdeu o sorteio do bife no almoço.
—
Ah... sei lá. Tô meio decepcionado. Postei no grupo que consegui a bolsa na
faculdade, e poucos curtiram. Teve até um que comentou de um jeito meio
debochado... Fiquei com a sensação de que ninguém ficou feliz por mim.
—
Sério que você tá se deixando abater por isso? Pedro, vou te falar uma coisa
que eu aprendi do jeito difícil: tem gente que não vibra com nada, nem ninguém,
nem por elas mesmas. Imagina pelos outros?
—
Ué, mas isso é o quê? Inveja?
— Nem sempre. Às vezes essa pessoa tá desgostosa com a própria vida, vivendo uma fase ruim, e ver alguém vencendo é doloroso pra ela. Já passei por isso. Quando consegui entrar na faculdade, fiquei toda animada, divulguei em todas as redes... Uma amiga, que eu considerava quase uma irmã, visualizou e não curtiu. Depois descobri que ela não tinha passado no vestibular. Tava pra baixo.